segunda-feira, 17 de julho de 2017

Os piratas de Maracaíbo!

Sempre gostei de ler. Não sei quando começou este amor, mas desde sempre que me lembro de devorar todo e qualquer livro que me caísse nas mãos. No colégio para onde entrei, depois da 4ª Classe, os monitores eram padres jesuítas e davam-me livros da vida dos santos para eu ler. A vida de D. João Bosco calhou-me não sei quantas vezes, mas não li uma linha, embora tivesse que fingir que lia durante horas.
Quando me achei senhor do meu nariz e lia aquilo que queria, tinha autores predilectos, como Emílio Salgari, e gostava de livros de aventuras e de piratas. E quem conhece piratas é obrigado a conhecer os sítios por onde eles andaram e que ficaram na História. As ilhas do Mar das Caraíbas, como Tortuga, e o Lago de Maracaíbo são dos lugares mais vezes mencionados pelos escritores deste tipo de aventuras.


E quem fala de Maracaíbo fala da Venezuela, país que não sai das notícias e pelas piores razões. Este país sempre teve uma história conturbada, dominado por ditadores, ora da direita ora da esquerda. Neste momento é o Maduro, sucessor de Chavez, comunista ferrenho que se mantém no poder contra a vontade do povo. Este fim de semana foi organizado um referendo com centenas de mesas de voto - inclusivé na Ilha da Madeira - para mostrar a este senhor que o povo venezuelano o quer ver pelas costas. Acredito que não vai servir de nada e a continuarem as dificuldades que os mais pobres enfrentam com a falta dos bens essenciais e a inflação galopante, não me admirava que esta situação possa degenerar numa guerra civil.


E aí voltamos à história dos piratas gente que à falta de melhor meio de vida se juntava para roubar. A ideia original era abordar os navios que zarpavam das costas americanas, carregados de ouro e outras riquezas, em direcção à Europa e aliviá-los da sua carga. O lago de Maracaíbo era um refúgio seguro para descanso dos piratas. Depois de alguns assaltos bem sucedidos era ali que iam gastar o dinheiro e gozar a vida. Acabado este voltavam ao mesmo de sempre.


O ouro de hoje é o petróleo e os piratas são os políticos que ocupam os palácios do governo e não precisam de ir esconder-se em Maracaíbo ou na Ilha das Tartarugas. E são mais difíceis de derrotar, pois não podem disparar-se contra eles os canhões, como antigamente. Na eleição que colocou Maduro no poder, o resultado foi de 50.2% contra 49.8%, mas admite-se que muito povo votou enganado ainda pelos discursos inflamados de Hugo Chavez, recentemente falecido. Nós, aqui na Europa, sabemos apenas aquilo que a imprensa e as notícias veiculadas pela internet trazem até nós. O que nisso há de verdade ou não, nunca o saberemos.


Resta-nos esperar que a situação evolua, que o Povo seja calmo e sereno e os políticos aprendam a respeitar a vontade desse Povo. Tal como foram capazes de construir uma ponte que liga as duas margens do lago, assim sejam também capazes de construir uma ponte de entendimento entre os governados e o seu governo que instale a paz no país de uma vez por todas.

4 comentários:

  1. E eu gosto de ler aquilo que escreves porque falas dos antigos piratas e dos actuais, acompanhado com mapas para não nos perdermos no caminho, eu gostaria também de pegar na G3, na MG42, na bazuca e no morteiro e ir ajudar aquela gente a serem livres de ditadores, já chega de sofrimento.

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  2. Apetece-me dizer Amém. A Rosa não conheceu o Maduro, mas ele bem dizia que ditaduras para ela, eram ditaduras viesses da esquerda ou da direita.
    Eu tal como o poeta digo que o nome já diz tudo Dita duras. Duras leis são ditadas para lixar os mais pobres.
    Um abraço

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  3. A ponte está lá. O teimoso é que talvez esteja onde não devia estar? Países governados por piratas que antes no mar assaltavam os barcos para roubarem o ouro que transportavam, não prosperam. Aquele Maduro, se fosse verde, se calhar era contratado por Bruno de Carvalho, para treinar o Sporting, Clube de Portugal. E se isso acontecesse seria bom, talvez, para o povo venezuelano, que não há meio de o deixarem viver em paz. E mais não disse. Obrigado pela excelente lição de pirataria. Boa segunda-feira. Um abraço!

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  4. A primeira vez que estive na Venezuela foi no verão de 1970 . Já nessa altura não se sabia muito bem que tipo de regime era aquele, na medida em que a corrupção estava quase generalizada e os assaltos uma constante ; sendo de salientar, que muitos dos policias constituíam uma cambada de ladrões ! Recordo, por exemplo, que nas portagens das auto-estradas se encontrava em permanência um policial armado de metralhadora a fim de evitar que a gatunagem se apoderasse da receita da respectiva cobrança ! Nos Parques de estacionamento dos hotéis mais conceituados e em relação a automóveis de valor elevado, tinha que se negociar com os arrumadores existentes a garantia de que na ausência do seu proprietário o veículo não era assaltado nem desaparecia ! Depois desse tempo, vários regimes se implantaram mas a insegurança e roubalheira nunca deixaram de existir e o salve-se quem puder foi-se perpetuando . Actualmente, o ditador que está à frente dos destinos da Venezuela é um homem impreparado e sem capacidade/nível para ocupar o respectivo lugar, mas não caiu do céu, uma vez ter sido eleito pela maioria dos venezuelanos, embora depois disso tenha frustrado as expectativas de alguns que o elegeram e feito tudo e mais alguma coisa para se manter no poder a qualquer custo/preço ; portanto, também aqui temos uma prova evidente da imprudência de quem vota, tanto lá como noutras partes do planeta . A situação que se vive naquele País é dramática e não está longe de entrar em autêntica guerra civil, cujas consequências serão, sem dúvida, da maior gravidade ; contudo, muitos dos que deviam e poderiam tomar decisões responsáveis, sem esquecer poder internacional, continuam a observar e permitir que tal ditador se mantenha imparável a fazer das suas ... . Um abraço .

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