quarta-feira, 12 de julho de 2017

Minhas ricas batatinhas!

Não sei como seria o mundo se não houvesse batatas. Não imagino a culinária sem este tubérculo de que eu tanto gosto. Desde pequeno que fui habituado a ver as batatas como uma espécie de conduto, se não havia mais nada para pôr no prato ... havia sempre batatas. Engordavam-se os porcos com batata, para quando chegasse a hora se meter o dente no porco. Ah, vida linda!


Se bem me lembro das lições que a vida me ensinou, semear 1 saco de batatas e colher 20 era a ambição de todo e qualquer lavrador. Agora ficam a chorar se há muita batata. Segundo eles, aumenta o trabalho (para as apanhar, armazenar e distribuir), mas diminuem os ganhos, pois não as conseguem vender ao preço que querem.
Dizem que os hipermercados, que são os grandes distribuidores através de todo o país, não abdicam das suas margens e, por conseguinte, quando os preços descem quem fica com o prejuízo é o produtor. Em teoria, sou obrigado a dar-lhes razão, pois as suas despesas para comprar e vender as batatas, tal e qual como qualquer outro produto, são sempre fixas. A rede de distribuição e os salários de todos os seu trabalhadores são fixos e não sobem ou descem conforme a safra da agricultura seja boa ou má.
O consumidor final. como eu, procura comprar o melhor que pode e já não me lembro de o preço de um saco de 20 Kgs de batatas subir acima de 8€, ou descer abaixo de 5€. O que quer dizer que a oscilação de preço anda aí pelos 50% para cima ou para baixo. Ora, se este ano a produção de batata for o dobro daquilo que é habitual, o lavrador acabará sempre por lucrar alguma coisinha com o excesso de produção. O que lhe dói é não conseguir vender toda a produção deste ano pelo preço conseguido o ano passado.
O que por vezes acontece nestes casos é que a dificuldade de escoamento pode levar os menos atentos a ficar com a mercadoria em casa e vê-la apodrecer à frente dos seus olhos. Neste, como em qualquer negócio, o segredo é saber quando vender, a ambição por maiores lucros pode redundar em grandes prejuízos.
Isto até parece uma lição de economia e faz-me lembrar de uma coisa que li em qualquer lado e que diz assim:
- A Economia é uma ciência que serve sobretudo para dar emprego aos economistas!

4 comentários:

  1. Coitados com consumidores como eu não se safavam. Não como batatas mais do que duas ou três vezes por ano. Nem na sopa as ponho. O marido é diabético, deve evitá-las e eu francamente não aprecio.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Eu gosta de batatas fritas, cozidas e assadas a murro com bacalhau, polvo ou chocos. Mas, o que mais gosto é de pão. E já não há pão como havia no tempo em que era cozido no forno a lenha e ninguém me diga de que isso não é verdade!
    E quanto a esse texto bem escrito como tu sempre bem sabes escrever, hoje referente a batatas. De mim merece o seguinte comentário. Haja com abundância ou não, os agricultores, comerciantes, os intermediários e outros homens de negócios nunca estão contentes!

    Sem batatas há muita gente,
    esteja lá onde é que estiver
    no mundo ninguém está contente
    porque sempre mais e mais quer!

    ResponderEliminar
  3. Realmente o mundo sem batatas, sem milho e sem tomates (como se vê agora em Portugal) não tinha lá muito interesse. Imagino os nossos descendentes encherem a barriguinha só de castanhas, antes da descoberta da... Bolívia, onde encontrei umas 3000 espécies de batatas.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Fala-se que aqui na Europa há cerca de 25 espécies de batata, mas no lugar onde as compro só posso escolher entre brancas e vermelhas e viva o velho.
      A minha mulher que é quem as cozinha farta-se de refilar e dizer que são todas diferentes e umas piores que as outras. Ou se esfarelam todas, ou não cozem ao mesmo tempo, é só problemas.
      O que eu sei é que os lavradores escolhem semear aquelas que dão melhor produção e estão-se marimbando para os meus gostos. Ainda me lembro das gentes da minha terra falarem em Impéria, Arranque e Canabeque, agora só se fala que é francesa ou espanhola. As de Montalegre são boas, mas custam o dobro do preço.

      Eliminar