Não sei como seria o mundo se não houvesse batatas. Não imagino a culinária sem este tubérculo de que eu tanto gosto. Desde pequeno que fui habituado a ver as batatas como uma espécie de conduto, se não havia mais nada para pôr no prato ... havia sempre batatas. Engordavam-se os porcos com batata, para quando chegasse a hora se meter o dente no porco. Ah, vida linda!
Se bem me lembro das lições que a vida me ensinou, semear 1 saco de batatas e colher 20 era a ambição de todo e qualquer lavrador. Agora ficam a chorar se há muita batata. Segundo eles, aumenta o trabalho (para as apanhar, armazenar e distribuir), mas diminuem os ganhos, pois não as conseguem vender ao preço que querem.
Dizem que os hipermercados, que são os grandes distribuidores através de todo o país, não abdicam das suas margens e, por conseguinte, quando os preços descem quem fica com o prejuízo é o produtor. Em teoria, sou obrigado a dar-lhes razão, pois as suas despesas para comprar e vender as batatas, tal e qual como qualquer outro produto, são sempre fixas. A rede de distribuição e os salários de todos os seu trabalhadores são fixos e não sobem ou descem conforme a safra da agricultura seja boa ou má.
O consumidor final. como eu, procura comprar o melhor que pode e já não me lembro de o preço de um saco de 20 Kgs de batatas subir acima de 8€, ou descer abaixo de 5€. O que quer dizer que a oscilação de preço anda aí pelos 50% para cima ou para baixo. Ora, se este ano a produção de batata for o dobro daquilo que é habitual, o lavrador acabará sempre por lucrar alguma coisinha com o excesso de produção. O que lhe dói é não conseguir vender toda a produção deste ano pelo preço conseguido o ano passado.
O que por vezes acontece nestes casos é que a dificuldade de escoamento pode levar os menos atentos a ficar com a mercadoria em casa e vê-la apodrecer à frente dos seus olhos. Neste, como em qualquer negócio, o segredo é saber quando vender, a ambição por maiores lucros pode redundar em grandes prejuízos.
Isto até parece uma lição de economia e faz-me lembrar de uma coisa que li em qualquer lado e que diz assim:
- A Economia é uma ciência que serve sobretudo para dar emprego aos economistas!
Coitados com consumidores como eu não se safavam. Não como batatas mais do que duas ou três vezes por ano. Nem na sopa as ponho. O marido é diabético, deve evitá-las e eu francamente não aprecio.
ResponderEliminarUm abraço
Eu gosta de batatas fritas, cozidas e assadas a murro com bacalhau, polvo ou chocos. Mas, o que mais gosto é de pão. E já não há pão como havia no tempo em que era cozido no forno a lenha e ninguém me diga de que isso não é verdade!
ResponderEliminarE quanto a esse texto bem escrito como tu sempre bem sabes escrever, hoje referente a batatas. De mim merece o seguinte comentário. Haja com abundância ou não, os agricultores, comerciantes, os intermediários e outros homens de negócios nunca estão contentes!
Sem batatas há muita gente,
esteja lá onde é que estiver
no mundo ninguém está contente
porque sempre mais e mais quer!
Realmente o mundo sem batatas, sem milho e sem tomates (como se vê agora em Portugal) não tinha lá muito interesse. Imagino os nossos descendentes encherem a barriguinha só de castanhas, antes da descoberta da... Bolívia, onde encontrei umas 3000 espécies de batatas.
ResponderEliminarFala-se que aqui na Europa há cerca de 25 espécies de batata, mas no lugar onde as compro só posso escolher entre brancas e vermelhas e viva o velho.
EliminarA minha mulher que é quem as cozinha farta-se de refilar e dizer que são todas diferentes e umas piores que as outras. Ou se esfarelam todas, ou não cozem ao mesmo tempo, é só problemas.
O que eu sei é que os lavradores escolhem semear aquelas que dão melhor produção e estão-se marimbando para os meus gostos. Ainda me lembro das gentes da minha terra falarem em Impéria, Arranque e Canabeque, agora só se fala que é francesa ou espanhola. As de Montalegre são boas, mas custam o dobro do preço.