A conversa de ontem foi sobre batatas, alimento para o corpo. A de hoje vai ser sobre hóstias, alimento para a alma dos crentes. Nem só de hóstias se alimenta a alma, mas essa é a parte visível da coisa e mais fácil de enfiar pelos olhos dentro dos que ouvem e acreditam na ladaínha dos pregadores da religião católica. Não sei bem explicar o porquê, mas diria que não são os papa-hóstias os primeiros a chegar ao céu.
Mas, deixem-me começar a história pelo princípio, senão não percebem onde quero chegar. Os judeus, quando tiveram que fugir do Egipto, guiados pelo velho Moisés, prepararam com cuidado o farnel para a viagem. Mas como a fuga foi preparada durante a noite e em segredo, eles não tiveram tempo de deixar levedar o pão, cozeram-no à pressa com a massa ainda fresca, não deu para ser de outra maneira. Durante os primeiros dias da fuga comeram aquele pão sem gosto a coisa nenhuma, mas muito pior veio depois em que não tinham nada para comer. Salvou-os o seu Deus, Geová, fazendo cair o maná sobre o deserto do Sinai.
Em memória desses tempos difíceis por que passou o «Povo de Deus», durante a viagem para a Terra Prometida, ficaram os judeus obrigados a consumir «Pão Ázimo» (pão feito de massa não fermentada) na sua festa da Páscoa.
A Igreja Católica Romana, com S. Pedro como primeiro Papa, é a versão moderna da religião desses tempos antigos. E a cerimónia da última ceia de Cristo, em que Ele deu aos seus discípulos o pão e o vinho, acompanhado das célebres palavras - isto é o meu corpo ... isto é o meu sangue - é replicada na comunhão em cada uma das missas celebradas por esse mundo fora, todos os dias.
A comunhão, acto simbólico de comer o corpo de Cristo para fortalecer a alma, em que se engole uma hóstia feita de trigo, levantou enorme polémica nos últimos dias. Tudo por causa do comunicado do Vaticano, em que é relembrado a todos os bispos do mundo que a hóstia deve ser natural, feita de trigo e sem truques, assim como o vinho que deve ser feito apenas de sumo de uva sem a adição de qualquer outra substância, como álcool, por exemplo.
Logo se levantou uma onda de contestação, porque assim os celíacos (aqueles que são alérgicos ao glúten) não poderiam comungar. Manipular a farinha de trigo para lhe retirar o glúten era proibido, logo estava o caldo entornado. Coitadinhos daqueles que não suportam o glúten que além dessa terrível privação, ficavam ainda proibidos de comungar e, hipoteticamente, ir para o céu, quando morressem.
Grande estupidez, digo eu que sem ser padre nem pregador diria a essas pessoas que bastaria engolir em seco, enquanto os seus pares engolem a hóstia, para Deus Nosso Senhor lhes dar os mesmos créditos que os outros conseguem ao comungar. Não é o gesto de engolir a hóstia que conta, mas sim a intenção com que é feito.
Se querem uma comparação fácil de perceber, pensem num pobre que mal ganha para comer e oferece 5 euros para obras de caridade, e depois imaginem o Bill Gates a sacar do seu livro de cheques e oferecer 5 milhões para a mesma obra.
Quantos degraus subiria cada um deles na escadinha para o céu?
Se querem uma comparação fácil de perceber, pensem num pobre que mal ganha para comer e oferece 5 euros para obras de caridade, e depois imaginem o Bill Gates a sacar do seu livro de cheques e oferecer 5 milhões para a mesma obra.
Quantos degraus subiria cada um deles na escadinha para o céu?
E será caso que os celíacos passem mal com uma hóstia? Uma coisa tão pequenina, tão fininha que mais parece um pedacinho de papel, deve ter uma quantidade mínima de gluten. Decerto bem menos do que usam na homeopatia aqueles que se tratam nas medicinas alternativas.
ResponderEliminarUm abraço
Já comi muito pão amassado por mim. Mas nunca comi o corpo de Cristo. Se ele morreu muito antes de eu ter nascido. Cada um tem liberdade para acreditar na religião que muito bem entender. Pois eu ainda não sei em qual devo acreditar? Quanto a ir para o céu, depois de morto. Aos funerais que eu já assisti. Tenho visto é o corpo sem vida dentro do caixão ser metido no fundo dum buraco e a seguir coberto de terra. Agora está na moda a cremação. O caixão entra no forno crematório e passado cerca de uma hora, é entregue à família uma pequena caixa onde dizem estar os restos mortais do defunto (cinza).
ResponderEliminarJá não me lembro do sabor da hóstia, e também não sei se haverá um inferno pior do que este na terra, mas também não tenho pressa em saber, aqueles produtores da batata devem ir direitinhos ao Céu, porque sem tomarem a hóstia mataram a fome a muita gente! Digo eu.
ResponderEliminarBem, não está nada mau ; ontem batatas, hoje hóstias e, assim, uma lição de parte de algo desconhecido para muitíssima gente . Quanto às batatas, não restam dúvidas de que são indispensáveis à vida, especialmente para os que apreciam e necessitam deste tubérculo ; no tocante às hóstias, também servem de alimento espiritual a crentes e o que conta é o seu significado, pelo que não se compreende a exigência do Vaticano acerca da composição da farinha, salvo se quiserem voltar ao tempo que para comungar era necessário estar em jejum . Sem esquecer a Quaresma que, outrora, alertava as pessoas para não se poder comer carne, salvo se pagassem a côngrua ao padre ! É assim, vão-se alterando as leis eclesiásticas sem procuração de Cristo e, por outro lado, parece que se esconde perda de valores da condição humana com alguma miséria moral à mistura ... ! Recentemente, surgiu na comunicação social uma notícia que acusava o número três da hierarquia do Vaticano do crime de pedofilia ! Será isto verdade ? - Espero bem que não, uma vez que a Igreja, neste aspecto, já tem que chegue e não só ... . Um abraço .
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