domingo, 7 de maio de 2017

Mãe é quem cria!

Sou obrigado a reconhecer que nunca tive um verdadeiro vínculo filho/mãe com a minha mãe. Vivi com ela assiduamente até fazer 11 anos de idade. Viver é uma forma de falar, pois foram raros os momentos da nossa vida que partilhamos. Do que mais me lembro é das vezes que me apanhou para me aplicar umas palmadas no traseiro. Depois dos meus 6/7 anos nem isso, pois eu já corria mais que ela e não conseguia agarrar-me. Sempre me vi como uma grande dor de cabeça para a minha pobre mãe que tinha tanto que fazer e tantos filhos para criar que nem tempo arranjava para correr atrás de mim e aplicar-me o correctivo que eu, com toda a certeza, merecia. Com o pai a trabalhar fora de casa e duas irmãs mais velhas eu sentia-me o «macho dominante» naquela casa.
Aos 11 anos comecei os meus estudos, a viver longe de casa, e por lá andei até quase aos 17. Aos 18 ingressei na Marinha, por falta de futuro melhor, e a casa nunca mais voltei. Em relação aos meus pais, sentia-me mais ligado ao pai que à mãe, sem saber explicar muito bem porquê. As coisas que se sentem dificilmente são explicáveis e, na prática, não precisam de qualquer explicação.
Quem lê com atenção aquilo que escrevo vai achar que estou a repetir-me,  pois já versei aqui este assunto, mas é inegável que a mulher que me criou, aquela que me acompanhou a cada minuto da minha infância, que me deu beijos e palmadas, que dormiu comigo e me aqueceu no inverno, que me alimentou, vestiu e calçou e me corria pela porta fora, quando eram horas de ir para a escola, foi essa senhora que vêem na imagem aqui ao lado, a minha avó Maria.
Ela foi madrinha de baptismo da primeira neta e por isso teve direito ao nome de madrinha, em vez de avó, quando a sua afilhada começou a falar. E depois da primeira vieram muitos mais netos que nunca lhe chamaram avó, pois ficou a ser madrinha para todos.
A certa altura da sua vida, a minha outra avó, mãe do meu pai, veio também viver connosco e nessa altura passou a haver uma avó lá em casa. De um lado a madrinha que era a mulher para todo o serviço, desde cozinhar, lavar a roupa, cuidar da horta e tratar dos netos, do outro a avó sentada num cantinho e entretida com as suas malhas. Gostava de ensinar as netas a trabalhar com as agulhas, mas elas preferiam ir jogar à macaca e escapuliam-se sempre que podiam.
Uma casa e uma infância semelhante a muitas outras neste nosso querido Portugal, onde havia uma grande fartura de ... miséria, como é fácil de perceber. Mas isso pouco tem a ver com afectos. O coração não trabalha movido a moedas de tostão e afeiçoa-se a quem lhe dá carinhos, era portanto fatal que fosse a minha avó Maria a tornar-se a mulher da minha vida. E é por isso que, hoje, no dia da mãe, os meus pensamentos vão para ela que com a sua filha e minha mãe está no céu a tomar conta do meu destino.

3 comentários:

  1. Mãe é quem cria e nos deu carinho e amor, umas bofetadas também levei da minha, que nunca doíam porque eram mais um ameaço, mas até as ameaças eram necessárias, fazendo parte da nossa educação daquele tempo que nos incutiam no cérebro para respeitar o próximo.

    ResponderEliminar
  2. Não importa a cor,
    nem tão pouco a religião
    mais linda do que uma flor
    a Mãe aos filhos dá pão.

    Porque, tu eras um reguila,
    tua mãe te deu uma palmada
    sendo ela que te deu vida
    por ti sempre será bem amada.

    Tu que és um bom rapaz,
    filho que a sua mãe deseja
    que Deus sempre a proteja
    lá no céu descanse em paz!

    Para todas as Mães desejo muita saúde, paz, amor e carinho!

    ResponderEliminar
  3. E como diz o povo, avó é mãe duas vezes.
    Um abraço

    ResponderEliminar