No dia 1 de Outubro há eleições para o poder autárquico, mas não é nisso que me quero meter. No Porto está ao rubro a questão do FCP e a exigência de muitos sócios, adeptos e simpatizantes para que a direcção de Pinto da Costa seja apeada e substituída por uma coisa mais de acordo com o "status quo" actual.
Mas não é em nenhuma dessas corridas que eu quero participar. Eu vou é candidatar-me a um lugar de comentador num dos canais televisivos. Pelo que tenho visto, qualquer bicho-careta se arma em comentador e bota cá para fora opinião sobre tudo e mais alguma coisa. São os comentadores desportivos, às dúzias, os comentadores de economia, aos molhos os de política nacional ou internacional, um em cada canto, com toda a certeza que, mais aqui mais ali ou acolá, há-de ter sobrado um lugarzinho para mim. É que eu também preciso de levar a vida.
Ontem, o nosso Presidente da República achou por bem pôr um pouco de água na fervura do entusiasmo português que depois do 13 de Maio acha que é tudo para ganhar. O nosso Primeiro Ministro quase rebenta de orgulho (ou soberba) por ver o país a crescer acima da média da zona euro, 2% dizem eles, ninguém nos apanha. Até já se fala em antecipar o pagamento da dívida ao FMI (esses exploradores que exigem a Portugal um juro maior que aos países ricos, como a Alemanha).
Eu também gosto de ouvir essas notícias, as exportações crescem, aumenta o PIB e a dívida estabiliza. Muito bonito mas tudo isso tem pouca sustentação e só ao fim de vários ciclos continuados é que se pode afirmar que é para valer. Aliás, dizer que a dívida estabilizou quando, de facto foi o PIB que cresceu é um sofisma. Se PIB cresceu e a dívida não reduziu, continua tudo errado. Vamos lá ter cuidado com as afirmações.
O presidente Marcelo também falou no aproveitar de todas as oportunidades que se nos deparem. Acho muito bem, ele é o nosso líder e tem que nos guiar, com os seus bons conselhos, rumo ao sucesso final. Se pudermos sair deste colete de forças, imposto pelos nossos credores, antes do ano 2050, o povinho agradece. Esta conversa das oportunidades fez-me lembrar aquela história do burro que o dono estava a enterrar por já não ter qualquer serventia para ele e lhe estar a dar despesa. Conhecem?
Um certo lavrador estava velho demais para trabalhar e tinha um burro que, ao longo de muitos anos, o tinha ajudado nas tarefas diárias. Achou que ninguém estaria interessado em comprar o animal e como também já não lhe servia para nada decidiu enterrá-lo. Atirou-o para dentro de um poço que tinha na sua horta e pegando numa pá começou a jogar-lhe terra para cima. O burro sentindo as pazadas de terra a cair-lhe no lombo ia-se sacudinho e a terra caindo ao seu lado. Quando as patas começavam a ficar presas com a terra acumulada, levantava-as, patinhava e assim ia pisando a terra que lhe ficava por baixo. Com a continuação deste exercício, o poço foi ficando cada vez menos fundo e o burro mais perto da borda que acabou por ser capaz de saltar e pôr-se ao fresco.
Moral da história, se soubermos aproveitar todas as oportunidades, boas ou más, que a vida nos oferece acabaremos por triunfar. Desde a crise de 2008, para não dizer desde 2000, ano do arranque da globalização, que Portugal está a apanhar com pazadas de terra que ameaçam enterrar-nos. Temos que aprender a viver com isso, lutar por neutralizas os pontos negativos e trabalhar para aumentar a produção e a competitividade, pois só assim sairemos do buraco.
Que tal? Gostaram? Tenho futuro como comentador, ou nem por isso?
N.B. - Sabendo da falta que vos faço, estou a fazer horas extras para estar convosco. Comecei às 06.00 horas e ainda não parei!
Bom dia
ResponderEliminarEle há cada um que ás vezes até dá dó .
e já dizia o Scolari " e o burro sou eu "
JAFR
Então se os portugueses fosse espertos como foi esse burro, tinham aproveitado as oportunidades, que tiveram no tempo das vacas gordas! Em que se pagava para destruir a agricultura e abater os barcos de pesca. Havia p'prai dinheiro com fartura, distribuído à toa. O maior bolo foi para o compadrio. Havia gasóleo mais barato para a agricultura e para a pesca. À conta disso houve alguns que bem souberam aproveitar a oportunidade. Os espertos como esperto foi esse burro. Encheram o saco, endividaram o pais e agora quem paga a conta é quem pouco ou nada beneficiou da fartura.
ResponderEliminarQuanto a comentador, estás habilitado para comentar em qualquer organismo público e privado e não só!...Li no texto ano de 2050, onde é que a gente andará a passear, e qual será o restaurante em que vais organizar o almoço-convívio?
Força aí "Tintinaine! Não pares para viver! Mais palavras para quê, está tudo dito!
ResponderEliminarEssa do burro só prova que há animais irracionais mais inteligentes que os donos.
Provavelmente, o reinado de Pinto da Costa tem os dias contados e, por isso, mais ano menos ano, está perto do fim e sujeito a prestar contas imagináveis ; tanto assim, que o velho provérbio continua, em grande parte, a manter actualidade : " cá se fazem e cá se pagam " .
ResponderEliminarSobre a tua pretensão a comentador, não acredito que tenhas vocação adequada, face aos maus exemplos com que nos brindam aqueles que, frequentemente, se colocam no ridículo e sem a mínima categoria e falta de decência . Os que que debatem o desporto, são tão maus, tão maus, a vários níveis, que não merecem crédito e chegam a enojar ... . Depois, os da politica, esses são semelhantes e não são para levar a sério, embora se devam considerar mais nefastos, face ao mal que proporcionam à sociedade ; portanto, meu caro Silva, afasta tal ideia, uma vez seres sério demais para participar em vida fácil e irresponsável .
Acerca do primeiro-ministro, não sei se te recordas o que disse sobre ele aquando tomou posse ou pouco depois, o que vou repetir : em minha opinião, trata-se de um homem competente e sério, com sentido social muito apreciável, capacidade de diálogo e decisão muito acima da média e vocacionado para garantir direitos adquiridos por quem trabalha ou trabalhou . Apesar de me considerar apartidário, não posso deixar de reconhecer o valor de quem o tem e que, sobretudo, demonstra estar atento a injustiças e aos mais penalizados e carenciados . Tudo isto, em meu entender, nada tem a ver com a canalha que foi bem corrida da governação do país e que, prepotentemente, atacou sem critérios adequados, excepto para aqueles que faziam parte das suas elites politicas ! Certamente, todos nos recordamos, que antes das eleições haviam enviado para Bruxelas documento de intenções sobre o que pretendiam impor no Governo seguinte, designadamente : não fazer reposições do corte de direitos adquiridos, cortar mais nas pensões e reformas, manter o corte nos vencimentos da função pública, não aumentar o salário mínimo nacional, continuar a carga fiscal, etc, etc . Como se vê, esta era a receita da bandalheira que passou por cá ! Afastados do Governo e ao verem a inversão das suas politicas, a reposição de rendimentos do trabalho e da segurança social, começaram a berrar aos quatro ventos, que o país voltava a cair em novo resgate, que era preciso continuar com a sua austeridade e que o aumento do salário mínimo era mais uma das irresponsabilidades deste governo, que levava a mais falências de empresas e despedimentos, que o país perdia competitividade e a credibilidade das instâncias europeias, bem como de investidores internacionais, etc . Acontece que, felizmente, tudo resultou precisamente ao contrário do que esta gentalha proclamava e que, miseravelmente, anunciavam sem medir consequências, pretendendo que tudo corresse mal . A incompetência, falta de vergonha e de escrúpulos é tanta que, ao verem os progressos que se conhecem, voltaram o bico ao prego e aos berros que, afinal, os méritos eram seus, devido às medidas que tomaram ! Isto não lembra ao diabo e revela miséria indescritível e até falta de patriotismo ; de facto, os portugueses não merecem gente desta e, por isso mesmo, a avaliar por sondagens que se conhecem, cada vez os empurram para bem longe ... !
No respeitante a burros, apesar de carregarem vinho e beberem água, ainda há os que se vão sobressaindo e nos impressionam . Muitos deles, não deixam de ser importantes para os seus donos e merecem ser bem tratados ; no entanto, andam por aí uns quantos que, não o parecendo, bem podiam ocupar o lugar destes quatro patas, considerados menos úteis e indignos de tratamento referenciado ! Um abraço .
Bom, sobre o Pinto da Costa não falo. Nem sobre o Voeira ou o Bruno de Carvalho. Assunto Tabu. Aproveito para lhe dar os parabéns pelo Tetra.
ResponderEliminarO mal do país, sempre foram os Chico-espertos, que no tempo em que vinha dinheiro a rodos para Portugal, aproveitavam para o desviarem para as suas contas bancárias, criando toda a espécie de negócios fajutas, para sacarem chorudos subsídios.
Conheço a estória do burro há muitos anos. O Manel da lenha sabia muitas e gostava de as contar aos filhos para que eles tivessem uma noção do que fazer em determinadas situações.
E já agora onde é que eu voto?
Um abraço