Hoje é dia de feira, em Barcelos. E feira-franca, por sinal, pois estamos em plena festa das cruzes, na minha terra, e a Câmara Municipal instaurou este costume de não cobrar impostos aos feirantes no dia da festa (feira) anual das cruzes.
Por falar nisso, alguém conhece a história (lenda) do Senhor da Cruz que, afinal, não é um, mas sim três, o de Matosinhos, o de Fão e o de Barcelos que dizem serem todos irmãos? Há quem espalhe por aí outras versões, mas eu gosto mais da que conta que foi Nicodemos, um marceneiro da Palestina, que para evitar que lhas confiscassem e queimassem, atirou ao mar uma porção de cristos crucificados que foram vogando para longe ao sabor das ondas. Um desses cristos veio parar à praia de Matosinhos e deu início a essa lenda que podem encontrar e ler na internet e, por conseguinte, poupo-me ao trabalho de estar aqui a repeti-la.
E não há Festa das Cruzes sem cerejas, lembro-me disso desde pequenino. Durante a minha meninice, a minha mãe foi feirante (de roupa, tecidos e retrosaria) e no dia da festa não regressava a casa sem as emblemáticas cerejas para nós provarmos. Acredito que fossem cerejas do Fundão ou de Lamego, pois no Minho só há cerejas no pino do verão. E não deviam ser baratas, bastante deve ter custado à minha velhota desembolsar os tostões que tanto lhe custavam a ganhar para nos satisfazer o desejo. Ao lembrar-me disto, espero que Deus a tenha num bom lugar, pois ela fez por o merecer, enquanto andou neste mundo. Parir doze filhos e trabalhar como uma negra para lhes dar de comer não foi tarefa fácil.
Vêm estas minhas recordações a propósito do leilão de cerejas do Fundão que se vai realizar em Lisboa, como meio de promover aquele produto duma região que vive à custa disso, dos vinhos, do queijo da serra e pouco mais. Têm que vender por bom preço o pouco que têm, senão é fome pela certa.
A quem tiver oportunidade para o fazer, aconselho uma viagem até ao Fundão, durante o mês de Junho, pois vale a pena visitar a região e não só pelas cerejas. No regresso a casa pode levar umas morcelas da Beira, um queijinho da serra, uma garrafa de tintol e uma caixa de cerejas. E tudo isso para quê?
Para provar o que é bom
E promover a região!
Cruzes, queijos e cerejas,
ResponderEliminarderam origem a um texto escrito
lá onde quer que tu estejas
lembra-te também do chouriço!
Foi o Nicodemos marceneiro,
que lançou as cruzes ao mar
atracado no cais o veleiro
lá ficou parado sem navegar!
É destas coisas maravilhosas que o nosso país produz, que irei sentir saudades quando já não as puder comer!
ResponderEliminarTenho a sorte de todos os anos comer cerejas do Fundão, quando o meu genro visita os fornecedores/exportadores.
Também o Senhor Jesus das Chagas de Sesimbra, cuja festa se celebra precisamente hoje (4 de Maio é o dia deste concelho) sendo que este evento, segundo a lenda, teve origem num Cristo que deu à costa na praia desta Vila.
ResponderEliminarA minha mulher é de Fão e lá na sua terra costuma dizer-se:
Eliminar- O Senhor de Matosinhos
- Mandou dizer ao de Fão
- Para dizer ao de Barcelos
- Que também é seu irmão!
E pelos vistos têm mais um irmão, sem o saberem!
Andei pelo Fundão nesse mês há seis anos atrás. Foi a primeira que lá fui, e a única até agora.
ResponderEliminarUm abraço
Esqueci-me no comentário anterior
ResponderEliminarde vos dizer, fui muitas vezes ao Fundão
no tempo das cerejas como condutor
motorista, conduzindo um camião!
Passava por Alpedrinha,
para lá de Castelo Branco
subia a serra num nadinha
chegava ao Fundão cantando.
Uma moda alentejana,
para a Covilhã olhava
não via nenhuma serrana
na serra a neve branqueava!
boas
ResponderEliminarÉ um prazer para mim quase todos os dias passar por este blog .
parabéns amigos pois são do melhor que há.
JAFR