Uma vez, estava eu de conversa com um senhor já velhote que era italiano, mas morava em Barcelona. Ele era vendedor (caixeiro viajante, em linguagem antiga) de têxteis e a nossa conversa era meramente profissional. Ao lado dele sentava-se a sua mulher a quem ele tratava por "Gioia". A conversa fluía fácil num inglês que ambos dominávamos a mais de 50% (mais não se pode pedir a um estrangeiro).
De repente, virou-se para mim e disse: -se ambos somos latinos, porque estamos a falar inglês? Francês eu ainda compreenderia, pois é língua irmã da nossa, agora inglês com todas aquelas particularidades e expressões idiomáticas (acredito que ele queria dizer idiotas) sou contra. Podemos falar italiano, castelhano ou português, ou até uma mistura de tudo isso e eu serei um homem feliz!
Vem isto a propósito de eu ter acordado a pensar em inglês e recordar um colega de trabalho que cometia sempre o mesmo erro, embora eu já o tivesse chamado a atenção para isso mais que uma vez, usando aquilo que é proibido, a dupla negativa. Eu não tenho nada com isso, dizemos nós na Língua de Camões, mas na de William Shakespeare no e nothing não jogam juntos. I don't have nothing against it, dizia ele e eu bufava no meu canto pensando, lá está ele outra ve a meter a pata na poça!
A Língua de Albert Camus ou Victor Hugo é, de facto, mais compreensível para nós que partilhamos a raiz latina. Li alguns romances deste autor, mas sempre traduzidos em português, não sabia é que ele também se dedicava à poesia. Ora vejam esta ode ao amor:
Tinha razão o caixeiro viajante que morava em Barcelona, mas era italiano e tratava a sua mulher, tão velha quanto ele, por Gioia. Nunca soube o nome dela e tanto à chegada como á partida, eu limitava-me a dizer signora, comme va ou ariverdeci. Ambos reconhecemos que seria mais lógico falar francês do que inglês, mas nunca pronunciámos uma única palavra nessa Língua.
Há uma coisa que me desagrada no Francês, o biquinho que é preciso fazer com os lábios para pronunciar o "U". Se calhar é por isso que fujo de falar francês, quando me surge essa possibilidade. E vem-me sempre à memória os brasileiros que não conseguem pronunciar o "THE" ou aspirar o "H" e dizem Rell em vez de Hell!
Bem, desliguemos o complicómetro e voltemos a falar português que nesta não há truques que nós não consigamos dominar. Tenham todos um bom domingo e preparem.se para mais uns dias de sol que virão logo que o ciclone vá chatear os nossos vizinhos espanholes!!!
Ah, poliglota!!! :)
ResponderEliminarUm abraço e um beijinho à neta aniversariante!
Da minha experiência com 'both languages' aqui vai... Desde que peguei no 'Mon Ami Pierrot' no primeiro ano de uma Escola Comercial que nunca tive problemas. Anos depois até vim a saber em Papeete que tinha 'prononciation de Paris' quando só lá estive 'un mois' a trabalhar numa camioneta a fazer mudanças que me deixou os ossos todos @#$%&. Quanto ao inglês, ainda hoje tenho dificuldade em expressar-me... Oh yes!
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