sexta-feira, 5 de setembro de 2025

É velho mas é bom!

 Talvez me tenha esquecido de dizer, mas o meu portátil é um HP Pavilion, uma máquina de trabalho que funciona como uma escavadora Caterpillar! Hoje, liguei-o e ele começou a dar-lhe sem parar nem hesitar!

Computadores à parte, a minha decisão para hoje é falar de funiculares, o da Glória e outros que conheci e já usei. Os marinheiros e o Bairro Alto têm uma ligação umbilical e o elevador da Glória era como o cordão que os liga. Agora os motivos da subida são outros, no meu tempo de rapaz era o amor mercenário que o Salazar proibiu, em 31 de Dezembro de 1962.


Quando regressei de Moçambique, em meados de 1965, segui esse percurso e comecei por entrar numa alfaiataria que existia, mesmo à saída do elevador, e comprei um blazer azul marinho que enfeitei com um distintivo dos fuzileiros para fazer figura de gente grande.

Bem, isto foi só um aparte para vocês perceberem que eu conheço aqueles paragens e tomei, muitas vezes, aquele velho elevador que ficou feito num oito e foi levado para a sucata. Se estiverem a pensar em reformá-lo e trazê-lo de volta para a Calçada da Glória, é um erro crasso. Agora há coisa mais moderna (que ainda não existia em 1885) e mais leve para sofrer menos desgaste.

Como nasci no distrito de Braga o primeiro funicular que conheci foi o do Bom Jesus que funciona com o combustível mais barato que há, a água. Chega lá acima descarrega as pessoas e carrega água. Quando o peso da carruagem que está lá em cima, ultrapassa o peso daquela que está cá em baixo, ela começa a descer até ao fundo da linha, onde despeja toda a água e as pessoas que o usaram para descer do monte. Enquanto isso, já a outra está a encher pessoas e água para repetir o processo.

A título de curiosidade, a água ali despejada entra no curso do rio Este que a despeja no Ave e vem até ao Atlântico, em Vila do Conde, aqui mesmo na vizinhança do sítio onde eu moro.

Há outro no Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo, e ainda outro na Escarpa dos Guindais, no Porto, mas nunca entrei em nenhum deles. O que eu usei, mais que uma vez, foi o de Bergamo, norte de Itália, destino para onde a TAP cismou de me levar algumas vezes. Bastava eu deixar a marcação da viagem ao cuidado da Agência de Viagens e lá ia eu parar a Bergamo.

O sistema é o mesmo do da Glória, tracção eléctrica, mas mais moderninho e a vista também é muito melhor. Lá em cima, existe uma cidade antiga - na maior parte abandonada - onde não há trânsito automóvel. Uma vez, cismei descer a pé e perdi-me. parti do princípio que viria dar ao ponto de partida, mas fui parar ao outro lado do monte e vi-me grego para encontrar o caminho até ao hotel. Se por lá passarem, vão lá acima que vale a pena.

Para substituir as velas carroças do Elevador da Glória aconselho duas carruagens iguais às que usa o Metro do Porto, montadas em cima de uma estrutura de aço e alumínio para nivelar o piso em que assentam os bancos. Quando puserem isso a funcionar avisem que vou lá assistir à inauguração e matar saudades do Bairro Alto da minha mocidade. Se é que existe ainda alguma coisa que eu reconheça!

1 comentário:

  1. Trabalhei 12 anos no edificio ao lado e depois fomos para a praça do municipio. O elevador andava com poucos passageiros e muitas vezes estava parado. Só andei nele uma vez e abanava tanto que nunca mais andei. A manutenção do quer que seja neste país é o que se sabe tudo feito à pressa e nesta tragédia culpo quem fez a manutenção VISUAL?
    Já agora falo do imobilário dos prédios em que retiram a trave mestra e digo sempre que um dia Lisboa vai abaixo! Refilam com os emigrantes que trabalham mas com a loucura do turismo já não !
    Enfim tudo isto me tira do sério!
    Beijocas

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