Lembrei-me que o álcool cura tudo!
Abri a minha farmácia portátil e agarrei no frasco do dito!
Encharquei uma mão-cheia de algodão no líquido milagroso e desatei a esfregar!
Se arde cura, dizia a minha mãezinha que Deus tem!
O computador não se queixou da ardência e continuei a esfregar!
Quando comecei a pensar que qualquer líquido é um bom condutor de electricidade, parei!
E se o malvado me começa a arder? Que faço?
Desviei-o das minhas pernas para não sofrer alguma queimadura e carreguei no botão!
Começou a mastigar o habitual caminho, avisou-me que a bateria já não carrega e portou-se bem!
O espacejador encravou e a cada linha que escrevo ele desata a correr até ao fim da página!
Cheio de paciência vou lá buscá-lo e peço-lhe para ter juízo!
Se é efeito do álcool em breve passará, pois o líquido milagroso é bastante volátil!
Milagre, desta vez não saltou, parece estar a ganhar juízo!
Se calhar é melhor comprar outro, em vez de gastar dinheiro a reparar este!
Comprei-o em 2019, por 500€ a um gajo amigo que recondiciona velhas máquinas!
Nesta coisa das Informáticas cada ano representa 10 na vida de um humano!
Ou seja, esta máquina já deu o que tinha a dar e precisa é de descanso!
Restam-me duas hipóteses!
Gastar 1000€ num novo ou voltar a comprar usado (com garantia) por metade desse preço!
O meu filho está na Jamaica, mas regressa hoje, vou esperar por ele e pedir conselho!
Houve um tempo na vida dele em que desmontava e fazia pequenas reparações nestas máquinas!
Tinha acabado a vida de estudante e sem emprego precisava de uns cobres para os cigarros!
Ainda os computadores eram uma novidade, em 1985 ofereci-lhe um ZX Spectrum!
E valeu a pena, ele entusiasmou-se e aprendeu muito sobre computadores!
Amanhã, ajudar-me-á a resolver o meu problema!
Quem sabe, será até capaz de dar vida a este defunto!
Por falar em defunto, está a tocar o sino da Matriz para levarem o Zé Sousa ao cemitério. Pensando nisso, o Zé, o seu irmão João e a mãe dos dois foram as primeiras pessoas que eu conheci na Póvoa, em Outubro de 1959. Vim estudar para a Póvoa e o meu pai alugou uma casa, com o pouco dinheiro que tinha, que era partilhada com essa família. Cada um tinha os seus aposentos, mas as escadas, da rua até ao primeiro andar, o corredor até à porta do quintal e a cozinha eram comuns.
O João era ligeiramente mais novo que eu e tornámo-nos amigos, o Zé era mais velho uns dois anitos e já queria distância dos rapazes. Um ano depois já eu tinha dito adeus à Póvoa e só depois de sair da Marinha voltei a ouvir falar deles. Casei e fiquei a morar na Póvoa, A mãe desses dois rapazes morava em frente da minha casa, atravessando a rua, a distância que ia da cama dela até à minha não chegava a 10 metros.
Contou-me que vivia sozinha com a mãe, com 90 e muitos anos, e que os filhos viviam ambos em Paris, tinham preferido emigrar para fugir da miséria que se vivia em Portugal na década de 60 do século passado. O mais velho já se casara, o mais novo continuava a ser solteiro e muito malandro, tal como eu o conheci. Enquanto vou teclando estas letras, o sino continua a dobrar e o Zé já deve estar quase na porta de cemitério!
P.S. - Nestes últimos parágrafos o computador portou-se bem, só não posso tocar nas teclas numéricas, senão ele desatina!!!
Fartei-me de rir e sim espera pelo teu filho para não teres mais sarilhos:))))
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Depois de vários computadores aprendi que são como os carros. Quem gosta de usar clips de um gopro, por exemplo, precisa de um 'de grande cilindrada'
ResponderEliminar