No grupo dos fuzos, cá da terra, eu sou o mais antigo - na Marinha diz-se que antiguidade é um posto - por isso a pessoa mais respeitável que estava presente. Eu sou do tempo em que não havia barras no nosso número de matrícula, moda que começou na primeira incorporação de 1964. Só esteve presente outro camarada cuja matrícula não tem barra, todos os outros pertencem às barras. O mais antigo é barra 71 (salvo erro) e o mais marreta barra 85.
Este barra 85 era oficial e gaba-se de não ter número de matrícula, pois os alunos da Escola Naval eram, identificados pelo nome e número do curso (número sequencial dado pela escola a cada curso que começava), mas quando ficam no quadro recebem um número como toda a gente. No tempo da Guerra Colonial todos eram obrigados a ficar pelo menos 7 anos, 4 de curso e depois mais o tempo de comissão e alguns acrescentos, agora fazem 2 anos de serviço obrigatório, depois do curso, e por vezes nem isso.
Quando me casei e fiquei a viver cá na minha rua, esse rapaz tinha apenas 4 anos e lembro-me de o ver brincar com os putos da idade dele. Nunca soube que ele tinha ido para a Escola Naval e muito menos que foi obrigado a ir para o Curso de Fuzileiros. Foi, portanto, com grande surpresa que o vi entrar e sentar-se no lugar à minha frente. E parece que tinha engolido um gravador, desde que ele entrou mais ninguém teve vez para falar. E num tom de voz que desafiava os ouvidos mais sensíveis.
Mas isso pouco interessa, o jantarzinho estava bom, ementa à Ponte de Lima, e a conversa sobre os velhos tempos e memórias navais de cada um são um alimento para a alma. A maioria já não passou pela comissão em África, mas há sempre umas aventuras a relatar e a recordação de alguns camaradas que foram autênticos cromos e ficaram na memória de todos serve para preencher o tempo.
E, no fim, comentou-se o jogo do Glorioso que nem com o Mourinho consegue encontrar o seu caminho. Não se entende como jogadores que o Benfica pagou a peso de ouro não são capazes de fazer um jogo que agrade aos adeptos. Como sou sócio e simpatizante do Gil Vicente, acabaria sempre por festejar a vitória de um ou do outro, embora a derrota do Benfica tenha outras consequências, já que é aspirante a campeão em cada época que começa.
Como o meu lema é «a ganhar ou a perder sou Benfica até morrer» fiquei contente com a vitória, embora seja obrigado a aceitar que a não mereceram !!!
E as fotos do jantar?
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