Filho é o prolongamento de nós próprios!

Ontem, andei a acompanhar o meu filho a dar os primeiros passos como empresário. Montar um negócio com um investimento inicial de 150 mil euros e sem ter "tusto" é obra! Biologicamente, os filhos são uma extensão do nosso corpo e mente, mas, na prática, podem ser uma coisa completamente diferente.

Eu sou, por natureza, muito medroso, nunca dou um passo sem ver, com clareza, onde apoiar o pé que já vai no ar. Ele é muito diferente, quer lá ele saber onde vai aterrar! Deve ser como o condor que só tem um problema para resolver, como levantar voo. Depois de estar no ar, há mil maneiras de vir parar cá abaixo, umas mais dolorosas que outras.

Ouvi alguém afirmar, coisas da sabedoria popular, que homem pobre dá filho rico, enquanto que homem rico dá filhos pobres. E é verdade, conheço muitos casos que comprovam essa teoria. Os filhos de um homem pobre esfalfam-se durante toda a vida por fugir da pobreza em que nasceram e, quase sempre, são bem sucedidos. Ao contrário, os filhos de homem rico só sabem gastar e nunca tiveram a oportunidade de aprender a ganhá-lo e conhecer-lhe o valor, por isso acabam na pobreza.

Talvez porque sabe que eu tenho uma almofada financeira para o apoiar na queda, se por infelicidade a coisa não der certo, ele vai em frente sem medo. Gosto disso, acho que tem mais oportunidade de vencer na vida que eu que nunca arrisquei dar um passo maior que a perna com medo de me estatelar ao comprido.

Cair e levantar é a nossa guerra de todos os dias e quanto mais longa a vida maior é o treino. Mesmo assim, eu tentei levar a vida com muito cuidado, sem tropeções, para não cair e esfolar os joelhos. Olhando para trás, ao longo dos oitenta anos já vividos, não vejo nenhuma queda de grande envergadura que me tenha feito arrepender do caminho tomado.

Se a vida é uma encruzilhada em que optando pelo caminho da direita tudo corre bem, com um anjo da guarda que vela por nós, ao contrário do caminho da esquerda que nos leva, directamente, ao precipício, então eu escolhi bem. Foi um caminho sempre a subir, mas com uma inclinação muito ligeira que nunca me fez perder o fôlego.