As minhas ausências dos últimos dias deveram-se a umas reuniões a que tive que assistir, relacionadas com os «Combatentes da Guerra Colonial». Faço parte de uma equipa que anda, há anos, a preparar uma homenagem e construir um memorial para honrar os combatentes da freguesia, onde nasci. Para mim já são anos de mais a falar nisso e a coisa não avança. Quando estas coisas nascem por interesse político e se abandonam quando esse interesse deixou de existir, tem tudo para dar errado.
Nem houve acordo quanto ao lugar, nem quanto ao tipo de construção a levar a cabo. Acho que vai ser difícil motivar as pessoas para manter os planos iniciais nos carris, mas o que eu puder fazer para ajudar, estarei sempre pronto para dar a minha contribuição.
Terminado o assunto que motivou a reunião, foram-se embora uns e ficaram outros para continuar a conversa sobre os tempos e as ocorrências da guerra. Os mais interessados foram os que passaram por Moçambique, como eu, talvez levados pelo conhecimento que eu tenho, tanto do país como dos acontecimentos, quer anteriores quer posteriores á guerra e sem esquecer a guerra, especialmente aquela que se desenvolveu no Niassa, em que eu próprio tive o meu papel.
Não podemos esquecer que além de um episódio mal explicado ocorrido em Cabo Delgado, foi o ataque à lancha Castor, em 24 de Setembro de 64 e a emboscada a uma secção de fuzileiros, no Lipoche, em 9 de Janeiro de 65, no Lago Niassa, que deram início à guerra, em Moçambique.
A maior parte dos meus camaradas da CF2 passou a comissão na capital, Lourenço Marques, e regressou à Metrópole sem ter ouvido um tiro disparado pelas AK37 dod "Turras" da Frelimo. As mortes contabilizadas nesse período inicial da guerra cifram-se em dois indígenas que foram abatidos, um de cada lado da contenda. Do nosso lado um sipaio do Posto Administrativo de Metangula que acompanhava um agente da PIDE que se juntou a nós nessa operação do dia 9 de Janeiro de 65. Do lado deles um suposto elemento da Frelimo que não obedeceu à ordem de paragem e desatou a fugir, tendo sido abatido por um dos meus camaradas e Companhia.
Quanto à conversa que mantivemos depois de acabada a reunião, vários assuntos vieram à baila, em especial aquele que se refere ao naufrágio do batelão de travessia do Zambeze, em que falecerem 101 militares portugueses, o maior desastre em perda de vidas de toda a guerra colonial, por estar presente um dos membros do Batalhão de Artilharia 2869, unidade que perdeu vários homens e viaturas que atravessavam o rio para seguir viagem a caminho do Niassa.
E pronto, está explicada a minha falta de tempo para este blog, pois também tenho outros que requerem a minha atenção e consomem horas do meu tempo!
Os documentos que se referem a 101 mortos (ou desaparecidos) incluem 1 civil para juntar aos 100 militares referidos aqui.
ResponderEliminarEm 69 ainda ainda não havia redes sociais que nos relatassem o naufrágio de Mopeia. No entanto sabemos hoje que a decisão de mandar para o norte 30 viaturas (oferecidas pela RSA) e respectivos conductores via terrestre quando poderiam ir via maritima até Nacala/Porto Amélia - acabou num desastre. Dos 150 homens embarcados poucos se salvaram. Há um cemitério na região com os corpos encontrados.
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