Fonética - É a ciência que estuda os sons!
Eu sou maluco pela fonética, não há nada que me desperte mais interesse na nossa Língua. Mais do que questionar a razão porque os algarvios chamam griséus às ervilhas ou alcagoitas aos amendoins, prefiro concentrar-me na razão porque pronunciam "moçe" em vez de moço. O segredo está no som, chamado fonema pelos entendidos nessa tal ciência de que falei lá atrás (ou acima).
Será bom ou mau reconhecer uma alentejano, um beirão ou um transmontano apenas pelo som da sua voz? Ou questionar os minhotos por abrirem muito as vogais, enquanto os lisboetas não conseguem abrir a boca para pronunciar um "a"? E que tal perceber a razão pela qual os madeirenses e os açorianos têm um acento tão diferente do nosso? Afinal não foram os portugueses que colonizaram aqueles arquipélagos? E quando para lá emigraram não falavam a mesmíssima Língua que nós, tal e qual como a falamos hoje?
São muitas perguntas para as quais não há uma resposta concreta. No século X não havia ainda Portugal e os do norte falavam galego, enquanto os do sul falavam árabe. Passaram-se onze séculos e muita coisa mudou. Dos povos que povoaram a península colhemos várias coisas, mas foi dos romanos que mais aproveitamos, no que diz respeito à Língua. A Língua que falavam os romanos era o Latim, talvez não o latim mais clássico que se falava na era ante de Cristo, mas uma forma mais aligeirada, mais popular.
Países como a França, a Espanha ou Portugal fizeram da Língua de Roma a génese da sua própria Língua, tal como chegou até nós e a falamos, no Século XXI. Mas há uma coisa que em Portugal derivou de forma diversa do Francês ou dos "dialectos" falados em Espanha. Falo dos ditongos e do uso do til, o sinal gráfico que nos ajuda na formação dos tais ditongos.
Vou pegar num exemplo que é muito bom para demonstrar aquilo que vos estou a tentar transmitir. A palavra "grão" vem do latim "grannus". Os franceses ficaram-se pelo "grain" que os ingleses mantiveram por não terem uma ideia melhor para descrever a tal coisa vinda do sul. Os espanhóis não foram além de trocar o "u" por um "o" que é uma vogal muito mais democrática.
Mas os portugueses - reparem que mudei de parágrafo e tudo para falar das nossas diferenças - tiveram a habilidade de trocar os "nn" por um til, além de seguirem os espanhóis no uso do "o". E ficaram com a palavra final "grão" que nós usamos sem o mínimo problema, mas que os não-portugueses se vêem à rasca para pronunciar. Aconteceu o mesmo com os limones e outras palavras semelhantes, oriundas do Latim.
Lembrei-me disto ao ouvir o nome escolhido para o novo aeroporto de Benavente (que não de Lisboa ou Alcochete), Luís de Camões. Ninguém faz a mínima ideia de onde, ou de que deriva o nome Camões, mas seguindo a fórmula latina de construir os nomes, Camones era o apelido de um descendente de Camo (seja lá isso o que, ou quem, for). Para nós, tudo bem, no problem, Camões is all'right!
Mas imagino, por esse mundo fora, desde o continente americano ao asiático, nos balcões de check-in a dificuldade em pronunciar o nome do aeroporto de destino, pois ninguém conhece o til, fora das nossas fronteiras. Perdão, os espanhóis conhecem, mas colocam-no em cima das consoantes, como no nome do seu país, España.
Não há pai para os Lusitanos! Demos cabo do juízo aos Romanos, quando eles andaram cá pela Península e metemos-lhe um til em cima das vogais que é para eles saberem com quem se estão a meter!
Não há pai mas é para o administrador deste espaço!
ResponderEliminarParece um catedrático a falar ... tudo tão explicadinho que só não o entende quem for...duro de ouvido!
Eu aplaudo, entusiasmadíssima.
Gostei!
Bom dia
ResponderEliminarAbri os comentários e não pude deixar de ler o da amiga Janíta , e claro já nem precisei de dizer mais nada , pois estou completamente de acordo com ela.
JR