No tempo em que o Bairro Alto tinha casas de tias porta-sim porta-não, havia um papagaio preso numa gaiola à janela de uma dessas casas. Não sei quem o terá ensinado, mas ele fartava-se de gritar, abaixo o Salazar, morra o Salazar e outras frases semelhantes sempre a deitar abaixo o insigne doutor de Finanças que nos governou de 1932 a 1968.
Um dia, um agente da PIDE, já farto de ouvir aquilo, entrou na casa e levou o Anselmo (nome do papagaio) preso. Como não havia um sítio adequado para deixar o papagaio meteu-o no galinheiro, junto com galos e galinhas.
Os galos ao ver o bicho com penas tão lindas começaram a arrastar a asa, como fazem para trepar nas costas das galinhas. Ele não gostou do jogo e foi distribuindo e recebendo bicadas umas atrás das outras. Aos poucos até as galinhas corriam atrás do Anselmo, talvez movidas pelo ciúme.
Bicada para cá, bicada para lá, acabaram as galinhas por esticar o pernil e o papagaio ficar sem uma pena a cobrir-lhe a nudez do corpo. O PIDE encarregado do galinheiro apareceu para cuidar dos bichos, como fazia todas as manhãs, e ao ver aquele quadro perguntou: - o que aconteceu aqui?
O Anselmo, único falante naquele sítio, encheu o peito de ar e respondeu: - eles meteram-se comigo e obrigaram-me a tirar o casaco e quando isso acontece não escapa ninguém !!!
Esse Anselmo era valente e expedito!
ResponderEliminarUma Avis Rara, não pode nunca admitir que foi à guerra, deu e levou...
Gostei deste momento 'desopilante'.
: )
Boa tarde
ResponderEliminarTem um papagaio á porta de um restaurante em Espinho que o dono lhe ensinou a dizer quando os clientes saem:
Já pagas-te ?
JR
Outra versão desta anedota é a seguinte. Quando o galo se aproximava a arrastar a asa, o Anselmo levantou a sua asa direita e disse: - Para aí, camarada, eu vim para aqui preso por ser político e não por ser paneleiro!
ResponderEliminar