Em busca do «Tosão de ouro»!

 

Vou a caminho da Geórgia em busca do Velo de Ouro. A viagem é difícil, há tempestades e há sereias que cantam e encantam os marinheiros, mas o prémio final compensa. Trata-se de fio de ouro que compunha a lã do mitológico carneiro voador. Só hoje aprendi que "tosar" é sinónimo de tosquiar e tosão é-o de velo. Ou seja, rapar o pelo aos carneiros (e ovelhas) dizia-se tosar, no tempo do Império Grego. Houve tempos em que a  tosquia rendeu bom dinheiro aos criadores de ovelhas, hoje já não é assim. Ainda há quem aceite tosquiar esses animais a troco da lã, mas cada vez menos, pois a lã perdeu muito valor, ao mesmo tempo que a mão-de-obra subiu em flecha.

Estava eu à procura de um assunto que vos pudesse interessar e fui parar à velha Grécia, perto de 3 mil anos antes de Cristo. E pus-me a ler a epopeia da Argus (ou Argo) que é uma história de marinheiros, todos eles heróis e filhos de deuses. A mim custa-me muito acreditar que houve quem escrevesse, como eu estou a fazer agora, essas coisas que hoje encontramos na Wikipédia. Mas se há quem afirme que sim, quem sou eu para os contrariar?

Nos tempos modernos, não há carneiros voadores com lã de ouro, nem heróis que façam coisas extraordinárias e ainda sereias que encantem os marinheiros. Na minha juventude fui encantado por uma sereia chamada Filomena, mas tive que me separar dela, pois a futuro ao seu lado me parecia um destino pouco agradável.

A partir daí, fiquei curado e nunca mais fui em cantigas das muitas sereias que me passaram pela frente dos olhos. A vida real é coisa muito séria e não pode ser concretizada por sonhos idealizados sobre nuvens brancas. É tudo muito terra-a-terra e não há parto sem dor, embora, hoje, tenham sido inventadas anestesias para tudo.

E agora, adeus, vou ao médico de família que isso é que é a realidade!