quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Como acabou a história!

 

Isto era o Facebook da minha avó Maria

Aqui passava ela o tempo a lavar e esfregar com toda a sua energia as fraldas dos netos e as roupas do resto da família. Esta poça era alimentada pela água que brotava sem cessar da Fonte do Outeiro, mesmo ali ao lado direito da imagem. A casa em que nasci distava deste lugar cerca de 500 metros e como não havia ainda o luxo da água canalizada era aqui que vinham as minhas irmãs, de cântaro à cabeça, buscar o precioso líquido que servia para beber e cozinhar. Para os outros efeitos havia um poço na horta, de onde era tirada a balde.

Voltei a pegar no assunto, hoje, porque o meu post de ontem já ia longo demais e sei que alguns leitores não apreciam muito uma leitura prolongada de um assunto que lhes diz pouco ou mesmo nada. A Casa do Loureiro, situada no Lugar do Outeiro, foi nossa, desde Julho de 1939 até Outubro de 1960. Depois disso, a família emigrou para uma freguesia do concelho da Póvoa para ficar mais perto do local de trabalho do chefe de família. Ele andou sempre por longe, na Ilha da Madeira, em Braga, em Guimarães e, por fim, em Vila do Conde, até ao dia em que morreu e lá ficou sepultado. Em 1961, construiu uma casa humilde, onde juntou a família e acabaram-se as andanças motivadas pela procura de trabalho.

A velha casa de Macieira foi ocupada por outra família de caseiros do Sr. Loureiro que até ali tinham morado numa com muito menos condições que esta que lhes caiu do céu, quando nós de lá saímos. Com a morte do chefe de família e a natural saída de casa dos filhos que se foram casando e traçando um novo rumo para as suas vidas, a casa ficou novamente vazia e nunca mais lá entrou vivalma. Passei por lá, há algum tempo, entrei no eido e fui espreitar os lugares, onde tinha vivido e brincado, quando era miúdo. A grande divisão que servia de cozinha, refeitório e dormitório da avó e dos mais pequenos, estava sem telhado e lá dentro cresciam sabugueiros, cujos ramos ultrapassavam a altura dos muros. Vários anexos e acréscimos tinham sido construídos na casa que perdeu a sua personalidade e apagou aquilo que eu guardava na minha memória.

A horta e o poço lá continuavam, onde sempre estiveram, sem a mínima serventia, visto que a vida humana se retirara dali. Do lado poente da casa, passava um caminho que atravessava toda a aldeia e de todos os outros lados havia terrenos agrícolas que continuavam a ser cultivados pelos descendentes da família Loureiro que já vai na 4ª geração. Nesse aspecto pouco mudou, foram apenas eliminadas todas as latadas destinadas à cultura e do vinho e agora é um campo aberto, em que se semeia milho no verão e erva no inverno, tudo destinado a alimentar as vacas leiteiras que são agora a coqueluche da lavoura minhota.

E por aqui me fico, as minhas memórias voltarão, qualquer dia, com mais um capítulo, pois ainda mal fiz 16 anos e muito me resta para contar !!!

2 comentários:

  1. Bom dia
    Estas histórias do passado enchem-me o coração .
    Assim tivesse eu capacidade para fazer o mesmo sobre a minha infância e família .
    Por mim fico à espera de mais retalhos da vida do amigo.

    JR

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  2. Força na 'pena' que a história vale a pena ser contada.
    E lida, claro. Para isso cá estamos nós, leitores assíduos e atentos.

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