domingo, 7 de janeiro de 2018

Eu, o futebol e o cinema !

Quem passa por aqui pode ficar convencido que sou um grande fã de futebol e passei metade da minha vida nos estádios a aplaudir a minha equipa favorita. Nada mais errado, as vezes que entrei num estádio contam-se pelos dedos de uma mão só. Já gostar e falar do Benfica, a toda a hora, é outra conversa. Foi uma mania que começou em 1955 ou 1956, durante o meu primeiro ano como aluno interno do Colégio de Cernache. Todos os colegas (e não eram muitos) pareciam ter um clube predilecto, enquanto que eu não tinha nem fazia ideia nenhuma do que isso queria dizer. Quando me perguntaram de que clube eu era, respondi, de imediato, Benfica. A única explicação que encontro para isso é que o colega que dormia na cama ao lado da minha era da Póvoa de Santa Iria - chamava-se Moita - e passava a vida a falar no Benfica. Entrei para o clube do Moita e nunca me arrependi.
Bem, mas não era de futebol que vinha aqui falar hoje, isto é como uma maldição que se cola na pele da gente e não sai por mais que se lave e esfregue. Só tinha intenção de dizer que hoje não vou ver o jogo, pois é num horário em que não estou disponível, tenho algo diferente para fazer. Mas não morre ninguém por causa disso, alguém se encarregará de me contar o que se passou em Moreira de Cónegos e até sou capaz de passar ao lado do estádio do Moreirense, quando o jogo estiver a decorrer. E se ouvir o famoso «Grupo Organizado de Adeptos», em abreviado GOA, a gritar BENFIIIIIIIICA, o meu ritmo cardíaco vai aumentar uns pontos.
Porra, disse que não era de futebol que queria falar e lá foi mais um parágrafo inteirinho!
Bem o assunto era mais cinema. Ao contrário do que aconteceu com o futebol, passei metade da minha vida em salas de cinema. O primeiro filme que vi foi sobre os pastorinhos de Fátima, no salão da Casa do Povo da minha aldeia, nos anos em que andava na Primária e na Catequese, há muitos anos, portanto.


O segundo filme que retive na minha memória, não posso jurar que tenha sido o segundo filme da minha vida, mas anda lá perto, pois vi-o no colégio, talvez no 1º ano dos meus estudos, foi «O Feiticeiro de Oz», filme típico para crianças.
Depois disso, principalmente depois de abandonar o colégio, em 1959, nunca mais parei de ver filmes, todos os tostõezinhos que conseguia arranjar iam para a bilheteira dos cinemas. Nos 3 anos antes de ingressar na Marinha, eu era cliente do maior cinema que havia na Póvoa, o qual tinha uma série de bancos corridos de madeira, no ponto mais alto, encostados ao telhado, em que o bilhete custava 1$50. 
Os filmes favoritos eram quase sempre de índios e cow-boys. Muitos gritos, muitos tiros, muitos mortos, mas com o «artistinha» a escapar sempre ileso, sem um arranhão. Depois vieram os policiais, os de capa e espada e os de aventuras. Entretanto fui para a Marinha, ainda tive tempo de ver alguns, nos cinemas mais baratos de Lisboa, e parti para Moçambique, onde a festa continuou. Corri os cinemas todos de Lourenço Marques, desde a Baixa até à Avenida de Angola.
Era a fase dos filmes musicais, com o Gianni Morandi, os Beatles ou a Gigliola Cinquenti, uns atrás dos outros marchava tudo. Depois apareceu o James Bond e outros detectives famosos de quem já não recordo o nome. Da Máfia, de gangsters, do Al Capone e outros bandidos vi filmes sem conta.
Já depois de sair da Marinha, especializei-me em filmes sobre a Segunda Grande Guerra. Tudo o que aparecia cá na terra, passava a fazer parte da minha colecção. Na minha curta passagem pela emigração, na Alemanha, tinha um pequeno cinema, na porta ao lado da casa onde eu morava, que era especializado em filmes eróticos, por vezes a puxar um bocadinho para o pornográfico. Lá tive que ir espreitar, algumas vezes, para poder confirmar aquilo que ouvia contar aos outros emigrantes portugueses que viviam naquela cidade.
Como se pode ver, tirei um curso completo nessa matéria, mas em meados da década de 80, do século passado, resolvi construir uma casa, sonho antigo, e todos os tostõezinhos começaram a ser canalizados para comprar tijolos, telhas e outras coisas com que se fazem as casas. A partir daí, o cinema passou à história e eu passei a gritar, como um louco, pelo BENFIIIIIIIIIICA!!!!!!!!!!

5 comentários:

  1. bom dia amigo
    por mais que não se queira , a boca foge nos sempre para a verdade , e eis o que acontece, GLORIOSO BENFICA.
    até mais logo
    JAFR

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  2. Muito bem me contas a tua queda para cinema! Eu também ia à matine de domingo, aqui na Figueira, em África gostava dos batuques de sanzala, à bola só jogava quando encontrava a baliza aberta.

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  3. Neste mundo cada um,
    tem um conto para contar
    pois, eu não tenho nenhum
    para vos poder acompanhar!

    Diz "Tintinaine" com graça!
    não venho aqui falar de bola
    o que cameça também acaba
    tudo a que vem, vai embora
    sem de bola falar não passa!

    Filmes, alguns já vi,
    no mundo do amor
    vim andando até aqui
    com a graça do Senhor!

    Tenhas bom domingo a passear,
    pelas estradas aí do Norte
    se o Benfica lá for ganhar
    sejas benfiquista com sorte!

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  4. Um pouquinho melhor mas ainda convalescente, gostei de ler o texto e de saber porque é que é do Benfica. O meu Pedro mal começou a falar e ainda sem saber dizer Benfica, começou a dizer que era do fica. Um dia a madrinha disse-lhe. "Ó rapaz, então o teu pai é do Sporting, a tua mãe é do Porto e tu dizes que és do Benfica? Porquê?" E ele abriu-se num sorriso e disse "Por isso" Ou seja ele entendia que se escolhesse o Porto ou o Sporting, estava a dar preferência a um dos pais e o outro podia ficar magoado.
    Cinema também vi muito. Principalmente em Angola, onde havia muitos jogos à noite. O marido ia para os Coqueiros ver a bola, e eu para o restauração ver um filme. Bons tempos.
    Abraço e uma boa semana

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  5. Cheguei a casa em boa hora e sei que o Benfica ganhou com relativa facilidade. Vamos ver o que fazem os adversários.

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