Para desenjoar do futebol vamos falar um pouco da Marinha. A Marinha tal como a conheci, há já 50 anos, pois é provável que antes fosse diferente, assim como no presente pode também não ser igual. A Marinha do saco às costas cada vez que se mudava de unidade. E do saquinho pequeno, dentro do grande, onde iam os artigos de higiene e outras coisas que não queríamos misturadas com a roupa.
E também das tarimbas em que dormi belas sonecas e em cima das quais suei as estopinhas no primeiro verão que passei em Moçambique. O calor era tanto que tinha que estender uma toalha em cima da maca, antes de me deitar, e que no fim quase se podia torcer de tão encharcada que estava.
Não eram verdes como as que se vêem nesta imagem e, por vezes, tinham três andares de altura, como as que conheci no Corpo de Marinheiros do Alfeite. Na Escola de Fuzileiros, na Casa do Marujo, ou na Radionaval da Machava eram todos deste modelo, mas com uma diferença, os cacifos individuais estavam à cabeceira da cama, na Escola de Fuzileiros, e aos pés da cama, na Machava. E neste último caso tinham ainda a G3 pendurada aos pés da cama.
Nesta imagem vêem-se também os colchões de espuma de borracha que eu só conheci em Metangula, na primeira vez que lá estive. Mandaram-nos arrumar as macas num armazém e dormir em cima desses colchões. Em todas as outras situações por que passei, dormi sempre em cima da minha maca, do meu colchão de lã de ovelha, da sua capa de tecido cinzento e dos dois cobertores que comigo deram a volta ao mundo. Também foi em Metangula que encontrei as tarimbas de 3 andares, iguais às do Corpo de Marinheiros.
As tarimbas da Casa do Marujo e as noites mal dormidas que lá passei - eu e os outros todos, quase de certeza - davam para fazer um filme. O que elas abanavam de noite! E que conversas se ouviam, sem respeito algum pelo "Silêncio" que devia imperar depois das 22.00 horas. Era a rotina das noites passadas em Lisboa, uma rápida passagem pela Rua do Ferrugial, um último copo e ala para a nossa "Casa" antes que nos fechassem a porta.
A imagem é/era da caserna dos voluntários na EAM em VF de Xira e sim senhor... as camas eram todas sportinguistas. O lugar já há anos abandonado pela Briosa está neste momento degradado e à venda.
ResponderEliminarG3 aos pés da cama????
ResponderEliminar-A minha "dormia" comigo.
Ganda namorada,a querida G3 !!!
A marinha, aliás, os meus monitores ensinaram-me umas coisas que me fizeram mais homem, mas na minha vida profissional foi um atraso de seis anos.
ResponderEliminarMas continuo a dizer: VIVA A MARINHA.
Na Marinha dormiste sempre em cima dum colchão de lã de ovelha. Foste um felizardo. Eu no Exército em Vila Cabral, dormi em cima dum colchão, o algodão não engana. Mas, quando fui para o Rio Lunho, o colchão ficou em Vila Cabral. Lá à minha espera estava colchão de espuma-terra. Fui um sacrifício má de gramar, mas o combatente nasceu para lutar e vencer. Foi isso mesmo que aconteceu. Caso contrário não estaria aqui hoje a comentar o texto que escreveste sobre a Marinha. Quanto a armas a minha amiga era a espingarda FN, enquanto eu dormia, à cabeceira da cama ela me protegia!
ResponderEliminarCorrijo: Em vez de fui. Foi!
ResponderEliminarRecordar é viver, dizem.
ResponderEliminarAbraço