domingo, 17 de dezembro de 2017

Crónica de domingo !

Li nas notícias que as coisas na Guiné não vão pelo melhor caminho. Por vezes dou por mim a perguntar se eles, os guineenses que não ligam nada à política, gostariam de ser ainda governados por Portugal. Nós também não nadamos em riqueza, mas sempre vivemos um pouco melhor que eles. Ser livre é uma grande coisa, mas se for de barriguinha cheia sempre é melhor. Ao chegar a este ponto, vem-me sempre à ideia a fábula de «O cão e o lobo» que tínhamos nos livros da Primária.


A acompanhar a notícia vinha esta fotografia que o jornalista escolheu, penso eu, porque onde há porcos e pessoas à mistura é sinal de miséria. Talvez até seja, mas eu ao ver aquele porquinho penso logo noutra coisa que talvez vocês que já me conhecem bem, são capazes de já estar a adivinhar. Esqueçam os guineenses por momentos, pois nada podemos fazer para os ajudar a curar a sua teimosia, e concentrem-se na imagem seguinte.


O porco já virou rojão e chouriço e está na mesa para uma verdadeira festa do nosso paladar. Ao domingo é dia de ementa melhorada e que tal uns rojõezinhos e sarrabulho, à moda do Minho? A malguinha de porcelana para beber o tinto (com o dedo indicador mergulhado no dito para lhe aumentar o sabor) é imprescindível, é bom não esquecer. Hoje, com o dia bonito como ele está, com o sol a brilhar tanto que até fere os nossos olhos, esta é a receita ideal para nos esquecermos do frio do inverno, da falta de dinheiro e de todas as outras desgraças que tentam estragar-nos a vida.


Não se preocupem que eu não me esqueci do resto do porco. Hoje comemos os rojões e durante a semana trataremos do resto. Este prato que a imagem retrata tem um nome que pode não vos agradar, bofes de porco, mas que é a alegria deste rapaz que daqui vos escreve. Aquela gordurinha que vêem a escorrer na travessa faz acelerar o coração - lembram-se que o meu esteve quase parado, no ano passado? -  e não deixa que a nossa pele ganhe rugas. Se incluírem este prato no vosso menu, verão que a pele da vossa cara ficará como a do cuzinho de um bebé.


Bem, estou a esquecer-me que entre vós pode haver quem não aprecie este tipo de iguarias, mas há sempre uma solução para tudo. Que tal cozido no pote? Para quem vive na cidade é capaz de ser impossível, mas a quem vive na província e tem a possibilidade de cozinhar a lenha, a melhor maneira de fazer esta receita é usando o pote (aquela panela de ferro fundido com três pernas e uma argola, para quem quiser ou puder pendurá-la numa trave do telhado), metendo lá dentro todos os ingredientes (boas carnes de porco, bons enchidos, boa hortaliça), fazer uma boa fogueira em redor do pote (e até por cima, se quiserem), ir dar um passeio e voltar duas horas depois para comer o resultado da experiência. Não há coisa melhor, garanto eu.
Ah, não se esqueçam de adicionar água também, senão o cozido não coze!

4 comentários:

  1. Bom dia
    com rojões ou com cozido
    e este dia de sol
    no Alentejo ou no Minho
    ate se esquece o futebol

    JAFR

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  2. Esta tua ementa de hoje fez-me crescer água na boca e lembrar-me das matanças antigas nas aldeias, mas olha que se passa por aqui um vegetariano vai virar a cara ao lado por ver o porquinho no prato! Eu tenho melhor para ti, vai ver a ementa que te preparei para a noite de Natal, segue até ao "Figueira Minha", e diz-me se gostaste!
    BOM DOMINGO.

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  3. Está um lindo dia de sol a brilhar,
    melhor seria se estivesse chovendo
    se a ausência da chuva se prolongar
    um futuro desastroso estou provendo!

    Já se lá vai o tempo,
    em que antes do Natal
    viu o porco sofrendo
    para nos dar afinal
    depois um bom sustento!

    O Natal deveria ser,
    festejado à moda antiga
    sem desperdícios se fazer
    mas, satisfazer a barriga!

    Beber e comer sem exageros,
    também no dia seguinte pensando
    ainda me lembro daqueles torresmos
    não pensem que estou aqui exagerando!

    Se Jesus nasceu num estábulo,
    teve a manjedoura como berço
    festejando esse dia do passado
    a todos eu feliz Natal desejo!

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  4. Em tempo de frio, esta provocação não está nada mal ; depois, também sou forte candidato ao petisco apresentado, mesmo em qualquer altura do ano . Já quanto à Guiné, não me parece que por ali haja futuro promissor ; tanto mais que os anos passam, a justiça é algo que se ignora, honestidade e competência são desconhecidas por muitos dos que abundam naquelas paragens, pelo que a miséria prolifera para a esmagadora maioria dos guineenses que, se mal estavam pior ficaram, em consequência da sua independência . Seja como for, tornaram-se independentes, dado o direito que lhes assistia, lutaram por isso e daí o seu preço, embora inflacionado a extremos, perante resultados catastróficos proporcionados pelos que têm conquistado ou usurpado o poder, pondo em prática total prepotência, incompetência, aldrabice e corrupção, inqualificáveis . Assim, não surpreende grandemente a mistura apresentada na respectiva fotografia . Um abraço .

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