O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
Bonito do nosso grande carola Fernando Pessoa!
ResponderEliminarOutro assunto: Se estiveres em forma vai-te inscrever ao "Caminhada do Oeste", para aquela que vai ser a primeira caminhada de 2018, o prémio é excelente, acompanha-nos. FELIZ ANO DE 2018.
As dores fazem sofrer,
ResponderEliminareu bem que te entendo
não te apetece escrever
chibante sem mostrengo!
Ser em prosa ou poema
ResponderEliminarO que importa é escrever
O que importa é o tema
Para a gente se entreter
Podes escrever sobre tudo e mais alguma coisa, excepto "fake news" estilo ALA (Toninho Lobo Antunes)!!!
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