sexta-feira, 22 de agosto de 2025

A caminho da escola!

 No dia 7 de Outubro começou o Ano Lectivo 1951/1952. Eu tinha completado 6 anos, no dia 9 de Março e, supostamente, teria direito a entrar na Escola Primária nesse ano. Mas, alegando ter alunos em Excesso, a professora não aceitou a minha matrícula dizendo para lá voltar no ano seguinte.

A minha mãe não gostou nada da decisão da professora (D. Alexandrina), mas não conseguindo contrariá-la arranjou uma solução de recurso. Sendo costureira e amiga da professora (D. Josefina) que ensinava da escola da vizinha freguesia de Courel, pediu-lhe para me matricular ali, pedido de ela satisfez de imediato. A freguesia era pequena e os alunos poucos pelo que não lhe causava qualquer transtorno aceitar mais um aluno.

Assim, no dia seguinte, a minha mãe pegou-me pela mão, como convém a uma mãe cuidadosa, e passo a passo guiou-me até à porta da escola e entregou-me à D. Josefina que se encarregaria de me ensinar as primeiras letras e os 10 números que usamos no nosso dia a dia, seja para ler, escrever ou contar os poucos tostões que tínhamos no bolso, nesse tempo difícil do pós-Grande Guerra.

E em cada bifurcação ou encruzilhada do caminho, ela ia-me dizendo: - Sabes onde estamos? Fixa o caminho para não te perderes, pois no fim da escola tens que voltar para casa sozinho! E eu, sem pensar muito nas dificuldades da empreitada, ia respondendo sempre que sim. A tiracolo levava a bolsa feita de cotim e dentro dela a ardósia (lousa) e o respectivo lápiz feito do mesmo material. Já não me lembro bem, mas diria que nesse primeiro dia era tudo o que levava, além de um naco de broa para comer na hora do recreio.

No fim da aula, à hora do almoço, não tive a mínima dificuldade em fazer o caminho de regresso a casa. E assim continuei a fazer em todos os dias úteis, até ao fim de Junho do ano seguinte. Com o começo do inverno, a saída de casa era ainda no lusco-fusco das manhãs frias e, por vezes, chuvosas. Nunca usei guarda-chuva para me abrigar e ainda não era conhecido o plástico. Os sapatos nunca se molhavam, pois andei sempre descalço até ir a exame da 4ª Classe. Usei muitas vezes um saco de serapilheira, dobrado em forma de capuz, que punha na cabeça e me cobria as costas até à altura dos joelhos.

À luz da vida que, hoje, levam as nossas crianças isto pode ser difícil de acreditar, mas foi assim, sem tirar nem pôr, que passei aqueles 9 meses. O caminho era longo, cerca de 3 quilómetros por entre pinhais e era preciso dar muitos passos com as minhas ainda curtas pernas para ir de um extremo ao outro.

Até a mim custa a acreditar que a minha mãe tenha tomado tal decisão, pois mandar uma criança de seis anos caminhar 3 quilómetros por entre campos e pinhais, para não atrasar um ano a instrução primária do seu filho mais velho. Mas ela era de ideias fixas e quando tomava uma decisão não havia quem a fizesse voltar atrás.

A cozinha da casa onde nasci ocupava a parte norte de um barracão de tamanho considerável, em que ao centro funcionava uma espécie de sala comum e na parte sul o dormitório, onde dormia a minha avó coma as duas netas mais novas e num catre improvisado pelo meu pai, colocado aos pés da cama da avó, dormia eu e um irmão 2 anos mais novo. A minha mãe e o meu pai (quando estava em casa, coisa rara) dormiam na sala de costura e as minhas duas irmão mais velhas numa divisão ao lado a que chamávamos a "sala velha".

Pelas 7 e meia da manhã, a avó "suscava-me" para fora da cama e dava-me o pequeno almoço que quase sempre, pelo menos no inverno, constava de uma tigela de migas de broa de milho. E pouco depois, de sacola ao ombro, lá ia eu a caminho da escola de Courel que muito mas ensinou, mas de pouco me serviu, pois no ano lectivo seguinte a D. Alexandrina matriculou-me, de novo, na 1ª Classe e não houve palavras da minha mãe que a conseguissem fazer alterar tal decisão.

Criança sofre, dizia um humorista de quem já não recordo o nome! E esse ano de escola em Courel foi-me bem pesado, para além de não ter servido de nada, a não ser dar chatices à D. Alexandrina, pois eu já sabia tudo aquilo que ele fazia os possíveis por ensinar aos meus colegas de turma, por vezes com pouco sucesso, o que me dava a chance de me armar em "sabão". Ainda levei uns quantos bolos por causa disso e o maior culpado era o Delfim, meu colega de carteira, que passava o dia a queixar-se à professora dos meus dotes de sabichão.

Depois de todos os anos que passaram e das mudanças ocorridas em Portugal e no mundo, recordo com saudades os tempos da minha infância, mas não esqueço as dificuldades que tive até ser adulto e dono da minha própria vontade!

Eis a minha pequena escola, à margem da EM 504

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Farto de teorias!

 Está na moda ter uma opinião sobre o que se passa na Ucrânia ou tecer uma teoria acerca do que pensam e/ou vão fazer Putin e Trump. Aldrabões e oportunistas são ambos, pelo que qualquer teoria pode cair pela base uns minutos apenas depois de ter sido expressa. Adivinhar o que lhes vai na cabeça é como um exercício de contorcionismo, pode dar para o torto.

Assim, decidi não comentar o que se passou na Casa Branca, na passada segunda-feira, porque vi ali muita gente que teria feito melhor se tivesse ficado em casa. Foram ali para apoiar o presidente ucraniano, mas passaram o dia a vergar a mola e fazer vénias ao colosso/molosso americano. O tempo ensina-nos muita coisa, por isso vou esperar por essa lição do grande mestre.

Como estamos numa quarta-feira europeia, vou virar-me para o futebol e para o meu Benfica que está em Istambul, cidade também conhecida pelos nomes de Bizâncio ou Constantinopla que nos contam a história de quem por ali reinou no passado, para aguentar os mind-games de Mourinho, antes de o jogo começar e os pontapés na bola dos turcos, mal comece o jogo.

Nesse campo não há teorias que nos salvem se a bola não entrar na baliza. Teoricamente, o Benfica é a melhor das duas equipas, mas estatuto não ganha jogos, é preciso dar ao pedal para chegar à baliza do adversário e ter habilidade suficiente para enfiar a bola lá dentro. Mas isso veremos, logo à noite, durante os 90 minutos que durará o jogo.

E no fim veremos se se comprova a teoria !!! Carrega Benfica !!!

terça-feira, 19 de agosto de 2025

O idioma falado no Brasil será chamado BRASILEIRO!


Decidi publicar aqui o video a que me referi na publicação anterior.
Talvez haja quem se interesse pelo assunto e são apenas 7 minutos perdidos!

A Língua de Camões!

 Há dias, ouvi alguém afirmar que dentro de poucos anos será Angola o país com mais falantes da Língua Portuguesa. Achei estranho e levei aquilo à conta de um erro de palmatória do "gajo" que na televisão falava sobre o assunto.

Eu sei que o Brasil se aproxima dos 220 milhões de habitantes, embora muitos a viver no estrangeiro, depois dos chineses devem ser os brasileiros com quem esbarramos mais vezes por esse mundo fora, mais 40 milhões em Angola e Moçambique, 10 em Portugal e outros 10 juntando o resto do que sobrou do nosso antigo império, tudo junto dá uns 320 milhões de almas que sabem dizer: eu amo, tu amas, ele ama!

Na internet dizem que são 260 milhões os falantes da nossa Língua, ou seja, ninguém se entende nem está de acordo a esse respeito. Mas voltando á questão de que ouvi na televisão, andei a perguntar por aí se alguém tinha ouvido aquilo e se tinha uma explicação para isso. Encontrei apenas um que disse ter ouvido aquilo e que há um projecto para oficializar a «Língua Brasileira» (disse ele) de modo a acabar com as alarvidades que ouvimos da boca dos brazucas que mesmo vivendo em Portugal dezenas da anos teimam em manter aquele sotaque de língua crioula (crioulo é aquele que não é branco nem preto, mas uma mistura dos dois).

Mas subtraindo os 220 milhões que passariam a falar «Brasileiro» dos meus 320 milhões, sobram 100 milhões e os angolanos, mesmo que forniquem à velocidade da luz ainda demorarão uns anos a ultrapassar os 50 milhões, ou seja, a metade dos tais 100 milhões de falantes da nossa Língua, nas minhas contas. E depois há ainda a particularidade de, nos restos do nosso antigo império, o tal que ia do Minho a Timor, a esperança de vida é muito menor do que no nosso mundo, assim como a mortalidade infantil bate recordes e dificulta o crescimento da população.

Por outro lado devo confessar que ficaria bastante aliviado se parassem de dizer que os brasileiros falam português, pois odeio os pontapés na gramática que eles dão, mal abrem a boca. Então se falarmos na Fonética que é a primeira das 3 ciências que estudam a nossa Língua, aquilo não são pontapés, mas sim um verdadeiro assassinato que fazem da Língua que nós andamos a aperfeiçoar, e com muito melhores resultados que os nossos vizinhos europeus que se consideram latinos, desde que os romanos abandonaram a Península Ibérica (por volta do Século IX).

Outra coisa que me dói é ouvir alguns pretos de Moçambique - mais que os de Angola - a imitar os brasileiros, dizendo "treinamento" em vez de "treino", ou "pronunciamento" em vez de "pronúncia". Só me falta ouvir que chamem poloneses aos polacos. E, como os brasileiros são muitos mais que nós, os portugueses, a Wikipedia está ficar "muiiiiito" abrasileirada para o meu gosto.

A mania dos brasileiros pronunciarem todas as vogais como se estas levassem um acento agudo, de eliminarem o "r" no final dos verbos, acrescentando um acento agudo na última vogal, ou ainda pronunciarem os "d" como "tch" mexe-me com os nervos, por isso eu aprovo que seja criado e reconhecido o «Brasileiro», como língua oficial de quem não tem o gosto ou orgulho de ter sido português, num passado não muito distante.

Tenho dito !!!

Comentários deixados num video do Youtube que acabei de ver


segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Hoje é que é!

 

A cada dia que começa tudo pode mudar. E, hoje, parece ser o dia em que algo vai mudar, algo que poderá impactar a minha, ou as nossas, vidas.

Estou a pensar nas guerras, nos incêndios que são uma verdadeira guerra, em que já há vítimas mortais e tudo, e ainda na guerra que é o futebol, em que há milhões em jogo e onde há dinheiro há sempre guerra para ver quem fica com ele, todo ou em parte.

I - A guerra do Futebol

Deixem-me começar pelo futebol que, para mim, é uma espécie de guerra virtual e quer ganhe um ou outro daí não virá grande mal ao mundo. Tomando os 4 grandes do nosso futebol como exemplo, vemos que o SCP é cada vez o melhor e que continua a impor o seu ritmo com ou sem Gyokeres. Ontem, foram só 6 golos com 3 jogadores a mostrarem o seu "indiscutível" valor. O Trincão já bem conhecido, o sul americano pago a peso de ouro e o rapaz das melenas que o treinador foi buscar a Guimarães, todos eles bisaram nos golos.

O Braga que ano após ano tem provado que merece ser respeitado como o 4º maior da nossa Liga ontem averbou mais uma vitória e mostrou que tem gás para muito mais, quer seja por cá ou lá por fora, pois anda envolvido em competições internacionais, como compete às grandes equipas.

O Porto só joga logo à noite e logo com o meu clube de Barcelos (azar o meu) e acho que ganhará sem grandes dificuldades. Pelo que jogaram na primeira jornada e mesmo com o "habilidoso" Mora sentado no banco a roer as unhas, parece-me que tem equipa para dar muita dor de cabeça aos adversários.

Por último, o Benfica que ainda só jogou uma jornada, em que teve uma enorme dificuldade para marcar um golo e de penalty, tem que se pôr a pau com os outros 3, pois não provou ter unhas para os esgatanhar. Isto quer dizer que vou ter muita dor de cabeça, nos próximos tempos, a começar já esta semana com o jogo contra os turcos do Mourinho.

II - A guerra do Fogo

O segundo assunto desta minha publicação de segunda feira (monday, montag, lunes, lundi ou lunedi) é o dos incêndios que grassam no interior do país, já queimaram muitos hectares de mato, mataram algumas pessoas e deram grande prejuízo e desgostos a muitos aldeãos do nosso Portugal profundo. A protecção civil e os bombeiros não se entendem e o governo e a sua ministra têm feito vergonhas ao lidar com a situação. Depois de muitos episódios com os helicópteros e aviões, em que ninguém fica bem na foto, chegam hoje uns aviõezitos vindos da Suécia que já deviam ter chegado ontem, mas só amanhã começarão a operar.

Começaram em força no distrito de Viana do Castelo, ardeu a serra de Arga, a serra Amarela, chegou a Ponte da Barca e entrou nos terrenos da Peneda/Gerês. Ainda antes de dominarem esse incêndio, começou a arder por todo o lado, em especial nas Beiras, mas também em Trás-os-Montes e até no Alentejo e serra de Sintra. Um autêntico desastre, uma verdadeira guerra!

III - A guerra da Ucrânia

O meu terceiro assunto tem a ver com o Trump e as suas "trumpalhadas". Depois da vergonha que fez passar o presidente da Ucrânia na Sala Oval e os salamaleques que fez ao Putin, no Alaska, espero que hoje proceda de modo diferente e respeite a posição de quem é um seu par. E espero também que a troupe europeia que acompanha o Zelensky saiba desempenhar o seu papel e não faça como o pretinho das missões (lembram-se desse bonequinho?) que só sabe abanar a cabeça.

O chefe da NATO não vale um caracol e só faz o que ao Trump agradar, mas tanto a presidente da Comissão Europeia, como os chefes políticos da França, Alemanha, Inglaterra e não sei mais quem, têm que honrar a posição que ocupam e mostrar ao "palhaço" do Trump com quantos paus se faz uma canoa! Estou ansioso que passe este dia para ver o que conseguem aqueles cromos, ou se vão fazer as coisas ao gosto do urso siberiano. 

domingo, 17 de agosto de 2025

Filhos de pai Tuga!

 

Tenho sido solicitado, várias vezes, para tentar encontrar os militares que passaram por Metangula e deixaram lá filhos. Há histórias simples e outras complicadas que não dão a mínima vontade de explorar ou tentar resolver.

O caso mais caricato é o da Rita Silva que queriam a todo o custo que fosse minha filha e tive que tirar a amizade a alguns mais chatos que me enchiam a página do Facebook de insultos e comentários pouco abonatórios.

Mesmo não tendo nada a ver com o assunto, eu quis desvendar o mistério do apelido Silva ter ficado em Metangula. Segundo as informações que recolhi, o pai da Rita era fuzileiro e teve um filho a que deu o nome de Jorge e o trouxe consigo no regresso a Portugal.

Depois de muito fuçar consegui chegar até à aldeia, em que hoje mora o Jorge e que agora usa o nome de Paulo (Paulo Jorge é o seu nome completo) e conhecer o nome do seu pai. Sem saber como ele reagiria a um telefonema meu sobre o assunto, preferi ir através de um seu amigo e camarada de armas que pertenceu ao mesmo Destacamento de Fuzileiros Especiais.

Tinham-me dito que a Rita era irmã deste Jorge e todos (em Metangula) assumiam que o pai era o mesmo. Mas, de facto, não é assim e esse camarada do pai do Jorge contou-me o filme todo e que é uma autêntica novela que mereceria ser televisionada. Eram dois amigos fuzos e cada um tinha a sua lavadeira - foi assim que começaram muitas das histórias que levaram ao nascimento desses bebés sem pai - com quem tiveram uma ligação íntima.

O pai da Rita terminou a comissão e regressou a Portugal, enquanto o amigo teve a sorte, ou o cuidado de não engravidar a sua lavadeira. Mas elas que eram amigas apresentaram a mãe da Rita ao recém-chegado pai do Jorge que a recebeu como lavadeira e se meteu na tarimba dela também. Pouco tempo depois ela ficou grávida. Quando a gravidez ia já em estado avançado, a mulher começou a passar mal e acabou por falecer, durante o parto.

Mas o pai da criança fez todos os possíveis para lhe salvar a vida e trouxe até alguns camaradas fuzos para lhe dar sangue, enquanto ela agonizava. Um desses foi quem me contou a história toda, estiveram ambos à cabeceira da parturiente até ela exalar o último suspiro. A transfusão de sangue era feita, directamente, da veia do dador para a veia da agonizante e ele só retirou o cateter do seu braço, depois de confirmada a morte dela.

O bebé nasceu forte e saudável, como verdadeiro ribatejano, filho de Moço de Forcados. Ficou ao cargo de uma irmã da falecida que também já tinha criado a sua meia-irmã Rita. No fim da comissão, quando o fuzo ribatejano regressou à Metrópole, o bebé (Jorge) veio com ele. Segundo diz o amigo, o pai da criança não quis que o seu filho ficasse entregue àquela vida miserável que se vivia em tempo de guerra, sem pai nem mãe. Falou com o comandante e arranjou um documento para poder trazê-lo consigo.

E junto da sua família - que eu não sei se já tinha ou formou depois - criou o Paulo (o Jorge ficou para trás, em Metangula), educou-o e formou-o como professor de Educação Física. As tias da Rita (ela tem várias) acusam-no de ter uma vida boa, aqui em Portugal, e nunca ter querido saber da sua meia-irmã que sofreu as passas do Algarve para chegar à idade adulta e vive, ainda hoje, com dificuldades. Amor não deve haver nenhum, mas se ele lhe enviasse uns euritos seria o melhor dos irmãos.

Um dia atrevi-me a falar com ele e perguntei-lhe se sabia a sua história e que tinha uma irmã, dois anos mais velha que ele, em Metangula. Disse-me que sim e prometeu que falaria com ela. Algum tempo depois, um amigo e vizinho dela que faz parte do meu grupo de «Amigos de Metangula», fez uma chamada de video e pô-la a falar comigo. Perguntei-lhe se já tinha falado com o Jorge (ela continua a chamar-lhe assim) e ela disse-me que não.

Fiz-me amigo do Paulo, no Facebook e um dia perguntei-lhe se ele não tinha planos para visitar Metangula e conhecer a sua irmã e as tias (uma delas trabalha no gabinete de turismo de Lichinga, outra é enfermeira) que vivem no Niassa. Disse-me que enquanto o pai for vivo nem pensar, pois o proibiu até de mencionar o nome de Metangula, lá em casa. A partir daí desliguei-me do assunto por completo.

Ontem, recebi um novo pedido para localizar um antigo tripulante da LDM 405 que deixou lá uma filha, nascida em 1973. Ele regressou a Portugal já depois do 25 de Abril e deve andar na casa dos 75 anos. Talvez o conseguisse localizar, mas prefiro manter-me à margem disso. Há famílias que não apreciam muito a hipótese de terem esquecido, lá longe, um parente mulato! 

sábado, 16 de agosto de 2025

Trump - 2 hipóteses!

 Hipótese 1 - O Putin riu-se dele e das suas palavras, amarfanhou-o todo e mandou-o para casa, em menos tempo do que me leva a contá-lo! Tenho que falar com a NATO e o Zelensky, disse ele à laia de desculpa para não ter conseguido nada daquilo que se fartou de prometer, ou seja, acabar com a guerra.

Hipótese 2 - Encontraram-se os dois, apertaram as mãos e foram para a sala de reuniões, onde trataram dos seus negócios, e são muitos, durante as 3 horas e tal que durou a reunião. Como ainda não li os jornais nem ouvi qualquer comentário em que eu possa acreditar, acredito que falaram de armas e munições, de quem as fabrica, as vende e/ou compra, do nuclear que terá que ter um novo acordo assinado, antes de Fevereiro de 2026, da NATO e da decisão irrevogável de não permitir a adesão da Ucrânia e depois dos restantes assuntos que ali os levaram.

E os restantes assuntos são de facto o busílis da questão. No caso da exploração mineira dar a primazia aos EUA e não à China, na venda de hidrocarbonetos uma fatia para cada um, na exploração de novas jazidas, em especial para lá do Círculo Polar Ártico, juntar esforços e dividir custos assim como lucros. Quanto às sanções que estão em vigor arranjar um bipasse para as ladear ou reduzir o efeito, quanto a novas sanções ... nem pensar ou vai tudo por água abaixo. E quanto aos bens congelados, eu acredito que o Trump prometeu ajudar naquilo que puder.

Como, desta vez, foi permitida a presença de terceiros dentro da sala, espero que em breve haja quem nos faça saber o que ali se passou, pois se o Trump se deu a tanto trabalho só para ir apertar a mão ao amigo e descobrir se estava muito zangado com os States, é porque não tem os parafusos todos bem apertados, um simples telefonema resolveria isso.

Há ainda uma remota hipótese de o Putin ter proposto alguma espécie de acordo que será possível fazer com a Ucrânia e pediu a Trump para ser o mediador. Qualquer coisa como reconhecer as repúblicas de Donetsk e Luhansk , onde a exploração mineira será concedida aos EUA pela Rússia. Este sim, é um assunto prioritário para Trump, na luta que ele tem travado por fazer regressar as indústrias a casa.

E agora vou fazer uma pausa para ir ler as notícias e saber o que, de facto, se discutiu naquela sala! 

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Eu rapper!

 Enquanto espero o que no Alaska pode acontecer
Uma coisa importante vos posso desde já dizer
A Tasca Tia Tina foi para mim uma grande desilusão
Se passares na EN103, entre Viana e Barcelos
O meu conselho para ser amigo é, não pares não
Tudo o que lá tem são moscas em grande profusão
Mesas e cadeiras não vi, disseram-me que é uma tasca
Não é restaurante e me disseram para comer ao balcão
Não paguei muito caro e também não fiquei com fome
Mas comer em tal ambiente não é coisa para este home!

Outra coisa que espero com o coração aos saltos
É que o Benfica entre em campo, jogue e ganhe
Tanto ao Estrela como ao turco que o Mourinho treina
A vida está difícil, o Benfica vive em sobressaltos
Há vários anos que neste país a águia não reina
Tem sido o leão a ficar com a presa, maldita sorte
Os adversários têm gasto muitos milhões, o SCP e o Porto
O meu clube corre atrás do prejuízo, oh triste sina
Queremos os melhores a pisar a relva e animar a malta
Uma coisa sabemos, quem foi embora não faz cá falta
Para sustentar tanto artista temos que buscar ouro na mina!

Aqui na minha zona, o calor já se foi embora
Vamos habituar-nos de novo ao tempo frio
E pedir ao S. Pedro que nos faça chegar a chuva
Para apagar o que arde e fazer nascer uma ervinha
Para que os coelhos tenham algo para  matar a fome
E, vem aí a vindima, lavar o pó e cinza que há na uva
As nossas televisões lutam por melhores audiências
Mas passar as 24 horas de cada dia a mostrar o fogo
Que consome o interior deste nosso Portugal
Eles, os chefões, que ponham a mão nas consciências
Pois isso não nos faz nada bem, faz-nos sentir muito mal! 

Isto não é, nem de longe, Poesia
É uma lenga-lenga bem sentida
Arranjem um músico com mestria
Que me faça um rap de boa batida!

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Curiosidades!

 Há dois assuntos que despertaram a minha curiosidade e que tenho estado à espera de poder desenvolver. O primeiro tem a ver com a Língua Portuguesa e o segundo com aquilo que motiva o Trump a ir ao Alaska falar com o Putin. Como preciso de fazer algumas pesquisas e consultar estatísticas para falar do primeiro, vou concentrar-me no segundo.

Aliás, o tempo urge e se não me apresso o homem mais discutido da actualidade chega lá e lá se vai a novidade da minha publicação. O que eu quero dizer é que não vejo o que vá Trump discutir com Putin sobre a Ucrânia, quando Zelensky já avisou que não aceita que andem a discutir o futuro do seu país sem ele estar presente.

E tem muita razão, ou bem que mostra que é ele quem manda naquele país, ou Trump e Putin tomam o freio nos dentes e ninguém mais os apanha. É que se um é "passado dos carretos", o outro é ambicioso que se farta e se vir uma oportunidade de acrescentar mais uns hectarezitos ao seu território ficará feliz da vida. E não é um pedaço de terreno qualquer, antes é o mais cobiçado por muita gente que vive com falta de matérias primas para as suas indústrias.

 

Traçando uma linha vertical de Karkiv em direcção a sul, a parte que fica a leste é o que mais interessa a Putin. E a Trump também, pois tenho quase a certeza que ele estaria aberto a uma parceria de negócios com a Rússia para explorar as jazidas de minérios existentes naquela zona. Desconfio que este encontro a dois servirá para estabelecer um princípio de acordo sobre esse assunto.

E, é claro que a presença de Zelensky só iria atrapalhar, por isso nem um nem o outro o quere lá. Os líderes europeus, sozinhos ou em representação da União Europeia, também não têm tido grande vontade de se juntar à festa, pois, quase de certeza, sabem o que ali se vai discutir e que não é um ultimato dado ao presidente russo para parar a guerra. Assim do género, ou paras agora ou estás feito ao bife comigo.


O Trump já lhe marcou várias datas limite, ameaçando com o estrangulamento económico se o Putin não o ouvir. Mas o urso da Sibéria só tem uma coisa em mente, isolar por completo a Ucrânia, cortando-lhe o acesso ao mar. O mapa que vêm acima é o que está na cabeça de Putin e que leva para a discussão com Trump. Chegar até à Roménia, país da UE e NATO, e reduzir a Ucrânia a metade do seu território actual.

E sem direito a uma milha de costa marítima, onde pudesse criar um porto para exportar os seus cereais. Odessa é, de momento, esse porto, mas por causa das ambições de Putin e ainda por causa da Transnístria, território que deverá pertencer à Moldova ou Ucrânia, onde a Rússia mantêm um contingente militar de prevenção.

A montanha pariu um rato, é o que a imprensa internacional dirá logo que acabe a dita reunião. E eu estarei cá, pronto para fazer a minha análise que pode ou não coincidir com a dos outros!

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Tasca Tia Tina!


Tenho ouvido falar na Tasca da Tia Tina e como ando com vontade de dar uma volta, antes que se me acabe o gás, vou dar um pulo à freguesia dos Feitos que fica situada na parte noroeste do meu concelho, e testar se é só conversa ou se os petiscos da Tia Tina são mesmo de comer e chorar por mais.

Isto de comer e beber é um desporto que adoro praticar, ao invés de outros desportos que servem apenas para suar a camisola e obrigar a gente a ir para o chuveiro, logo a seguir. De água gostam as rãzinhas e também há quem goste de lhe comer as perninhas, se forem bem cozinhadas. Por estas bandas, não há quem goste de rãs ou caracóis e, como se pode ver no video, os comensais vão mais na bifana, na postinha de bacalhau, numas perninhas de polvo e outras coisas semelhantes.

Um pouco mais a norte, há um restaurante que serve trutas, com a particularidade de obrigarem o cliente a ir para a borda dos tanques, onde elas são criadas, com uma cana de pesca na mão e apanhar aquela que a cozinheira deve assar na brasa e servir com umas batatinhas cozidas. Mas não me sinto com dotes de pescador, nem me apetece muito comer peixe.

Outro dia poderá acontecer e apenas pelo passeio que não pelas pobres trutas que são ali lançadas medindo apenas 1 ou 2 centímetros de comprimento e acabam com 800 gramas de peso, no prato do cliente, alimentadas a ração, como se fossem coelhos. Mas não há nada que chegue a um coelho bravo, bem temperado e cozinhado à caçador. Tal como as trutas que se pescam nas ribeiras do Gerês, mas que nem qualquer um consegue fisgar.

E deixem-me sozinho que vou ficar a sonhar com a febra da Tia Tina até amanhã, ao almoço!

domingo, 10 de agosto de 2025

Transporte de Proteínas (Mitocondrial)


Numa pesquisa rápida que fiz, a propósito de outro assunto, dei de caras com este curto video e resolvi fazer a minha publicação de hoje à volta do assunto saúde.

No ano em que apareceu em Portugal a pandemia do Corona vírus (Sarscov2), andava eu a ser acompanhado por um médico nutricionista para reduzir o meu (exagerado) peso que me forçou a andar de muletas, por mais ou menos 2 anos, e depois de bengala, mais 2 ou 3 anos. Por causa da proibição de sair de casa e de frequentar ajuntamentos de pessoas, eu deixei de ir à consulta e, aos poucos, abandonei a dieta que me era recomendada.

Mesmo assim consegui "encolher" 20 Kgs e passar para baixo dos 100 que tinha ultrapassado, quando deixei de fumar, aos 44 anos de idade. O segredo passava por nunca comer carne nem pão e abusar na canela, nas saladas e outras coisas pobres em gorduras e proteínas. Mas ele procurava que eu ingerisse um mínimo de proteína, sem a qual o físico se vai abaixo, e usava o peixe para isso ou, em última análise, os ovos.

As proteínas de origem vegetal são as melhores e fartei-me de comer feijão e grão de bico. E depois há os peixes, alguns com um bom teor de ómega 6, cuja proteína é, de longe, mais saudável do que aquela contida numa posta à mirandesa. Ao pequeno almoço flocos de aveia com leite de soja e polvilhados com canela, aos lanches, ao meio da manhã e da tarde, bolachas marinheiras (caras para caramba). Esse tipo de coisas era o que mais me custava a engolir e a falta do vinho às refeições matava-me.

Um copinho de maduro tinto ele autorizava que eu bebesse, mas quem gosta de regar uma salada de alfaces com vinho tinto? Ele ensinou-me aquele truque de dividir o prato ao meio e reservar uma das metades para legumes crus ou cozidos, ao meu gosto, e depois dividir a outra metade em duas, uma das quais preenchida com arroz ou massa integral, mas de preferência com leguminosas e a outra com uma miniatura de peixe ou carne, esta de peru ou frango.

O video acima que explica a mecânica da absorção das proteínas pelo nosso organismo fez-me lembrar daquelas escadas que é comum ver ao lado das barragens e que servem para que os peixes que desovam nos rios consigam vencer o desnível criado pelo paredão da barragem. Foi essa analogia entre o caminho das proteínas e o dos peixes que querem desovar o mais a montante possível que me inspirou para escrever esta publicação de domingo, dia 10 de Agosto, dia em que a minha filha (do pecado) faz 54 anos.

Como o tempo corre!!!

Escada para peixes

sábado, 9 de agosto de 2025

Fim de semana de descanso!

 Não estou a falar de mim que descanso 7 dias por semana. Estou a falar do Glorioso que pediu à Liga para adiar o jogo com o Famalicão que, por causa das eliminatórias da Champions, ficou adiado para Setembro, em princípio para 23, mas ficará ainda dependente do apuramento, ou não, para a referida Champions.

Quer dizer que na geral, quando todos tiverem jogado esta primeira jornada, o Benfica aparecerá em último lugar com 0 pontos. Não tem nada de mal, mas é psicológico ter que ficar lá no fundo até à próxima jornada que o Benfica disputará na Amadora, contra o Estrela. Jogo que teremos que ganhar (como sempre) para sair do lugar de lanterna vermelha da classificação da Liga Betclic.

Mas, na próxima terça-feira, teremos um jogo de lotação esgotada no nosso estádio. Se ganhámos 2 a 0 ao Nice em casa deles, na Luz temos que multiplicar o resultado por dois e passar a eliminatória com distinção. O problema vem a seguir, pois teremos que defrontar o Feyenoord que tem a vantagem de uma vitória na primeira mão sobre a equipa de Mourinho, ou com o seu adversário se a vida não lhe correr de feição.


Por falar nisso, o Mourinho quer levar o nosso Harry Potter (Akturkoglu) para o Fenerbahce e só faltaria que ele viesse ainda a jogar contra o Benfica, no caso de o Benfica o deixar sair e o clube turco consiguir afastar o Feyenoord na eliminatória em que lhe falta ainda disputar a segunda mão. E pior que jogar seria marcar algum golo que nos deixasse fora da prova. 

Cruzes, canhoto, longe vá o agouro!

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Start line!

 

Hoje, à noite, começa a loucura que durará até Maio do próximo ano. O pontapé de saída vai ser dado, em Rio Maior, pelas 20.15 horas, e porá frente a frente o Casa Pia e os leões de Alvalade. Do ponto de vista de um desportista com fair play que ganhe o melhor, mas do meu ponto de vista, como adversário benfiquista, eu quero é que eles empatem e ambos percam pontos, deixando vago o primeiro lugar do pódio para ser ocupado pelo meu clube.

O Benfica já disputou dois jogos oficiais e ganhou ambos. Nesta primeira jornada defrontará o Rio Ave que, ontem, defrontou a equipa de Cristiano Ronaldo, num jogo particular, e "mamou" 4 a 0, com um hat-trick do maior do mundo nesta arte. Não digo que o Benfica faça outro tanto, mas ganhar espero que sim e sem grande dificuldade.

O mercado de transferências ainda estará aberto até 2 de Setembro e surgiu nas notícias de desporto a hipótese de dois avançados do Glorioso serem vendidos. O Pavlidis para Inglaterra e o Aktoglu para a sua terra natal, para ingressar na equipa de José Mourinho. Espero que o Rui Costa esteja atento e, caso a saída aconteça, que contrate para os substituir outros que sejam melhores ainda.

Isto é um negócio como outro qualquer e se o Benfica vender os dois por 100 e comparar outros dois por 50, ficará com grande lucro na operação. Só precisa de escolher bem, como fez com o Ivanovic que chegou e marcou logo no primeiro jogo. E não foi num jogo qualquer, mas na Champions, onde só têm lugar os melhores. A primeira condição é que tenham menos de 25 anos e a segunda que não sejam mancos.

Um conselho que dou ao Rui Costa é que pergunte ao Rios que jogador ele escolheria se fosse ele a mandar. Ele conhece todos os bons jogadores da América Latina e não lhe será difícil apontar um, quer venha da sua Colômbia natal, ou do Brasil, México ou Argentina. Também poderá vir do Uruguai ou Paraguai, pois já tivemos jogadores de sucesso vindos desses lados.

A meio da próxima semana, voltaremos a lutar contra os rapazes (?) do Nice e não conto com menos que uma vitória para podermos sonhar com a próxima Liga dos Campeões e os milhões que isso nos trará para equilibrar as contas. Isto é como em tudo na vida, o que conta é o dinheiro e andamos cá todos para o ganhar e quanto mais melhor. Quem não tem dinheiro não tem vícios, diz o ditado, mas nós temos vícios e caros, portanto o lema terá que ser: - ganhar, ganhar e ganhar!

Carrega Benfica !!!

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

A minha cerejeira!

 Agora, há cerejas à venda em qualquer canto do nosso país. As primeiras que aparecem e são a grande novidade nas Festas do Senhor da Cruz, na minha cidade de Barcelos, que acontecem no primeiro fim de semana de Maio, vêm de Resende, no Douro. Valem o seu peso em ouro e só chega a eles quem tem o bolso bem recheado. A minha pobre mãe nunca pensou em gastar os poucos tostões que ganhava na Feira Franca das Cruzes, nessas novidades.

Mas a zona de eleição das cerejas é a Cova da Beira e o concelho do Fundão. Aí a cereja é rainha e dá de comer a muita gente que vive de as cultivar de forma intensiva. Há as mais temporãs e as mais tardeiras, de modo a prolongar o negócio pelo máximo tempo possível. Começar a vender cereja em Maio e continuar a fazê-lo até fim de Agosto, ou até meados de Setembro, só é possível seleccionando cada tipo de cerejeira que se planta em cada pedaço de terra.

As encostas da Serra da Gardunha são um verdadeiro espectáculo em duas datas distintas. A primeira, no início da Primavera, quando as cerejeiras estão todas floridas. A segunda, quando as cerejas vermelhinhas aparecem entre as folhas da árvore. Basta soprar uma ligeira brisa para abanar com as folhas e mostrar as cerejas que, de outro modo se escondem da nossa vista. Nas minhas viagens profissionais subi e desci muitas vezes a Gardunha, mas nunca (que me lembre) na época das cerejas.

Já depois de reformado comecei a escolher esse caminho, cada vez que me apetecia ir até ao Alentejo. E fazia-o sempre na Primavera, antes que o calor me tirasse a vontade de sair de casa. Se não optasse por passar pelo cume da Estrela, escolhia o caminho que de Pombal nos leva a Castelo Branco e depois a Portalegre. Mas, se não fosse na ida, haveria de ser no regresso que passava pelo Fundão para encher o papo de cerejas.

Mas esta conversa toda foi apenas para vos abrir o apetite para as cerejas que quanto mais escurinhas mais doces são. Na minha infância gozei de um privilégio que poucos tiveram. A casa onde nasci inseria-se numa propriedade agrícola e atrás da casa havia uma enorme e centenária cerejeira que se carregava de lindas cerejas pretas todos os anos.

Quando o meu pai combinou com o senhorio (que foi o seu primeiro patrão, quando saiu da escola) o arrendamento da casa, este avisou-o que fora dos limites da casa e da horta que lhe estava anexa, não poderíamos entrar, de modo a evitar danos nas culturas agrícolas ali desenvolvidas. Na parte de trás da casa, do lado nascente, toda a área era coberta por ramadas de videiras e pelo meio dessas videiras furava o tronco da cerejeira que se elevava a uma altura considerável, em especial aos olhos de um puto com menos de 10 anos.

Eu sabia que estava proibido de andar por ali, mas desde que tivesse o cuidado de não partir alguma pernada das videiras ninguém daria por mim. Bem enganado estava, pois o rasto que deixava na erva alta, desde a porta da casa até à cerejeira, era mais fácil de seguir que qualquer traçado moderno guiado por GPS. Mas isso nunca me impediu de subir à cerejeira, tantas vezes quantas me apeteceu, e saborear as cerejas que me coubessem no pequeno estômago.

Nas lides agrícolas, os trabalhadores enviados pelo senhorio apareciam de vez em quando para tratar das videiras ou do milho que eram as duas culturas que ali de faziam. As cerejas só estavam comestíveis depois  das videiras devidamente tratadas e até à vindima, lá para fins de Setembro, não requeriam qualquer atenção. O milho sim que no calor de Agosto precisava de ser regado duas vezes por semana.

Mas eu já estava mais que habituado a essas rotinas e quando eles andavam por ali, as cerejas e as uvas ficavam excluídas da minha ementa. A nora que puxava a água do poço, puxada por uma junta de vacas galegas, tinha uma espera de ferro que cantava a cada lanço da roda dentada que servia para travar a nora e dar descanso aos animais, ou mantê-la travada, quando fora de uso. Quando se deixasse de ouvir aquele repetido plim-plim-plim era porque eles tinham acabado a sua tarefa e talvez ainda desse para dar um salto à cerejeira, antes de ser noite.

Depois das cerejas e das uvas, vinham as castanhas e as nozes e depois destas as laranjas que duravam até Março. Na primavera era uma secura, não havia fruta em que se pudesse meter o dente, era um desespero até que as primeiras peras ou maçãs se pudessem trincar e algumas marchavam mesmo verdes, á falta de melhor. A minha mãe, qual formiga precavida, guardava algumas maçãs que depois nos oferecia pelo Natal. Não havia dinheiro para outras prendas e tínhamos que nos contentar com o que havia.

Bons tempos esses em que eu ainda não sonhava ser benfiquista. Mas agora sou e cada vez mais convicto. Para vossa informação, ontem ganhámos aos franceses da Côte D'Azur por 2 bolas a zero!

No Minho usavam-se vacas ou touros
para puxar a nora, não havia gado muar

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Relembrando Hiroshima e Nagasaki!


80 anos se passaram e tanto os EUA como a Rússia ponderam repetir a experiência!
Parece que não aprenderam nada com a História!
Eu sou um dos que acreditam que a experiência não voltará a ser repetida, mas há quem gostasse de ver o resultado dessa maluquice!
Homens como Trump e Putin já viveram o suficiente e podem ser tentados a fazê-lo se não houver quem os trave!

terça-feira, 5 de agosto de 2025

O meu primeiro emprego!

Máquina de cardar

Um pouco antes de fazer 17 anos, o meu pai foi pedinchar aos seus vizinhos da Valfar - fábrica de tecidos que ficava do outro lado da linha de comboio, em frente da Chenop, subestação eléctrica, onde o meu pai trabalhava, desde Outubro de 1954 - um lugarzinho para empregar o seu filho mais velho que, depois do 5º Ano, abandonara os estudos. Por razões de ordem económica, claro, que o meu pai já tinha feito uma apertada ginástica orçamental para me manter como estudante até essa idade.

O Sr. Monteiro era o chefe de escritório e foi a ele que o meu pai recorreu. Através de uma intrincada rede de influências, no feminino, conseguiu que o pedido chegasse ao Sr. Monteiro, antes de o abordar à entrada do portão da fábrica, pelas 9 horas da manhã. Bom dia, Sr. Monteiro, venho aqui por causa daquele pedido que a senhora esposa do meu patrão lhe fez chegar, há alguns dias, disse o meu pai, enquanto rodava o chapéu entre as mãos nervosas.

Ele que venha, na próxima segunda-feira, às 8 menos um quarto e se apresente ao Sr. Machado da Casa do Pano, foi a resposta do chefe de escritório que depois se encarregaria de combinar com o tal Machado (fraca rês) para me receber. Estava traçado o meu destino e o meu pai regressou ao seu trabalho, de onde tinha fugido por alguns minutos, com o coração aos pulos de alegria. Eu era o filho mais velho e já me tinha encaminhado na vida, depois de o ter feito com o meu outro irmão (2 anos mais novo que eu) que já tinha empregado como marçano numa mercearia da vila.

A minha vida na Casa do Pano da Valfar não duraria muito. Em Novembro, desse mesmo ano de 1961, meti, inadvertidamente, o dedo indicador da mão direita nas correntes de uma máquina "dobradeira" ao tentar chegar ao botão para a fazer parar. Que raio de idiota tinha montado o interruptor eléctrico dessa máquina entre as correntes que a faziam mover para trás e para a frente. Falha de segurança grave que eu suponho ter sido corrigida depois do meu acidente.

Fiquei com a falangeta quase decepada, apenas presa por um pouco de pele, e foi uma corrida até ao Posto de Enfermagem da Companhia de seguros para ver se tinha que ser amputado ou cosido para tentar salvar o dedo. Para cortar temos sempre tempo, disse o enfermeiro, enquanto lavava a ferida que tinha ficado bem lubrificada com óleo e massa consistente. Para já vamos coser isto o melhor que pudermos e depois o teu corpo fará o resto. Se a ferida não sarar, então talvez tenhas que ficar sem a ponta do dedo, mas acredito que ainda vais fazer muitas cócegas com ele, quando arranjares uma namorada.

Dois meses de baixa pelo seguro e eis-me de volta à Casa do Pano e à chefia do Sr. Machado que metia medo a toda a gente de tão rigoroso e inflexível que era. Nos entretantos, tinha sido montada uma enormíssima máquina de cardar, numa dependência anexa à Casa do Pano, uma novidade na Valfar e que se destinava a transformar em flanela o tecido de algodão que a fábrica produzia para vários fins. Nem todos os tecidos eram para cardar e competia aos escriturários da mesa tomar a decisão de quais iam para um lado e para o outro, após receber o tecido vindo da tecelagem.

Cada tear tinha uma teia e uma tabela (pequeno rectângulo de madeira em que estava colada uma tabela de operações destinadas a cada tecido) que acompanhava o corte de tecido, quando este saía do tear e era entregue na Casa do Pano para iniciar o processo de acabamento. Alguém tinha decidido que os tecidos não destinados à carda tinham uma cruz vermelha nessa tabela, mas depois do meu regresso ao trabalho ninguém me avisara desse pormenor.

Ou seja, o primeiro corte que me passou pelas mãos com a tal cruz vermelha na tabela, foi parar direitinho à carda e no dia seguinte acordou tudo aos berros, quando o Sr. Machado que era madrugador, entrou na secção onde trabalhava a cardadeira e viu aquele tecido a cardar, o qual se destinava a um cliente que o esperava com urgência, mas sem carda. Quem foi o apontador (nome da minha especialidade) que despachou este tecido para aqui, vociferou ele para o encarregado da carda?

Correram a buscar a tabela da respectiva teia para ver de onde vinha o engano e lá estava a fatídica cruz vermelha que eu não vira, nem sabia para que servia. Com os olhos fora das órbitas, o Machado gritou, logo que soube que fui eu o apontador a cometer o erro, fora da porta, vai para casa e fica lá até nova ordem. Todos se lembram como eram esses tempos do salazarismo em que a autoridade dos pais, dos chefes ou dos professores nunca podia ser posta em casa.

Aqueles 40 ou 50 metros de flanela aos quadradinhos pretos e brancos foram inutilizados e seriam vendidos a qualquer retalheira que andasse no negócio dos farrapos. na lógica deveria ser eu a pagar o prejuízo, mas teria que trabalhar muitas semanas (ganhava 105$00 por semana) para juntar essa quantia de dinheiro. Na prática acabei por não pagar nada, mas o chefe nunca mais aceitou que eu regressasse ao trabalho.

Lá pelos fins de Janeiro, do ano de 1962, e depois de muitos pedidos dirigidos ao Sr. Monteiro, mandaram-me apresentar na Expedição que era chefiada pelo Sr. Rui, homem muito importante na empresa, que era sobrinho do patrão. O seu ajudante e que passou a ser o meu chefe, era um seu primo, também ele sobrinho, mas neste caso da mulher do patrão. Má sorte a minha ter sido metido naquela equipa que gostava de tudo menos de trabalhar a sério.

O meu chefe directo, o Zé Maria, nunca aparecia antes das 10 horas, ou perto disso, e depois do almoço desaparecia como que por milagre. Fui fazendo queixas ao meu pai que não me agradava aquela situação e um dia ele apareceu-me com uma proposta. Estive a falar com o Sr. Óscar, disse-me ele, e estão abertas as inscrições para voluntários para a Marinha, não gostarias de tentar a tua sorte? Olha que não há nada que pague um emprego do Estado, continuou ele como se dissesse, tomara eu poder fazer isso.

E nesse mesmo dia, fui à Capitania do porto de Vila do Conde, à procura desse senhor Óscar que eu só conhecia de nome. O teu pai gostaria muito que tu seguisses a Marinha, disse-me ele, logo que soube quem eu era. Queres preencher o formulário de inscrição? As inspecções serão na primeira semana de Março. Claro que preenchi o formulário e de passagem pela Valfar que ficava no caminho de casa, entrei e comuniquei ao Zé Maria que tinha que ser ele a fazer o trabalho que deixara às minhas costas, durante mais de um mês, pois eu nunca mais ali entraria.

Uns dias depois, apresentei-me no escritório da empresa para falar com o Sr. Monteiro, agradecer-lhe a amabilidade tida comigo, ou com o meu pai, e participar-lhe a minha decisão de me alistar na Marinha, razão pela qual teria que abandonar o trabalho. Ele chamou o homem dos pagamentos, deu ordem para regularizar as contas comigo e desejou-me sorte na minha aventura.

Nunca mais encontrei nenhuma destas personagens. A fábrica foi tendo cada vez mais dificuldades e não resistiu ao 25 de Abril. Soube que o patrão velho se tinha retirado do negócio e deixou o seu sobrinho Rui ao leme da empresa. Ao fim de pouco tempo ele vendeu tudo aos chineses e foi pregar para outra freguesia. Do senhor Monteiro tinha notícias através de uma filha que casou com um ricaço da minha aldeia e do Zé Maria nunca mais tive notícias (nem saudades).

Isto é tudo o que resta da Valfar 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Penso, logo existo!

E o que penso eu? Penso que este calor dá uma moleza do caraças, já não me admira nada que os alentejanos sejam todos uns molengões. Se calhar, eu seria pior que eles se morasse no Alentejo também. Aqui, no norte, em especial à beira-mar, há sempre um friozinho que nos passa pela espinha abaixo e faz vestir uma peça de roupa para ficar mais confortável.

Na segunda metade de Julho e todo o mês de Agosto costuma estar uma nortada que ninguém aguenta, mas este ano ainda cá não chegou. O vento, a soprar de noroeste, ao chegar à costa bate no monte de Faro, a nascente de Esposende, e guina para a Póvoa com uma fúria desgraçada. Os poveiros já estão habituados a isso, mas os turistas que por aqui vêm a banhos não gostam nada. Que merda de clima tem a Póvoa, dizem eles!

Mas, voltando à questão da moleza, não apetece fazer nada com este calor. Nem tão pouco estar aqui a teclar coisas sem nexo para entreter quem (talvez) não apareça por aqui, à falta de melhor entretimento. Façam como eu que me refugio no lugar mais fresco da casa, uma salinha virada a norte e me entretenho a resolver problemas de SUDOKU, um jogo de paciência inventado pelos pacientes chineses.

Manusear o telemóvel ou um tablet para visitar as redes sociais também faz parte das minhas rotinas e tenho os dois cheios de brasileiras todas provocantes que querem namorar comigo. Não sei o que viram em mim, mas todas dizem que gostam é de coroas - é mais provável que gostem de croas que eram a metade de uma unidade de conta da nossa antiga moeda - e que estão prontas para o demonstrarem de mil e uma maneiras.

Enquanto dura a digestão do almoço, única verdadeira refeição do dia, a moleza ataca ainda com mais mais força e o sono acaba por vencer os mais resistentes. Mas quem vive como eu não precisa de respeitar horários para coisa nenhuma. Tanto vale dormir de noite como de dia e, afinal, o mais natural é descansar quando se está cansado, comer quando se tem fome, beber quando se tem sede e dormir quando se tem sono.

Ui, o que isso me faz lembrar! Depois de algumas directas, em farras bem regadas, ter que ir trabalhar e passar o dia a bocejar e quase precisar de um pau de fósforo para manter as pestanas abertas, Ai, que sacrifício e as 6 da tarde nunca mais chegavam para voltar a casa e, finalmente, deixar cair as pestanas e adormecer nos braços de Morfeu!

As raparigas novas é que gostam deste tempo quente! Livram-se de quase toda a roupa, ou ela é tão fina e tão curta que não tapa quase nada e assim podem espalhar pelas redondezas toda a sua beleza e/ou sensualidade. E depois gozam com a rapaziada que não consegue resistir aos seus instintos. Por vezes também corre mal, aparece algum tarado que ultrapassa os limites e depois ... Deus me acuda!

Façam como eu, pensem nisso !!!


domingo, 3 de agosto de 2025

Quem gosta de calor?

 De hoje até quinta-feira vai ser do bom e do bonito, até os termómetros vão perder a cabeça! Aquela malta que vai para a praia e anda todo o dia ao sol deve estar muito satisfeita, aqueles que, como eu, nunca lá põem os pés procuram uma sombrinha para não sucumbirem à canícula. Felizmente, há por aqui muitos recantos à beira-rio que são um mimo.

Não tardará muito e acabam-se as férias e o calor e será tempo de ganhar juízo na tola. Costuma vir uma chuvinha, no fim de Agosto ou início de Setembro, para refrescar os ânimos e dar coragem ao pessoal para regressar ao trabalho, à vida do dia-a-dia que perdurará nos 11 meses que se seguem. As férias são para fazer de conta que temos direito a uma vida diferente e podemos esquecer, ou pelo menos adiar, os problemas que nos afligem.

Os bombeiros é que não têm direito a férias, ou pelo menos não ao mesmo tempo dos outros cristãos, pois entram de serviço, quando toda a gente corre para a praia. E sofrem com o calor mais que toda a gente, pois são obrigados a mergulhar no fogo para tentar vencê-lo. Os incendiários que têm sido apanhados no acto deviam ser entregues aos bombeiros e não aos juízes, eles que decidissem o que fazer com eles!

Quando os meus filhos eram pequenos, cada domingo era uma excitação. Onde vamos hoje, pai? Vamos fazer um picnic para a beira do rio? Não, grita logo a mãe com medo que se afoguem. Nós já sabemos nadar, dizem eles e riem-se da mãe que nasceu, literalmente, dentro de água e não sabe nadar. Com as chuvadas de Outono o rio subia, rapidamente, não existiam ainda as muitas barragens que, hoje, regulam o caudal do "nosso" rio, e entrava-lhe pela porta dentro.

As mulheres iam lavar-se ao rio, entravam na água até à cintura com um pedaço de sabão na mão direita e esfregavam a pele e a roupa até não haver vestígios de negrura. Em dias de calor como estes que nos prometeram para esta semana, entravam na água mesmo sem precisarem da lavar fosse o que fosse, era apenas para reduzir a temperatura corporal.

A minha sogra, assim como todas as irmãs dela nasceram nessa mesma casa, onde nasceu a minha parceira, ali a 20 metros da margem do rio, e seguiram essa rotina que já vinha de outras gerações. Iam para dentro de água com qualquer desculpa, lavar roupa, arear os tachos que ficavam pretos de cozinhar a lenha, além de refrescar ou lavar a própria pele. Como nunca aprenderam ou ensinaram as filhas a nadar é um mistério. Os rapazes juntavam-se, não ligavam aos conselhos da mãe e aprendiam a nadar de qualquer jeito. Alguns foram pelo rio abaixo, era o tributo cobrado pela natureza.

Bem, já vos entretive um pouco, refresquei-vos as ideias, mesmo que virtualmente, com as águas do meu rio que nasce na Serra do Larouco, perto de Montalegre e da fronteira espanhola, atravessa a Serra do Gerês que por estes dias tem ardido sem parar, e vem desaguar no Atlântico, junto à cidade de Esposende e agora vos recomendo que fiquem à sombra que o sol queima!

Bom domingo e bom almoço com a família toda à volta da mesa!!!



Passei por cima desta na passada quinta-feira,
quando fui almoçar a Vila Verde

sábado, 2 de agosto de 2025

Culinária de tempo de férias!

Hoje, mais imagens que texto, pois com o calor não apetece muito ficar sentado a teclar no computador. Pegar no carro, abrir as janelas todas e correr por aí procurando um bom lugar para almoçar é a melhor ideia que me ocorre. E, como eu sou de Barcelos, nada melhor que estabelecer um raio de 30 Kms à volta da minha cidade e, na Rota do Norte, chegar à freguesia dos Feitos, onde se deu um dos recontros entre galegos e portugueses na luta pela nossa independência, no século XII.

Aí se encontra a Tasca da Tia Tina, onde os petiscos são de primeiríssima qualidade (passe a publicidade) e de fazer crescer água na boca. Vão até lá e provem. Para regar essas iguarias nada como um verde branco fresquinho. Pode ser Alvarinho, Aveleda ou outro qualquer, há montes deles e todos bons! 


Na Tasca de Tia Tina há petiscos de se lhe tirar o chapéu
Bacalhau dourado

Bifanas como não há outras

Bifanas no pão

Rota do norte, no concelho de Barcelos

A Tasca mais famosa daquelas paragens

A igrejinha lá da terra

O momento da História

Freguesia dos Feitos
Concelho de Barcelos

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Festas e romarias!

 

Entramos no mês de Agosto, o das romarias um pouco por todo o país. Mas não há como Viana do Castelo e as Festas da Agonia, talvez a maior romaria de Portugal.

Quanto mais a norte, maior é a fé dos portugueses e maiores os gastos com as festas anuais dos seu santos protectores. Aliás, em Viana vê-se isso nas arrecadas de ouro que as mordomas carregam penduradas ao pescoço.

Achei esta foto com dois marujos incorporados na procissão de Nossa Senhora da Agonia e decidi que seria o meu chamariz para a publicação deste primeiro dia do mês. Isso acontece porque a procissão faz um pequeno trajecto no rio Lima e nada como ter os especialistas a tratar do assunto.

Mas se não apreciarem as festas de Viana podem escolher outra qualquer, em cada domingo há várias cidades com festa. Ele é a Senhora do Sameiro, da Franqueira ou das Abróteas, mas também as da Assunção que são conhecias por «Festa da Póvoa» (aqui no meu burgo). Os pescadores poveiros não se satisfazem com o S. Pedro que é seu padroeiro, querem também a Senhora da Assunção que os protege nas lides do mar.

E sem falar em Fátima que no dia 13 de Agosto leva os emigrantes todos à Cova da Iria para rezar e pedinchar um milagrezito à Senhora do Rosário. Se não for por questões de saúde será para melhorar de vida pedindo que lhes dê sorte, quando compram uma raspadinha ou apostam no Euromilhões. Este prémio é tão raro sair que não entendo a insistência do povo em continuar a apostar nele, eu há muito me deixei disso.

As gentes mais a sul só pensam numa romaria, embora eu devesse escrever "rumaria", pois eles sonham com a chegada de Agosto para rumar ao Algarve. É vê-los em filas sem fim, nas portagens e outros "pescoços" do trânsito que se enchem como um funil até deitar por fora. As praias já não comportam mais gente, não há um metro quadrado livre, onde estender uma toalha, mas eles insistem, insistem e não sonham com outra coisa, durante o ano inteiro. Esfalfam-se a trabalhar e fazem esforços incríveis para poupar uns cobres para realizar esse sonho e depois têm uma trabalheira para chegar ao sul do país e mergulhar naquela confusão sem fim.

Este ano de 2025 têm-se visto do bom e do bonito por esses lados, as televisões não se cansam de transmitir as vergonhas que lá acontecem de dia e de noite. São os estrangeiros, é a juventude, é o álcool e talvez outras drogas menos lícitas que se tomam para esquecer as preocupações dos restantes 11 meses do ano. Por vezes e por causa desses desvarios, as férias podem tornar-se num caso sério. No próximo ano, será melhor escolher outro destino.

Há rios e albufeiras pelo interior de Portugal que são melhores escolhas que a confusão algarvia, mas cada um sabe de si. E Deus de nós todos, portanto talvez seja mais avisado usar este mês para frequentar as romarias e pedir à Sua Santa Mãe que olhe por nós e nos dê felicidade que é muito mais importante que dinheiro!