Enquanto chafurdava entre milhares de fotos, à procura da cara do sargento Moisés, surgiu esta foto que foi como um soco no estômago. Os meus indefectíveis amigos e camaradas das duas comissões que fiz em Moçambique, Barbosa. Silveira e Valter (da esquerda para a direita) já receberam a Guia de Marcha para se apresentarem ao S. Pedro e fazerem as contas que constam do livro das suas vidas.
Quis o destino que fosse eu a sobreviver para contar as história que juntos vivemos durante os 5 anos que estivemos em Moçambique. O Barbosa e o Silveira eram da escola de Set/61, 6 meses mais antigos que o Valter e eu na Armada. O Barbosa por razões de saúde não pode jurar bandeira com os restantes filhos da sua escola e juntou-se a nós, os filhos da escola de Mar/62, para fazer o que ainda não tinha feito (como canta o Abrunhosa). O Silveira só o conheci em Outubro de 62, quando se juntou à CF2, no Corpo de Marinheiros, em preparação para seguir para a guerra Colonial.
Tal como o Valter e eu, eles também eram voluntários na MGP e por conseguinte as nossas idades eram muito próximas, o que tornava a convivência mais natural. O Valter era o mais novo de todos, tendo nascido na segunda metade de 1945. Não me recordo por que carga de água tivemos que ir para o Niassa, em 1964, travar os turras que ameaçavam incomodar a nossa equipa de rádio que estava instalada na recém-criada Base Naval de Metangula. Salvo erro, foi o 3º Pelotão da Companhia a ser destacado para essa missão. Como havia 9 elementos com baixa médica, foi preciso arranjar, à pressa, 9 voluntários para preencher esses lugares.
O Valter e eu éramos do 2º Pelotão e foi ele que decidiu o voluntariado. Estávamos de serviço de guarda à Unidade, nesse longínquo dia 25 de Setembro de 64, quando ele veio ter comigo e disse: - eu ofereci-me para ir para Metangula e tu vens comigo. O Barbosa e o Silveira já deviam pertencer ao 3º Pelotão e receberam a guia de marcha, quer gostassem ou não. Correram bem aqueles 4 meses vividos no Niassa. Além de uma emboscada, em que morreu o nosso guia-intérprete, pouco mais aconteceu que valha a pena contar.
Regressados à Escola de Fuzileiros, frequentámos, todos juntos, o Curso de 1º Grau, recebemos as divisas de Marinheiro, em Set/65 e logo nos voluntariámos para regressar a Moçambique. A Companhia 8 que estava em formação recebeu os nomes de nós os quatro e um mês depois já íamos, a bordo do Niassa, em direcção a sul. Tal como tinha acontecido com a Companhia 2, chegamos às instalações da Machava/Infulene, em Novembro, a tempo de preparar a festa de Natal.
Em Setembro de 66, foi toda a Companhia destacada para o Niassa, numa viagem atribulada que começou a bordo do navio Império, até Nacala, depois de comboio até ao Catur e o resto de camião até Meponda, onde apanhámos as nossas lanchas que nos levaram a Metangula. Ali estivemos até ao fim do ano de 67, em que fomos rendidos pelo pessoal da CF2 (2ª comissão) e vivemos diversas aventuras, ora todos juntos, ora cada um por si. O Valter e eu pertencíamos ao mesmo pelotão e para onde ia um ia o outro. Com o Barbosa e o Silveira juntávamo-nos à noite para beber uns copos e carpir as nossas mágoas.
O ano de 1967 foi o ano em que a Frelimo teve um incremento enorme e começou a criar reais problemas às nossas tropas. Até ali tinho sido uma brincadeira, mas a partir dali foi uma guerra a sério com muitos mortos e feridos, também do nosso lado. Felizmente, escapámos de lá a tempo de vir passar o natal à capital e para nós a guerra acabou aí. O Valter e o Barbosa levaram baixa, em Moçambique, para não deixar as namoradas desabonadas. Eu e o Silveira regressámos à Metrópole e tivemos destinos diferentes, eu levei baixa, logo de seguida, e o Silveira continuou na Marinha, atingindo o posto de sargento.
Agora, estão os 3 lá em cima, á espera que eu chegue para continuarmos as nossas aventuras!
Um interessante relato como sempre... dando comigo a pensar 'Atão e agora?!' Agora nem Marinha temos. Em poucos anos conseguimos destruir tudo o que os nossos antepassados conseguiram. Atrás do Império foram todas as Instituições. TODAS!
ResponderEliminarBoa tarde filho da Escola ! Começo por corrigir este pequeno lapso : de sept. 61 a mars 62, vao 6 meses !
ResponderEliminarNao me reconheço neste systeme politico de merda .Mas pergunto-vos : de quem e a culppa ?
Infelizmente temos um Povo de merda : corruptos , indesciplinados , soberbos e incompetentes !
Sao uns cordeirinhos; sao enrabados e dizem : merci patron !
Está corrigido o erro, mon cher ami.
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