terça-feira, 19 de setembro de 2023

Falar de ouvir dizer!

 
Há pessoas que gostam de repetir coisas que ouviram dizer e a que acharam alguma graça. E não sendo especialistas no assunto metem a pata na poça e são motivo de riso. O assunto de é futebol, não poderia deixar de ser no dia em que começou a primeira jornada da Liga de Campeões 2023/2024. E é no decurso dos comentários feitos a esse respeito que apanhei uma frase que, aliás, não é a primeira vez que oiço.

O FCP foi a Hamburgo defrontar o Shaktar da Ucrânia que devido á situação de guerra que se vive no seu país é obrigado a usar uma casa alugada para receber os seus adversários. O resultado bafejou os portistas que marcaram dois golos, logo nos primeiros minutos de jogo e depois o jogo foi-se arrastando até ao fim sem mais nada que seja digno de nota. O Porto não queria e o Shaktar não podia acelerar o jogo, de modo que toda a segunda parte foi uma chachada sem grande interesse.

O Barcelona, onde agora joga o nosso conterrâneo (e reconhecido benfiquista) João Félix, recebeu o Antuérpia, equipa belga de quem nunca ouvi qualquer referência de relevo, e goleou-a por 5 bolas a 0. De duas equipas como o muito famoso Barcelona e o totalmente desconhecido Antuérpia outro resultado não seria de esperar. São boas notícias para nós, uma vez que o João Félix é um dos candidatos a ocupar o lugar do capitão Cristiano Ronaldo que não demorará muito a pendurar as botas e deixar os mais novos escrever os novos capítulos da história da nossa selecção.

Como é sabido, o avançado-centro do FCP é um mergulhador nato e dentro da grande-área adversária é vê-lo esticar-se ao comprido e tentar a sua sorte na caça ao penalty. Na verdade ele está quase curado dessa doença que na época de 2021/2022 foi a conversa diária de todos os amantes de futebol, no luso rectângulo. Chegou a haver jogos com 3 penalties escavados por este artista no mesmo jogo.

Na Liga dos Campeões a conversa é outra e os árbitros não vão na conversa dos mergulhos bem ou mal treinados no Olival, em Gaia. Hoje, em Hamburgo, o Taremi  lá se atirou para a piscina e o árbitro fez-lhe sinal para se levantar, antes que lhe mostrasse o cartão amarelo por simulação. Um dos comentadores da nossa praça, a respeito desse lance, disse que "aquilo lá pia mais fininho, não é como aqui".

Eu que passei a minha vida toda na indústria têxtil sei o que quer dizer "fiar fininho", o que só se consegue com boas máquinas e matéria prima de qualidade. Quando se usa a expressão "fiar fininho" chama-se a atenção para a dificuldade daquilo que está em questão, neste caso a arte da arbitragem que só é bem feita por quem sabe da poda. Quem não sabe do que está a falar diz "piar fininho" que tem um significado muito diferente. É a expressão usada pelos fanfarrões que a usam para intimidar os seus adversários, pia fininho que é como quem diz "baixa o tom de voz", senão puxo-te as orelhas.

Lembro-me de um treinador de futebol feito à pressa que não tinha mais que a 4ª Classe e se viu metido em trabalhos, quando virou moda fazer conferências de imprensa, antes e depois dos jogos, e ele se saiu com a expressão "isso é uma faca de dois legumes" que tinha ouvido em qualquer lado. Claro que ele não conhecia essa expressão que também se pode traduzir por "virar-se o feitiço contra o feiticeiro" e limitou-se a papaguear aquilo que tinha ouvido.

Além dos mergulhos treinados pelo Sérgio Conceição, da algaraviada do Jesus que só aprendeu o dialecto da Amadora e das patacoadas dos nossos comentadores de televisão, ainda muito hei-de ouvir. antes que o Criador me mande regressar ao sítio de onde vim. Lembra-te que és pó e ao pó hás-de tornar! 

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