Primeiro deixem-me explicar a razão porque escrevi Alz Heimer e não como estão habituados a ver esta palavra. É que heimer, palavra alemã, significa balde e isso leva-me a pensar que o famoso doutor descendia de alguém que devia ser um balde de ideias. O ALZ devia ser a abreviatura de qualquer coisa que devia estar dentro desse balde, neste caso um cérebro humano.
O famoso doutor que estudou os males do envelhecimento só dedicou a sua atenção à parte mental do nosso corpo. E a parte física, pergunto eu?
Ontem, como tive o cuidado de vos informar, fui para a horta dar um treino aos meus músculos que andam bastante enferrujados. Ao fim de pouco tempo percebi que o meu corpo sofria de Alzheimer muscular. Os músculos tinham-se esquecido completamente qual a sua finalidade e não respondiam aos impulsos (ordens) que o meu cérebro lhes transmitia.
De manhã, o sol começou a aquecer e, ao fim de pouco tempo, deu-me o abafa. Quase a desmaiar, sem conseguir respirar, ao terceiro sinal, atirei com a sachola pelo ar e fui para o sofá até normalizar o ritmo cardíaco. Ao fim da tarde, com o sol já a mergulhar nas ondas do Atlântico, fui resgatar a sachola e fazer as pazes com ela.
Consegui dar conta do amanho da terra e ainda espetei 48 pencas, naquele sistema de espetar um ferro, abrir um buraquinho e meter lá dentro a raiz da planta. Com mais umas 12 teria conseguido acabar a metade do terreno reservado para o efeito, mas faltou-me a pedalada para o fazer. Eram quase horas de jantar e eu já meio adormecido no sofá da sala. Ainda pensei em passar por cima do jantar e deixar-me dormir, mas isso faria da minha noite um inferno, pois raramente durmo mais de 6 horas.
Esta manhã resolvi testar se há ou não alzheimer muscular. Eu já dei muito trabalho aos meus músculos nos muitos anos que já levo neste mundo e custa-me aceitar que eles se tenham esquecido disso. Antes de tomar o pequeno almoço, fui para a horta e dei corda aos músculos, principalmente, aos que suportam a coluna, pois cada vez que me abaixo para pôr a planta no buraquinho, eles se recusam a trazer-me à posição de partida.
Ainda plantei mais uns 30 pés, mas comecei a sentir o sol a aquecer-me as costas e pus-me ao fresco. Logo, ao fim da tarde, vou acordar outra vez os músculos e ver se eles obedecem ao meu comando ou não. A essa hora, já não dá o sol naquele pedaço de terra e isso sempre ajuda.
Este último período remete-me para o tempo em que prestava serviço no Aquartelamento da Machava. Havia lá um campo de futebol que tinha uma grande árvore plantada mesmo em cima da linha lateral e mais ou menos a meio do terreno. Quando começava o jogo eu ia logo avisando que só sabia fazer a posição de extremo esquerdo. Como é sabido, o jogador que ocupa essa posição corre pela linha lateral, desde a linha de meio campo até à bandeirola de canto. E eu, depois de cada avançada, regressava à minha posição, debaixo da árvore, à sombra. O sol a partir das 4 horas da tarde escondia-se atrás dela e já não incomodava tanto os jogadores da bola, em especial os que se mantinham na sombra (como eu).
Gosto destes seus textos. Muito mesmo! Por razões diferentes, sorri sempre em cada parágrafo. Nunca saberei - embora isso não seja importante - onde acaba a realidade e começa a ficção. Sei é que, mesmo relatando as suas fraquezas musculares, o faz com imenso sentido de humor.
ResponderEliminarGosto desse seu jeito de brincar com os seus calcanhares de Aquiles...😊
Tenha um excelente dia, aproventando sol e sombra. Expressão tão bem exemplificada na imagem.
Graças a Deus que alguém beneficia com os meus escritos!
EliminarBom dia
ResponderEliminarPois é amigo ,o Alzheimer infelizmente não afeta só o sistema cognitivo , afeta também os membros, e todos , até aquele que a gente sabe.
Vá se entretendo com a sachola enquanto o cérebro o permitir.
JR
Obrigado pelo conselho, vou fazer os possíveis!
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