quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Alz Heimer!


Primeiro deixem-me explicar a razão porque escrevi Alz Heimer e não como estão habituados a ver esta palavra. É que heimer, palavra alemã, significa balde e isso leva-me a pensar que o famoso doutor descendia de alguém que devia ser um balde de ideias. O ALZ devia ser a abreviatura de qualquer coisa que devia estar dentro desse balde, neste caso um cérebro humano.

O famoso doutor que estudou os males do envelhecimento só dedicou a sua atenção à parte mental do nosso corpo. E a parte física, pergunto eu?

Ontem, como tive o cuidado de vos informar, fui para a horta dar um treino aos meus músculos que andam bastante enferrujados. Ao fim de pouco tempo percebi que o meu corpo sofria de Alzheimer muscular. Os músculos tinham-se esquecido completamente qual a sua finalidade e não respondiam aos impulsos (ordens) que o meu cérebro lhes transmitia.

De manhã, o sol começou a aquecer e, ao fim de pouco tempo, deu-me o abafa. Quase a desmaiar, sem conseguir respirar, ao terceiro sinal, atirei com a sachola pelo ar e fui para o sofá até normalizar o ritmo cardíaco. Ao fim da tarde, com o sol já a mergulhar nas ondas do Atlântico, fui resgatar a sachola e fazer as pazes com ela.

Consegui dar conta do amanho da terra e ainda espetei 48 pencas, naquele sistema de espetar um ferro, abrir um buraquinho e meter lá dentro a raiz da planta. Com mais umas 12 teria conseguido acabar a metade do terreno reservado para o efeito, mas faltou-me a pedalada para o fazer. Eram quase horas de jantar e eu já meio adormecido no sofá da sala. Ainda pensei em passar por cima do jantar e deixar-me dormir, mas isso faria da minha noite um inferno, pois raramente durmo mais de 6 horas.

Esta manhã resolvi testar se há ou não alzheimer muscular. Eu já dei muito trabalho aos meus músculos nos muitos anos que já levo neste mundo e custa-me aceitar que eles se tenham esquecido disso. Antes de tomar o pequeno almoço, fui para a horta e dei corda aos músculos, principalmente, aos que suportam a coluna, pois cada vez que me abaixo para pôr a planta no buraquinho, eles se recusam a trazer-me à posição de partida.

Ainda plantei mais uns 30 pés, mas comecei a sentir o sol a aquecer-me as costas e pus-me ao fresco. Logo, ao fim da tarde, vou acordar outra vez os músculos e ver se eles obedecem ao meu comando ou não. A essa hora, já não dá o sol naquele pedaço de terra e isso sempre ajuda.

Este último período remete-me para o tempo em que prestava serviço no Aquartelamento da Machava. Havia lá um campo de futebol que tinha uma grande árvore plantada mesmo em cima da linha lateral e mais ou menos a meio do terreno. Quando começava o jogo eu ia logo avisando que só sabia fazer a posição de extremo esquerdo. Como é sabido, o jogador que ocupa essa posição corre pela linha lateral, desde a linha de meio campo até à bandeirola de canto. E eu, depois de cada avançada, regressava à minha posição, debaixo da árvore, à sombra. O sol a partir das 4 horas da tarde escondia-se atrás dela e já não incomodava tanto os jogadores da bola, em especial os que se mantinham na sombra (como eu).

4 comentários:

  1. Gosto destes seus textos. Muito mesmo! Por razões diferentes, sorri sempre em cada parágrafo. Nunca saberei - embora isso não seja importante - onde acaba a realidade e começa a ficção. Sei é que, mesmo relatando as suas fraquezas musculares, o faz com imenso sentido de humor.
    Gosto desse seu jeito de brincar com os seus calcanhares de Aquiles...😊

    Tenha um excelente dia, aproventando sol e sombra. Expressão tão bem exemplificada na imagem.

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    1. Graças a Deus que alguém beneficia com os meus escritos!

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  2. Bom dia
    Pois é amigo ,o Alzheimer infelizmente não afeta só o sistema cognitivo , afeta também os membros, e todos , até aquele que a gente sabe.
    Vá se entretendo com a sachola enquanto o cérebro o permitir.

    JR

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