Craveiro Lopes (1951-1958) - O que posso dizer deste presidente da república? Conheci-o quando entrei para a Escola Primária. Por cima do «Quadro Preto», lá estava o seu retrato, ao lado do de Salazar. Eram os dois manda-chuvas deste jardim à beira-mar plantado.
Foi militar a vida inteira e nunca quis saber de outras vidas. Desempenhou cargos em tudo que era Unidade Militar, tirou cursos uns em cima de outros, participou na I Guerra Mundial, defendendo as fronteiras de Moçambique das tropas alemãs que de tudo fizeram para nos ficar com a colónia.
Foi para a tropa como voluntário e saiu oficial de Cavalaria, mas depois de regressar de Moçambique foi para França tirar o curso de piloto aviador e daí em diante a sua vida foi a Força Aérea. Foi ele quem negociou com os americanos o acordo da Base das Lajes, comandou a Base Aérea de Tancos e a Legião Portuguesa, tendo sido também governador da Índia.
Na política foi eleito como deputado pelo círculo de Coimbra, cargo que ocupou entre 1945 e 1951, ao mesmo tempo que desempenhava as funções de comandante da Base Aérea da Terceira. Com a morte de Carmona foi indigitado, pela União Nacional, para lhe suceder.
Não se conta nada de relevante, durante o seu mandato, pois como se sabe só o Salazar mandava e desmandava no nosso país. Ficou conhecido pela sua rectidão de carácter e por recusar receber prendas valiosas. O pouco que recebeu deixou-o no palácio de Belém, quando entregou a pasta ao seu sucessor.
Como era mais amigo dos oposicionistas do que de Salazar, em 1958, não viu o seu mandato ser renovado. Nas famosas eleições desse ano, competiram pelo cargo Américo Tomás e Humberto Delgado, com o resultado que todos sabemos.
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