Quando entrei para a Escola Primária não havia ainda esferográficas. Canetas de tinta permanente sim, mas eram só para gente rica e não para uns pobres aprendizes que não conheciam ainda as letras do nosso abecedário.
Dessa maneira escrevia-se com uma pena e todas as carteiras da escola tinham um tinteiro onde íamos molhar a pena. Usava-se papel mata-borrão para secar a tinta e não esborratar a folha toda. Era um processo a fazer lembrar os egípcios a escrever sobre papiros.
Para o exame da Quarta Classe todos compraram uma caneta de tinta permanente e daí em diante passei a usá-la com frequência. Tive muitas e de vários modelos, com depósito de borracha, com recargas que vinham em caixinhas e se deitavam ao lixo quando vazias, com aparos de vários modelos e de marcas famosas como a Mont.Blanc, por exemplo. Houve tempos em que eram oferecidas como prenda de natal e cheguei a ter uma gaveta cheia delas. Depois vieram as esferográficas e tudo mudou. BIC laranja para a escrita fina, BIC cristal para a escrita normal, lembram-se? A caneta passou à História.
Lembrei-me disto ao ver este aparo (que se pode ver na imagem aqui ao lado) que acompanhava uma notícia qualquer que li em qualquer lado. E fiquei a pensar que talvez a juventude de hoje já nem saiba o que é um aparo. Se perguntasse a um jovem, desses que passam o dia com o telemóvel na mão e escrevem com rapidez um SMS, usando os dedos polegares, se sabe o que é um aparo, talvez me respondesse assim:
- É a primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo aparar.
Para eles, além das teclas, só conhecem o lápis e a esferográfica. E por quanto tempo, pergunto eu?
Mete a pena, tira a pena,
ResponderEliminarmete a pena no tinteiro
pelos os olhos duma morena
tu te apaixonaste Fuzileiro!
Deixa para lá a carteira,
mais interessa o dinheiro
como uma nuvem passageira
é a vida dum gajo porreiro!
O Sporting, está empatado,
1-1, com os estrangeiros
contraria o voz de babaço
com dores nos cotovelos!