Na semana passada, andei por estradas e autoestradas, umas melhores que as outras, passei por pontes e viadutos, ora por cima ora por baixo, lembrei-me do Sócrates e dos milhões que gastou em ferro, betão e alcatrão para lhe reservarem uma percentagenzinha, gastei muitos litros de gasóleo para enriquecer as gasolineiras, mas também contribuir para encher os cofres dos impostos que o país precisa para sobreviver.
Da falta de estradas já não podemos queixar-nos, há alguns lugares onde até é difícil escolher qual delas usar. Cruzam-se umas com as outras como os rastos de fumo deixados no céu pelos aviões a jacto. As estradas nacionais, supostamente as mais importantes do país, cederam o lugar às autoestradas e já ninguém se lembra por onde passava a EN1 ou a EN2, cuja manutenção deu tanto que falar e tanto trabalhinho a muita gente que dele precisava, durante o Século XX.
Pensando nisto, veio-me à memória a história das vias romanas que começaram a ser construídas há mais de dois mil anos e algumas, embora pouco utilizadas, ainda se mantêm no activo. Os caminheiros de Santiago de Compostela usam-nas e não querem outras, pois são mais ecológicas e livres de trânsito.
No norte de Portugal e na Galiza foi a religião católica a principal motivação para a construção dessas estradas. Enquanto que as vias principais usadas pelas legiões romanas se dirigiam aos pontos onde havia riquezas que pudessem interessar ao Império Romano, como o sul de Espanha ou o litoral sul de Portugal, as vias criadas entre Braga, o Lugo, Astorga e mais tarde Compostela foram-no para permitir a evangelização dos povos nativos. Povos que até aí só conheciam uma religião, a do estômago. A sua luta diária era para garantir o seu sustento, encher a barriguinha, e não tinham outra religião. Trouxe-vos aqui um pequeno trecho da wikipedia para corroborar as minhas afirmações:
«A Via Nova tem um traçado em
diagonal que liga o triângulo político-administrativo e viário estabelecido por
Augusto, com vértices nas três cidades: "Bracara Augusta", "Luco
Augusto'" e "Astúrica Augusta".
A Geira iniciava-se em
"Bracara Augusta", passando pela zona do atual Areal, seguindo por
Adaúfe, entrava no concelho de Amares com a travessia do rio Cávado em Barca de
Âncede, e seguia pelas localidade de Caires e Paredes Secas. Ao chegar ao lugar
de Santa Cruz, entrava no concelho de Terras de Bouro. Neste concelho
encontra-se muito bem conservada ao nível do seu traçado e dos seus vestígios
arqueológicos. Nas Terras de Bouro percorre as freguesias de Souto, Balança,
Chorense, Vilar, Chamoim, Covide, Campo do Gerês e chega, por fim, à Portela do
Homem, seguindo depois em território espanhol.»
Como se vê o César Augusto era um homem organizado. Além de abrir estradas, marcava-as com os famosos marcos miliários (que ainda hoje existem) e dava-lhes números como têm, hoje, as nossas autoestradas. Via XVII, Via XVIII, Via XIX e por aí fora, em vez das A22, A23 ou A24. Se quisesse viajar, no tempo de César, tantos quilómetros como andei agora, tinha que ser a cavalo e demoraria várias semanas. E corria o risco de ser assaltado por algum lusitano, celta, ou mouro que se sentisse atraído pela minha bolsa ou me quisesse roubar a montaria.
Os Nortenhos queixam-se que vai tudo para Lisboa, eu queixo-me da A8 que liga o Oeste a Lisboa Norte, quando construída mostraram-lhe o alcatrão, agora está pior que a estrada para a minha aldeia, depois encontramos uma estação de serviço poucos quilómetros à saída de Lisboa e outra à chegada a Leiria, quem não consiga aguentar 200 Kms sem urinar terá que parar na autoestrada arriscando-se a levar com um maluco no traseiro e ir parar ao pinhal, tenho viajado pelo interior norte e não encontrei nenhuma nacional tão reles como esta dita A8, mas pagamos portagens caras.
ResponderEliminarHá sempre quem reclame. Com nada está contente. Temos boas estradas em Portugal. Sempre mais e mais quer alguma gente. Antigamente, não piava como a nova geração está piando agora. Com os poucos carreiros de cabras que tinham se contentavam. Não haviam carros, mesmo que houvessem gente pobre não tinha dinheiro para os comprar. Como agora há empréstimos para, que qualquer pessoa possa comprar um corro sem pensar que tem de o pagar. Sendo por causa disso que há milhões de euros no chamado "crédito mal parado". Em Portugal há estradas e autoestradas para todos os gostos. Portanto, parem os reclamantes de tanto reclamar. Quem não quiser pagar, que circule pelas estradas Nacionais ou Municipais, e mais não disse. Dias bons hajam muitos e muitos para mais animar os contentes e os descontentes!
ResponderEliminarboa tarde
ResponderEliminarpois é , os cavalos agora são outros !!!
JAFR