quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O 31 de Agosto!

É hoje, depois deste só faltam mais dois meses de 31 dias, Outubro e Dezembro. Isso faz-me lembrar aquela lenga-lenga que se aprendia para saber quantos dias tem cada um dos meses do ano:
- Trinta dias tem Novembro, Abril, Junho e Setembro. De 28 só há um e os mais de trinta e um!
Aprendi isto da boca da minha avó, quando lá em casa ainda não havia rádio nem televisão e cabia aos diversos membros da família animar os outros para que a vida não fosse uma seca. E na ânsia de que eu (que era o seu neto mais velho) começasse a aprender a brincar com os números, antes de entrar na escola, também me ensinou este exercício de cálculo mental:
- Doze, redoze, vinte e quatro com quatorze mais dezasseis com vinte e um, faz um cento menos um!
Quem tiver dúvidas é só agarrar na máquina de calcular e verificar 12+12+24+14+16+21=99.
Era assim em meados do Século XX, quando, em Portugal, havia mais analfabetos que letrados e os automóveis, fora das cidades, eram bichos raros, barulhentos e que custavam muito dinheiro, coisa rara que o Salazar evitava que nós tivéssemos para não criar vícios.
E a minha avó ensinava-me outras coisas também, a saber comportar-me, por exemplo. Mas nem sempre este rapaz seguia as suas ordens e então também tinha direito a um concerto de chinelo. Nessas ocasiões, para eu não lhe fugir, metia a minha cabeça entre as suas pernas e eu ficava de traseiro no ar, mesmo ao jeito do chinelo não falhar o alvo. Como ela batia sempre com jeitinho, eu às vezes dizia-lhe que não doía nada e então tinha ração a dobrar.
Coitadita da minha avó Maria! Levou uma vida muito difícil e depois de velha ainda teve que criar, ou pelo menos ajudar a criar, doze netos. Quase no fim da vida, ainda lhe pus a minha filha, sua primeira bisneta, no colo para ela embalar. No ano seguinte, no meio de muito sofrimento, abandonou este mundo. E já lá vão 47 anos e alguns meses. Acredito que ela está lá em cima e continua a olhar por mim.
Sem sentimentalismos, amanhã começa o mês de Setembro, o mês que nos faz saltar do verão para o inverno, sem apelo nem agravo. No terceiro domingo desse mês realiza-se, aqui na Póvoa, a festa de N.S. das Dores e faz parte da tradição que chova nesse dia. Com a seca severa que grassa por esse país fora, seria desejável que essa chuva fosse farta e não necessariamente na Póvoa, mas nos lugares onde é mais precisa.
Portanto, fica aqui o meu desejo para o próximo mês. Venha chuvinha com fartura, embora não tanta como a que pôs o sul dos Estados Unidos debaixo de água, porque isso também é demais.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Que ricas maçãs!

Hoje a conversa é sobre maçãs, a minha fruta preferida. A «Red Delicious» é a melhor de todas, na minha opinião.

Os norte-americanos produziam-na às toneladas, mas começaram a reduzir a sua produção, pois começou a dizer-se que os consumidores não apreciavam a cor vermelha da maçã. Mas, como a globalização fez da China o maior cliente do mundo, não se pode perder uma oportunidade de negócio e toca a aumentar de novo a produção para exportar para a China.

"O vermelho, na China, durante centenas e centenas de anos, se não milhares, tem sido uma cor extremamente importante. Simboliza sorte, saúde, felicidade. Leva todos estes significados culturais consigo. E os frutos vermelhos fazem muito bem", diz David Smith, importador de Shanghai.
A maçã Red Delicious surgiu na década de 70 do século XIX, no Iowa. Começou por ser fruto de uma árvore teimosa, que o agricultou Jesse Hiatt tentou arrancar. Mas teve de se render: quando a maçã vingou, viu que era deliciosa.
Na década de 80 do século seguinte esta qualidade atingiu os 75% no top das maçãs produzidas em Washington. Actualmente, tudo mudou e começa a haver um decréscimo na produção. Mas não há motivo para temer o desaparecimento das emblemáticas maçãs: afinal, o mercado chinês descobriu-as mesmo a tempo.


Há outra maçã, muito vendida em Portugal, parecida com a Red Delicious, a Starking, mas não tem comparação com aquela. Para os compradores mais distraidos, chamo a atenção para dois pormenores que facilmente servirão para as diferenciar. A Red Delicious é redondinha e de cor mais clara, enquanto que a Starking é mais comprida, mais larga no pé e mais estreita em cima, e a sua cor é mais escura.
Depois desta, há mais duas maçãs que são do meu agrado. Em primeiro a Golden, muito doce e macia e, em segundo, a raineta pelo seu paladar e acidez. Mas, de um modo geral, eu trinco qualquer maçã que passe ao meu alcance. Fico a pensar que as coisas boas, maçãs e mulheres, começam todas por "M".
Nunca esquecer o conselho daquele médico inglês que diz:
- An apple a day keeps the doctor away! (Uma maçã por dia e não precisa de médico).

terça-feira, 29 de agosto de 2017

A «Árvore»!

Quando se planta uma árvore, raramente se sabe o que dali vai resultar. Por vezes seca, outras vezes não dá o fruto que contávamos colher e pode acontecer também que não se desenvolva e fique raquítica para toda a vida. Se as raízes forem boas poder-se-á enxertar a árvore e, com algum tempo de espera, vir a colher bons frutos. Em última análise, se nenhuma das soluções resultar, arranca-se pela raíz e planta-se uma nova, começando tudo desde o princípio.


Vejo aquilo que o presidente do Benfica acabou de fazer como o meu exemplo da árvore. Ele escolheu um jovem jogador e vai plantá-lo no Seixal, esperando que dali saia outro guarda-redes como os dois últimos que lhe renderam bom dinheiro. Eu tenho a certeza que vai cuidar dele com o máximo cuidado, só falta saber se a cepa é boa. O futuro o dirá.



De repente, o Benfica ficou sem um guarda-redes que dê garantias, coisa estranha num clube deste gabarito. Vender o Ederson por uma mão cheia de milhões foi muito bom. Ou não terá sido? Se essa operação puser toda uma época em risco não sei se terá sido assim tão bom. Não vamos ter que esperar muito para saber a resposta. O rapaz agora contratado afirmou que é do género de se esfarrapar todo para conseguir o que quer. Só espero que ele meça o alcance daquilo que diz.


Por aquilo que nos é dado observar, o miúdo fez todos os testes antes de assinar o contrato. Espero, por isso, que não vá engrossar a fileira dos lesionados mal dê o primeiro pontapé na bola. Estranho não se saber no Benfica a quem atribuir a responsabilidade de tantas lesões. O primeiro passo é ter a certeza que eles não chegam já lesionados e para isso fazem os testes. Se é que os testes servem para alguma coisa mais que medir o ritmo cardíaco.


Descobri que há uma cerveja com o nome do novo craque do Benfica. Será um bom ou mau sinal? Se for boa vai servir para nós festejarmos cada vez que acabarmos um jogo sem sofrer nenhum golo. Só que ele não pode beber, senão cresce-lhe a barriga (como a minha) e depois não consegue voar para ir buscar a bola ao canto superior da baliza.
CHEERS BENFICA FOREVER!!!! Com Svilar, pois então!!!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Tal tá a moenga!

De um lado incêndios que ocupam milhares de bombeiros e queimam hectares de floresta, do outro inundações que põem os bombeiros em alerta total e põem a cabeça em água aos lisboetas.


Diz o pessoal do IPMA que no norte e centro choveu, trovejou e caiu granizo. Eu não vi nada, deve ter sido lá para os lados de Bragança. Quando saí para ir tomar um café, depois do jantar, caíram umas pinguinhas, mas nem deu para lavar a poeira depositada em cima dos carros.
E eu que estava a rezar ao S. Pedro para me regar a horta! Não regou, não lhe digo obrigado!

Regresso ao passado!

Já lá vão muitos anos que virei as costas a Moçambique. Quis a sorte que nunca lá tivesse voltado, desde que, a bordo do Vera Cruz, regressei à Metrópole depois da comissão que fiz na CF8. É assim a vida, os caminhos do destino são insondáveis.
Hoje li nas notícias que começa hoje, no Maputo, melhor dizendo, em Marracuene, a grande feira internacional - FACIM - que já vem dos tempos em que os portugueses ainda eram reis e senhores daquela terra. Para vos falar nisso, juntei algumas fotografias alusivas á feira e à terra que me deixou saudades.

A torre que anuncia o lugar da feira


Desde 2010 que a feira mudou para Ricatla, nos arredores de Marracuene, pois na marginal de Maputo o espaço já era insuficiente para tantos participantes e provocava enormes constrangimentos no centro da capital.

Portão Nº 1
Na imagem está fechado, mas a esta hora já deve estar escancarado para receber os milhares de visitantes que são esperados.

Feira dos velhos tempos, quando ainda era na marginal, em Lourenço Marques.

Os cajus são para mim o melhor sinal daquela terra.


Aproveito também para vos deixar um mapa da cidade, ainda com as ruas denominadas à nossa moda, para não se perder quem quiser recordar os velhos lugares por onde passou. Eu já desci a Avenida de Angola, fui até ao aeroporto e depois regressei ao centro da cidade pela Avenida Craveiro Lopes. Nele, por ser antigo, ainda se vê a FACIM no sítio onde nasceu, pertinho do Comando Naval.

domingo, 27 de agosto de 2017

Prontos para a luta!


Com algumas dificuldades pelo meio, mas os nossos adversários conseguiram ganhar os seus jogos e somar os 3 pontos que, ao fim e ao cabo, é tudo aquilo que importa. Assim lá vão eles na frente com 12 pontos e nós, acompanhados pelo Rio Ave, logo atrás deles.
Como disse ontem, o Benfica e o Rui Vitória têm muito que fazer para ajustar a equipa e pô-la a funcionar. Parece que querem levar o Lisandro para Itália e eu não me importo nada, escusava era de ter feito um auto-golo na despedida. O Jardel foi de novo para o estaleiro e sendo assim estamos mesmo mal na defesa. É preciso ir buscar esses rapazes novos, recentemente contratados, de quem se tem falado tanto, e dar-lhe uma oportunidade, ou então os da equipa B, não há tempo a perder. Entre tantas contratações que têm sido feitas algum jogador há-de prestar.
A próxima jornada é no dia 10 de Setembro, depois dos jogos da selecção, em que espero não se lesione mais ninguém, contra o Portimonense do Vitor Oliveira que é um treinador muito experiente e tem fama de saber o que faz. E o Benfica não pode escorregar outra vez. Pelos menos até um dos rivais escorregar também e pôr-se ao nosso nível. Mais vale prevenir agora do que andar aos papéis quando o campeonato se estiver a aproximar do fim.
Benfica, sempre!

Ui, que medo!


Pelo que vi hoje, vamos ter uma época muito complicada, cheia de sustos ao virar de cada esquina. Os jogadores do Rio Ave não ganharam o jogo por mero acaso. E envergonharam os craques do maior clube de Portugal. Já estou a vê-los exigir ao presidente do clube ordenados iguais àqueles que são pagos aos artistas da Luz.
Para a coisa ficar bonita e dar pica ao campeonato, gostava que amanhã o Sporting ganhasse, o que é mais que provável, e o Porto perdesse, o que deixaria o Braga muito feliz. E assim ficariam os 3 grandes todos com pontuação diferente, com o Sporting na pole position.
E agora, durante uns dias, vamos entreter-nos com a Selecção Nacional, enquanto damos tempo aos presidentes dos clubes para finalizarem as compras e vendas que têm a fazer para ajustar os seus plantéis. Na próxima jornada voltaremos ao assunto, já sem dúvidas sobre a classificação geral ou quem saiu e quem ficou.
Enquanto isso, nós os benfiquistas vamos moderando o nosso entusiasmo, pois o penta ainda não está garantido. Nem pouco mais ou menos!

sábado, 26 de agosto de 2017

Uma ideia de negócio!


Com a desactivação da Linha do Tua sobraram uns quantos túneis como este. Tenho andado a pensar que talvez não fosse má ideia comprar um e montar uma garrafeira de «Vinhos do Douro», incluindo o famoso «Vinho do Porto» para vender aos turistas que vão andar para cima e para baixo na albufeira da barragem. Como já aqui publiquei, há tempos, a Douro Azul vai ter barcos a fazer a ligação com os comboios que vão até Mirandela e quando isso tudo estiver a funcionar em pleno não vão faltar turistas.
Para fazer uma boa garrafeira, nada melhor que debaixo do chão, para fugir do sol e do calor. Ora, como a escavação já está feita, é só aproveitar o sítio, retirar os carris, pavimentar o chão, montar a garrafeira, colocar umas escadas para descer até ao nível da água e combinar com a Douro Azul para fazer uma paragem ali e pôr o negócio a andar.
E vinho não falta, e do bom!
A quem terei que me dirigir para comprar o túnel?
E quanto me pedirão por ele?
Terei dinheiro que chegue? Ou precisarei de arranjar um sócio?
Às vezes os negócios estão onde menos se espera. É só andar atento e aproveitar a oportunidade.

Sabem que dia é hoje?

Nada mais, nada menos que ... «O Dia do Cão»!
Eu sempre gostei de ter um cão em casa. Apenas durante os 14 anos que vivi num apartamento desisti dessa ideia, porque não achava que houvesse condições para isso. Um cão, desde que não seja uma dessas miniaturas que as senhoras gostam de levar ao colo, precisa de espaço para correr e brincar, mantendo um nível de vida saudável. Desde que me mudei para esta casa, que tem um quintal de tamanho razoável, voltei ao velho hábito de ter um cão. O último foi o Rex, viveu comigo 13 anos e morreu, melhor dizendo, foi abatido por causa de um gigantesco tumor no fígado, no passado mês de Abril.
Embora sem o confessar abertamente à minha mulher (porque ela não é assim tão amiga de cães), eu desejava adoptar outro, o mais depressa possível. Não há como um amor novo para esquecer o antigo, não é assim que se diz? Pois, o meu filho (sem precisar que eu o mandasse) encarregou-se do assunto. Foi até ao canil municipal espreitar os enjeitados que lá havia e optou por trazer o mais feio de todos, preto como um tição, nem os olhos se viam.


Tinha apenas dois meses e dois dias, quando entrou na minha casa. Era pequenino e barrigudo (vinha cheio de lombrigas), mas tinha umas patolas que mais parecia um leão. Hoje, a 6 dias de completar 6 meses, está uma autêntica bisarma, todo esticado da ponta do rabo até às patas dianteiras mede mais de um metro e meio. E as patas? Cada vez mais me parece um leão. Só não a 100% porque sei que não há leões negros.
Gosta muito que lhe façam cócegas na barriga. Quando era mais pequeno, eu chamava por ele e dizia-lhe:
- Nero, deita-te que eu faço-te coceguinhas!
E ele não se fazia rogado, esticava-se ao comprido, de barriga para cima, à espera do prometido. Hoje, com aquele tamanhão todo, continua a fazer a mesma coisa.
Gostava de ir até ao parque da cidade e deixá-lo encontrar-se com outros amigos da sua raça, mas não tenho pernas para isso. E para o levar de carro é um problema, pois ele enjoa e baba-se todo, por vezes até vomita. Não servia para ir para a Marinha!
O desporto predilecto dele é escavar buracos no quintal e correr atrás das galinhas. Por vezes deixo-o entrar no galinheiro, para ver até onde ele vai e até agora não houve problema, o máximo que fez foi pôr uma pata em cima de uma delas que ficou logo quietinha como se estivesse morta. Ele gosta de lhe arreganhar os dentes e elas dão-lhe bicadas no focinho, enquanto ele salta e pincha de um lado para o outro. É uma animação.
Andei a fazer umas pesquisas para ver se conseguia identificar a raça a que pertence. A veterinária que o acompanha diz que é um «típico rafeiro português», mas eu não concordo. Pelo feitio do focinho, alongado, o tamanho das patas, enorme, e o porte atlético, o mais parecido que encontrei nas minhas pesquisas foi o «Pastor de Beauce», um cão do norte de França usado no pastoreio. Ele tem um corpo semelhante ao Doberman, mas mais possante. Só quando atingir um ano de idade será possível definir a raça com mais precisão.
Ah, e a fome? Faltou-me dizer que nunca está saciado, se lhe der de comer a todas as horas ele nunca diz que não e nesse capítulo a minha mulher abusa, gosta de o ver comer, ele pede e ela dá-lhe. E é assim que antes de fazer 6 meses de idade já ultrapassou os 20 kilos. Felizmente, não engorda, só cresce. O tamanho do tal cão francês que me parece ser a raça de origem do Nero, é de cerca de 70 centímetros de altura e 40 kilos de peso. No peso já passou de metade, na altura já ultrapassou o meio metro. Com esse tamanhão todo não sei quem vai segurar nele e espero que nunca se zangue comigo.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Angola tem novo presidente!

Ainda não é oficial, mas todos sabem já quem vai herdar o cargo do JES, um dos mais longevos caciques africanos.


Diz no cartaz que ele é candidato, mas isso foi na semana passada, agora já é o manda-chuva naquela terra que antigamente os portugueses cantavam "Angola é nossa! Foi nossa durante muitos anos, mas pouco fizemos para a desenvolver e manter na nossa posse. Pelo menos a posse cultural deveríamos ter preservado, ensinando e instruindo os angolanos para que hoje se sentissem gratos aos portugueses, mas não me parece que o tenhamos conseguido.
Resta-nos a Língua de Camões como ponto de união e espero que um dia destes não façam como os moçambicanos que preferem o inglês e se pudessem trocariam já. Do ponto de vista prático, Angola não pode desejar melhor aliado que Portugal e para os empresários e trabalhadores portugueses Angola tem aquilo que nos falta aqui, hipóteses de um futuro melhor.


O João Lourenço não é parvo nenhum. Ele casou com uma senhora doutora de economia e finanças para o ajudar a pôr a sua vida em ordem. Ele tem duas explorações de agro-pecuária para lhe garantir a subsistência. Eu faria o mesmo, se estivesse no lugar dele, criar boi e vender bife parece-me o mais rápido e mais garantido negócio do mundo. Havendo água e pastagens está o negócio garantido.
A camisa vermelha não lhe fica bem, mas é o uniforme do partido e tem que aguentar que é serviço. Logo que chega a casa, toma banho e veste-se de azul que é uma cor mais de acordo com a monarquia. Gravatinha azul claro, cujo nó a senhora doutora lhe ajeita com carinho, faz dele outro homem, como o mundo quer e espera que ele seja.


A vida dele vai ser assombrada por um fantasma, mas a natureza se encarregará de lhe resolver esse problema. Segundo se diz à boca pequena, ele padece de uma doença terminal e os seus dias não deverão estar longe do fim. Depois segue-se o problema de correr com a família do morto dos lugares de topo que ocupam na hierarquia angolana. Esse é o primeiro passo na luta anti-corrupção, sem a qual Angola não será capaz de sair do buraco onde se meteu.
Por acaso, reparei que o apelido do novo presidente é também «dos Santos». Será isso um sinal de mau augúrio? Espero bem que não, pois Angola não tem tempo a perder, o futuro começa hoje. 

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Luar de Agosto!


Hoje acordei envolvido pela neblina matinal e fazia frio.
Era um pouco mais que neblina, pois molhava o pelo do cão que me acompanhava.
Mas continuei o passeio sem reclamar. Depois de tanto calor e incêndios sabe bem o pouco deste fresco.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A escrita!

Quando entrei para a Escola Primária não havia ainda esferográficas. Canetas de tinta permanente sim, mas eram só para gente rica e não para uns pobres aprendizes que não conheciam ainda as letras do nosso abecedário.


Dessa maneira escrevia-se com uma pena e todas as carteiras da escola tinham um tinteiro onde íamos molhar a pena. Usava-se papel mata-borrão para secar a tinta e não esborratar a folha toda. Era um processo a fazer lembrar os egípcios a escrever sobre papiros.
Para o exame da Quarta Classe todos compraram uma caneta de tinta permanente e daí em diante passei a usá-la com frequência. Tive muitas e de vários modelos, com depósito de borracha, com recargas que vinham em caixinhas e se deitavam ao lixo quando vazias, com aparos de vários modelos e de marcas famosas como a Mont.Blanc, por exemplo. Houve tempos em que eram oferecidas como prenda de natal e cheguei a ter uma gaveta cheia delas. Depois vieram as esferográficas e tudo mudou. BIC laranja para a escrita fina, BIC cristal para a escrita normal, lembram-se? A caneta passou à História.
Lembrei-me disto ao ver este aparo (que se pode ver na imagem aqui ao lado) que acompanhava uma notícia qualquer que li em qualquer lado. E fiquei a pensar que talvez a juventude de hoje já nem saiba o que é um aparo. Se perguntasse a um jovem, desses que passam o dia com o telemóvel na mão e escrevem com rapidez um SMS, usando os dedos polegares, se sabe o que é um aparo, talvez me respondesse assim:
- É a primeira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo aparar.
Para eles, além das teclas, só conhecem o lápis e a esferográfica. E por quanto tempo, pergunto eu?

O «CASTROL»!

As pessoas menos instruídas dizem castrol, em vez de colesterol, e argumentam em sua defesa que na escola não lhe ensinaram nada dessas coisas. Os médicos é que sabem disso, passam a vida a pedir análises para verificar quanto temos do bom e do mau e quando o bom está a ganhar ao mau receitam comprimidos para ajudar na luta e não deixar o mau levar a melhor.


Anteontem fiz a minha consulta de rotina no médico de família e aproveitei, mais uma vez, para perguntar se não seria melhor parar com a toma da estatina que há quem diga que é um veneno, prejudica o cérebro e faz aumentar a diabetes. A resposta foi instantânea - nem pensar!
Ontem, à noite, passei casualmente pela RTP3 e vi que estavam a falar nesse assunto. Deixei-me ficar a ouvir, pois é um assunto que me interessa. O meu médico de família insiste que devo continuar a tomar esse medicamento que ajuda a regular o colesterol, mas a minha diabetes tipo 2 não pára de subir. Por essa razão tudo aquilo que se diz e discute a esse respeito me interessa.
Quem discutia isso, ontem, eram aqueles que são contra a estatina, medicamento que veio da China ou do Japão, há alguns anos, e encheu o bolso às grandes farmacêuticas mundiais. A acreditar no que ouvi, eu devia jogar os comprimidos todos que tenho e mais a receita que trouxe do médico no caixote do lixo.


Eu ainda insisti para o médico de família me dar uma explicação. Se há tanta gente contra, porquê continuar a tomar esse veneno? Se é conhecido o risco, se a diabtes tipo 2 tem aumentado, exponencialmente, em Portugal, porque não parar com esse tratamento? Nós sabemos isso tudo, foi a resposta que me deu, mas sem as estatinas seria muito pior, pois os doentes morreriam de AVC. Depois de morto, de que lhe serviria não ter diabetes?
Em conclusão, sou obrigado a pensar que os médicos não querem que a gente morra. Mesmo sem o mínimo de qualidade de vida, preferem que a gente ande por cá muitos anos e continue a contribuir para enriquecer os fabricantes de comprimidos. Mas a escolha, em última análise, é sempre nossa, quem não quiser alinhar nesse jogo, pode sempre parar de engolir os comprimidos e mandar os médicos e as farmácias à merda, ou «bardamerda», como usa dizer o presidente dos lagartos. Mais tarde ou mais cedo a meta é sempre o cemitério.
Curiosidade:
Sabem como eu aprendi a decorar qual é o bom e o mau colesterol?
Aquele que começa com um "H" é o herói, portanto é o bom.
Ou para quem sabe inglês, aquele que começa com um "L" é lowsy, ou seja, uma merda.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

A miséria!

Ver um país tão rico em recursos naturais condenar os seus cidadãos a uma vida de miséria, é coisa que custa a entrar na minha mioleira. Falo de Angola, está claro. Para mim Angola é o Brasil do Século XXI. Há lá lugar para muita gente e oportunidades para quem tiver vontade de trabalhar.
Há dias publiquei uma foto retratando uma escola no Niassa, Moçambique, em que aparecia um grupo de crianças sentadas debaixo de uma árvore, fazendo de conta que estavam sentadas numa sala de aula. Eu conheço essa realidade, pois convivi com ela, já no tempo do colonialismo. E Moçambique é um país pobre, pelo menos até agora, pode ser que as coisas melhorem no futuro com a exploração de gás e petróleo, na costa norte do país.


Hoje, publico uma foto que não precisa de legenda, o que vêem na imagem fala por si. Angola é grande, na escola ensinaram-me que é 14 vezes maior que Portugal continental. Não consigo imaginar em que ponto do país fica situada esta assembleia de voto, nem de onde surgirão os cidadãos que ali vão procurar exercer o seu direito a escolher um presidente que os governe. Mas consigo imaginar que amanhã, por esta hora, estará ali alguém com uma mesa, uma cadeira e uma urna onde depositar o voto, sem esquecer os imprescindíveis boletins onde os governados devem colocar a cruzinha.
Pelo que ouvi dizer, concorrem ao lugar meia dúzia de candidatos, mas também ouvi dizer que têm andado a ensinar a gente, como e onde devem colocar a cruzinha. É possível que esteja a ser um bocadinho má-língua, mas os últimos 40 anos dão-me boas razões para isso. Pode ser que a CNN vá até lá fazer uma reportagem e depois nos mostrem o que presenciaram. O futuro presidente já sabemos (mais ou menos) quem será.
Esquecendo o petróleo e os diamantes, a maior riqueza daquele país está na agro-pecuária. Com os meios antiquados que os colonos tinham à sua disposição, antes da Guerra Colonial, a coisa funcionava bastante bem e produzia muita riqueza. Imagino o que se poderia fazer hoje com os meios modernos que existem ao dispor de quem tem dinheiro para os pagar. Se ele não fosse parar à Suiça, claro!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Não se pode viver para sempre!


Ontem, dia 20 de Agosto de 2017, morreu um dos comediantes que mais me fez rir, durante toda a minha vida, Jerry Lewis. Não vou contar-vos a sua vida, pois encontram isso com todos os detalhes na Wikipédia e o motor de pesquisa da Google leva-vos lá num instantinho.
Quase 20 anos mais velho que eu, ele estava na berra quando andei na Marinha. Foi em Lourenço Marques que me estreei a gostar dos seus filmes e depois de me casar e estabelecer residência na Póvoa, vi todos os que passaram nos cinemas cá da terra.
Os filmes cómicos foram sempre os meus preferidos e, entre alguns outros, à custa de quem soltei estrondosas gargalhadas, sobresaem aqueles em que eram actores principais o Jerry Lewis, o Trinitá ou o Cantinflas. Como diz o ditado, tristezas não pagam dívidas e mais vale rir que chorar.

Quem quiser apreciar um pouco das suas habilidades, basta clicar aqui. E depois do primeiro video pode ver muitos mais, é só deixar o Youtube rolar.

domingo, 20 de agosto de 2017

O ouro do futuro!

Um domingo de Agosto, como o de hoje, é o dia perfeito para pensar em coisas boas. Tempo de verão, de férias, de praia, de lazer, de encher a pança e também, como diz o brasileiro, encher a cara. As tristezas, os desgostos, a miséria, o tempo frio e outras coisas parecidas estão longe das nossas cogitações, não há lugar para elas num dia como este. Por todas essas razões decidi levar-vos comigo até Montalegre e apreciar o que de bom há por aquelas terras transmontanas.


Há quem só conheça Montalegre por causa dos bois barrosões ou daquele espectáculo que, às vezes, a televisão transmite das «chegas de bois». Puro engano, Montalegre é muito mais que isso.


Esta terra transmontana da região do Barroso é também célebre pelos seus enchidos e carnes fumadas, à base de porco bísaro, que fazem a alegria de quem as compra e quem as vende (pois claro) na feira do fumeiro que ali se realiza todos os anos.


Dizem os apreciadores que a batata de Montalegre é a melhor que temos em Portugal. Isso eu não posso garantir, mas que são caras disso não há dúvida. Cada vez que passo por lá e me preparo para comprar um saco delas, fujo a sete pés quando me dizem o preço.


O que eu posso garantir, pois já lá fui várias vezes só para saborear o petisco, é que o porco bísaro, os enchidos, as batatas e um naco de carne daquele boi que figura na primeira foto, são de fazer a gente sonhar com o céu. Sim, porque no céu não deve haver melhor que isto.


Mas, agora, além de tudo isto que já vos servi com o maior agrado, há uma nova riqueza que está a atrair os olhos e a cobiça do mundo. Na freguesia de Cepeda - sinalizada pelo marcador, na imagem acima - existe uma das maiores jazidas do mundo de lítio, a que chamam o ouro do futuro por causa das suas propriedades físicas e químicas. Já ouviram falar de baterias de lítio? Pois, é isso e muito mais.


A «Dakota Minerals», uma empresa australiana promete investir 370 milhões (de euros ou dólares, tanto faz) só para começar. Depois querem construir uma fábrica para processamento do minério que poderá criar 200 postos de trabalho directos. Pelo que se vê na imagem, já por lá andam a fazer uns furinhos e, segundo as notícias que tenho lido, estão satisfeitos com o que encontram.


Fala-se em mega-toneladas de rocha que têm que ser processadas para chegar ao produto final que é um metal raro e caro. Portugal está interessadíssimo em construir uma fábrica de baterias para os automóveis eléctricos que vão começar a inundar as nossas estradas, dentro em breve, e para isso o lítio é indispensável. Vamos "ensurascar" as mãos, mas talvez valha a pena, é o nosso futuro que está em jogo.

Até agora tudo bem!

Três jornadas, três vitórias, nove pontos, não podia pedir melhor. No jogo de hoje até o Filipe Augusto jogou mais do que sabia. Confesso que não sou grande fã desse brasileiro, mas hoje esteve à altura da responsabilidade que o treinador lhe pôs às costas. Com os 5 golos marcados, as três bolas nos ferros e os dois falhanços incríveis do Seferovic e do Jimenez, o Benfica esteve à beira de estabelecer um resultado histórico. Mas, ao fim e ao cabo, o que, realmente, interessa são os 3 pontos para nos manter no topo da classificação.
O JJ veio com aquela conversa dos jogadores que jogam juntos há oito anos e que portanto não admira que joguem bem, querendo dizer que o Rui Vitória tem a vida facilitada, enquanto que ele se tem que esfarrapar todo para pôr o Sporting a jogar alguma coisa que se veja. E depois dessa conversa chega a Guimarães e espeta-lhe com 5 batatas. Ai do Benfica se não conseguisse fazer o mesmo contra o Belenenses! Ninguém o calava! Veremos que figura faz ele, na próxima quarta-feira, na Roménia.
Mas isso não é coisa que me preocupe, interessa-me o que se passa dentro do campo e, em especial, quando joga o Benfica. O que me preocupa de verdade é a lista de lesionados que enche a enfermaria da Luz que já vai quase tão longa como a do ano passado. No último jogo foi o Fejsa para o estaleiro, hoje foi o Salvio. Assim torna~se difícil gerir o plantel. E depois, faltam ainda 11 dias para acabar o mês, conta-se que entrem mais jogadores e saiam uma mão cheia deles, só no dia 1 de Setembro saberemos com o que contar.
Na próxima jornada teremos que enfrentar o Rio Ave, aqui em Vila do Conde. Eu podia ir ao estádio ver o jogo, mas da última vez que fiz isso, o Benfica perdeu. É melhor ficar aqui quietinho no meu canto e deixá-los amanharem-se como puderem. Pelo menos não me sentirei culpado se as coisas correrem mal.

sábado, 19 de agosto de 2017

Presidentes da República - Período revolucionário!

Com o 25 de Abril terminou o Estado Novo e até à eleição de Ramalho Eanes, 1º presidente da 4ª República, tivemos dois presidentes de transição, António de Spínola e Costa Gomes.
António de Spínola (1974-1974) - Talvez por ter publicado aquele livro - Portugal e o Futuro - que abriu as portas da revolução aos capitães milicianos que estavam fartos de andar no mato, atrás dos "turras", enquanto os oficiais de carreira viviam no bem bom e viam as suas contas bancárias engordar, tivesse sido a única razão que levou à sua escolha para 1º presidente pós-revolução.
Ele fazia parte da Junta de Salvação Nacional que liderava o MFA, era aliás o seu chefe, mas não estava muito de acordo com o programa que o movimento desenhara para o nosso país. A «Maioria Silenciosa», uma manifestação convocada por ele para ver quem estava do seu lado, não correu nada bem e acabou por levar à sua demissão, em Setembro de 1974. Uns míseros cinco meses como número um de Portugal souberam-lhe a pouco e sempre teve intenção de voltar.
Assim, em Março do ano seguinte, meteu-se na aventura de tomar o poder pela força, correndo com os comunistas que estavam em força no governo, até o Saramago lá estava ao lado de Vasco Gonçalves. Correu-lhe tudo muito mal e teve que dar às de Vila Diogo para salvar a pele, primeiro para Espanha (que estava mesmo ali ao lado) e depois para o Brasil.
Costa Gomes (1974-1976) - Com a demissão de Spínola tomou o seu lugar o número dois do MFA, o general Francisco da Costa Gomes.
Desde o início do conflito armado em Angola, em 1961, sempre defendeu que a solução a implementar devia ser política e não militar. Mesmo assim foi destacado para Moçambique, onde ficou durante quatro anos, e depois para Angola, onde conseguiu reduzir a actividade dos "turras" a quase nada. Diz-se que, em 1974, quando sobreveio a revolução na Metrópole, estava Angola pacificada e poderia, calmamente, ter discutido a auto-determinação com Portugal e continuar a viver em paz. Assim não quis o destino.
Durante o seu mandato celebraram-se os Acordos de Alvor que poderiam ter resolvido o problema das ex-colónias, se tivessem sido cumpridos pelas partes. Teve que lidar com o golpe direitista movido por Spínola, no 11 de Março de 1975 e com  a tentativa esquerdista de fazer o mesmo, no 25 de Setembro do mesmo ano. E foi eleita a Assembleia Constituinte encarregada de redigir uma nova constituição que substituísse a de 1933 que tinha sido feita à medida de Salazar.
Epílogo:
Já de acordo com a Constituição de 1976, foram marcadas as primeiras eleições livres, depois de muitos anos de forrobodó, desde as primeiras repúblicas ao Estado Novo, onde os paridos e os políticos que os dominavam faziam aquilo que lhes dava na real gana. Vendo bem as coisas, ainda hoje continua a ser assim e o povo vive enganado como uma criancinha a quem dão um rebuçado para lhe tirarem o biberão.
Dessas eleições saiu como presidente o General Ramalho Eanes, o salvador da Pátria, em 25 de Setembro de 1975, quando o Otelo e os seus amigos comunas se preparavam para nos entregar a Moscovo. Ele foi o 1º presidente desta a que resolveram chamar a 4ª república, exerceu dois mandatos consecutivos e todos os que se lhe seguiram fizeram o mesmo até hoje.
E por aqui me fico, nesta incursão pela História de Portugal que espero tenha servido para alguma coisa. Dos presidentes que se seguiram ao Ramalho Eanes prefiro nem falar, pois não sou fã de nenhum deles, em particular, e as coisas só melhoraram um bocadinho com a eleição do último, o Professor Marcelo que me parece menos conotado com os partidos que os seus antecessores.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Presidentes da República - Américo Tomás!

Américo Tomás (1958-1974) - Se não tem acontecido o 25 de Abril, teria lá ficado até morrer. Não vou gastar muito do pouco latim que aprendi a falar deste presidente, pois foi nosso contemporâneo e toda a gente sabe, a respeito dele, tanto como eu.
Entrou na Escola Naval e, segundo reza a sua biografia, aos 24 anos já era 1º Tenente, coisa que me custa um pouco a acreditar. Como curiosidade posso dizer que foi nomeado Ministro da Marinha, no ano em que eu nasci, 1944, e por ali se manteve até ser eleito presidente ás ordens de Salazar.
E nesse cargo viveu sossegadamente até o porem na rua, em Abril de 1974. Teve azar com o número que lhe calhou na rifa, pois ao ser o 13º presidente da república alguma coisa de mal lhe havia de acontecer. Podia ser muito pior se a revolução tivesse descambado num banho de sangue, pois poderia ser uma das vítimas.
O seu mandato ficou marcado por nada de especial ter feito, a não ser comparecer em actos oficiais e inaugurações, razão por que lhe puseram a alcunha de «Corta-Fitas».
Aquando da sua visita oficial a Moçambique, em 1963, estava lá eu também e tive que suportar horas a fio, debaixo de um sol escaldante, na indispensável Parada Militar.

Nação em declínio!


Estação Radionaval da Apúlia, onde antes se via um fuzileiro à porta, agora nem um fantasma se vê. Só plásticos e papeis a rodopiar no ar, quando sopra o vento norte. É um pouco o espelho de tudo aquilo que se passa em Portugal. Daquilo que é público, se for dinheiro metem-no no bolso, se é património edificado fica ao abandono até cair de podre.
A Câmara do concelho de Esposende propôs-se comprar aquilo para lá instalar um serviço qualquer, fez-se a avaliação - 1,5 milhões de euros - e nunca mais se soube de nada. A última vez que ouvi falar no assunto foi em 2016 e o tempo não pára. Qualquer dia o bichinho da madeira come aquilo tudo por dentro, visto que é uma construção à moda antiga, e depois só uma demolição completa servirá ao propósito futuro.
Se calhar já existe algum grande empresário da construção civil de olho naquilo e que tem algum "amigo" próximo do governo que não permite que o processo ande para a frente. A mim tudo isto me faz uma grande confusão e só me resta, cada vez que ali passo, ir olhando para a «Porta de Armas» e imaginar um fuzileiro de cinturão e pistola Walter no coldre para pôr em sentido os ladrões que por ali rondam, à espera de botar a mão naquilo que não lhes pertence.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ena cum ...carvalho!


Era um carvalho-alvarinho aquele que caiu na Madeira, matando mais de uma dúzia de pessoas. E tal como o vinho do mesmo nome, este carvalho é originário do Minho, a província onde nasci. Quente no verão e fria no inverno, com chuva até dizer basta, água a escorrer, durante todo o ano, por vales e valetas.
Ainda ninguém sabe a razão por que caiu, mas uma delas pode ser porque estava fora do seu habitat natural e não desenvolveu as raízes necessárias para a prender ao solo como devia. Dizem os entendidos que podem durar entre 500 e 1.000 anos, mas isso são apenas cálculos para encher os compêndios de botânica. Qualquer lavradorzeco de meia tigela saberia dizer se a árvore era ou não saudável só de olhar para ela. O problema é que ninguém se deu ao trabalho de perguntar.
E aqui entra a componente política desta história. Quem manda na Madeira é o PSD que o Alberto João instalou na ilha, desde a revolução dos cravos. Como estamos em maré de eleições eles - os candidatos desse partido - querem recolher todos os créditos possíveis, na tentativa de serem eleitos mais uma vez. Aos da oposição interessa-lhes, exactamente, o contrário. E por essa razão vão aproveitar a queda do carvalho em seu favor.
A coisa funciona assim:
1) Se o carvalho caiu é porque não teve a manutenção apropriada.
2) A manutenção é da responsabilidade da Câmara do Funchal.
3) A Câmara do Funchal é do PSD.
4) Logo é o PSD o culpado da morte de todas aquelas pessoas que ficaram debaixo do carvalho.
5) Então não votem no PSD, para ver se eles aprendem a cumprir com os seus deveres.
Adivinho que os responsáveis autárquicos da Madeira vão passar a pente fino todas as árvores que estão no espaço público para ver se há mais alguma que lhe venha estragar a campanha eleitoral. Quanto aos mortos, enviam-se as condolências à família e se houver alguma indemnização a pagar, o governo - que por acaso até é socialista - que pague.


Coitadinhos de nós e do serviço público que temos! Não nos cai um carvalho em cima todos os dias, porque não há carvalhos suficientes!

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Presidentes da República - Craveiro Lopes!

Craveiro Lopes (1951-1958) - O que posso dizer deste presidente da república? Conheci-o quando entrei para a Escola Primária. Por cima do «Quadro Preto», lá estava o seu retrato, ao lado do de Salazar. Eram os dois manda-chuvas deste jardim à beira-mar plantado.
Foi militar a vida inteira e nunca quis saber de outras vidas. Desempenhou cargos em tudo que era Unidade Militar, tirou cursos uns em cima de outros, participou na I Guerra Mundial, defendendo as fronteiras de Moçambique das tropas alemãs que de tudo fizeram para nos ficar com a colónia. 
Foi para a tropa como voluntário e saiu oficial de Cavalaria, mas depois de regressar de Moçambique foi para França tirar o curso de piloto aviador e daí em diante a sua vida foi a Força Aérea. Foi ele quem negociou com os americanos o acordo da Base das Lajes, comandou a Base Aérea de Tancos e a Legião Portuguesa, tendo sido também governador da Índia.
Na política foi eleito como deputado pelo círculo de Coimbra, cargo que ocupou entre 1945 e 1951, ao mesmo tempo que desempenhava as funções de comandante da Base Aérea da Terceira. Com a morte de Carmona foi indigitado, pela União Nacional, para lhe suceder.
Não se conta nada de relevante, durante o seu mandato, pois como se sabe só o Salazar mandava e desmandava no nosso país. Ficou conhecido pela sua rectidão de carácter e por recusar receber prendas valiosas. O pouco que recebeu deixou-o no palácio de Belém, quando entregou a pasta ao seu sucessor.
Como era mais amigo dos oposicionistas do que de Salazar, em 1958, não viu o seu mandato ser renovado. Nas famosas eleições desse ano, competiram pelo cargo Américo Tomás e Humberto Delgado, com o resultado que todos sabemos.

A festa do futebol!

Depois dos 5 jogos de castigo aplicados a Cristiano Ronaldo, diz Zidade:

"Estoy muy molesto, no jodido. Al final, como siempre, no me voy a meter con los árbitros, pero cuando miras y ver lo que pasó, pensar que no va a jugar Cr 5 partidos con nosotros, buff... Ahí pasa algo y espero que el Comité lo mire bien. No sé lo que va a pasar. Es normal que esté molesto"


Os adeptos do Real Madrid vão manifestar-se, durante o jogo de hoje à noite, contra as arbitragens que, segundo eles, têm prejudicado o seu clube. O exemplo do último castigo aplicado ao seu melhor avançado parece ser uma prova clara disso. É mais que claro que o Ronaldo não simulou a queda e, depois de ver e rever as imagens, o árbitro devia reconhecer que fez asneira.

El cartel dice lo siguiente: "Saca tu pañuelo a la salida del trio arbitral en señal de protesta por los arbitrajes que está sufriendo el Real Madrid y en repulsa a la injusta sanción a nuestro jugador Cristiano Ronaldo. Los madridistas gritamos ¡BASTA YA!"

Quem quiser assistir ao espectáculo, só tem que plantar-se em frente ao televisor, logo à noite, pelas 22 horas. Eu não vou falhar!!!
E aposto todas as fichas numa vitória conclusiva do Real!!!

As «Botas de Atanado»!

Há tempos, falei nas minhas botas de atanado que me foram distribuidas quando me alistei na Marinha, nos últimos dias de inverno de 1962. Muita gente arregalou os olhos, pois nunca tinha ouvido falar neste tipo de botas, nem fazia a mínima ideia do que se tratava. Se o "espertinho" que fez a lista do material que era distribuído a cada um dos recrutas tivesse escrito "botas de couro", já ninguém ficaria admirado.


Eu também nunca tinha ouvido o termo, mas quando peguei nelas e vi que eram de couro, nunca mais me preocupei com esse nome arrevesado. Quando cheguei a Vale de Zebro, numa famosa sexta-feira à noite, fui recebido pelo mais que famoso sargento Trindade que tinha uma voz de trovão e era grande com'ó caraças. E ele foi logo avisando:
- Amanhã, formatura às 8 horas, farda de cotim e botas de atanado!
Não tinha nada que enganar, foi a farda de cerimónia que tinha vestido no dia anterior, depois de um banho de água gelada. Só tinha que guardar os sapatos pretos da ordem no cacifo e sacar as botas que ainda estavam no mesmo saco onde veio tudo o resto.
Aprender a marchar e marcar passo, convenientemente, dava muito trabalho. E a sola das botas é que pagava as favas.
- Levanta-me esses braços até à altura do ombro, dizia o sargento Bicho.
E era uma risada total, quando alguns não atinavam com o movimento correcto, quando avançavam com o pé direito e o braço do mesmo lado, parecia que iam a guiar uma bicicleta.
- Bate com esses tacões com força no chão que quero ouvi-los, dizia o sargento de novo.
E ao fim de uns dias estavam os tacões todos rotos e as solas com um buraco ao meio, por onde saíam as meias pretas. Vendo que o prejuízo era grande, depressa mudaram de estilo e começamos a fazer a «Ordem Unida» de fato-macaco e botas de borracha. E aí já não se ouviam os tacões a bater no chão, quando o Bicho, já farto de nos aturar, berrava:
- Ordinário, marche!
- Vá chamar ordinário ao seu pai, dizia o "Penconis", em voz disfarçada, lá do fim da formatura.
- Alguém disse alguma coisa, refilava o sargento.
- Não, senhor sargento, respondia, em coro, toda a formatura.
- Bem me parecia, dizia o Bicho para arrumar com o caso.
Para terminar esta minha "alembradura" matutina, quero acrescentar apenas que a palavra atanado provém dos taninos usados para curtir o couro de boi. Por conseguinte botas de atanado eram botas feitas de couro de boi curtido com taninos. A coisa mais simples do mundo, depois de bem explicada, claro!

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Reflexos!


Como o Jorge Jesus vê o seu Sporting!

Presidentes da República - Óscar Carmona!

Óscar Carmona (1926-1928) - Além de Mendes Cabeçadas (líder dos revoltosos de Lisboa) e Gomes da Costa (líder dos revoltosos do norte) houve um terceiro militar envolvido no 28 de Maio e que, depois de os outros dois terem tentado a sua sorte, sem sucesso, aceitou o cargo de presidente da república. Este período encerrou a história das duas primeiras repúblicas, ambas muito mal sucedidas, e serviu de interregno até começar o Estado Novo.
Durou esta presidência cerca de um ano e meio, até que pudessem ser marcadas eleições e escolhido um substituto. Vivia-se, em Portugal, uma autêntica Ditadura Nacional (Militar), de modo que nada mais natural que escolher um presidente que reunisse o consenso de quem mandava, ou seja, aquele que já se sentava na cadeira do poder.
Óscar Carmona 1928-1933) - Escolhido que foi, como candidato à presidência, e não havendo nenhum outro que se lhe opusesse, acabou por ser eleito. Com a Constituição da República suspensa desde o 28 de Maio e reconhecendo que era preciso alterá-la. E foi isso que fez o governo, durante este mandato de Carmona.

«Documento fundador do Estado Novo em Portugal, o seu projecto foi elaborado, a partir de um primeiro esboço da autoria de Quirino Avelino de Jesus, por um grupo de professores de Direito convidados por António de Oliveira Salazar e por ele directamente coordenado. Marcelo Caetano, que secretariou o processo de revisão do articulado do projecto, destacou o papel técnico de Domingos Fezas Vital, professor de Direito Constitucional da Universidade de Coimbra.
O projecto foi objecto de apreciação pelo Conselho Político Nacional e publicado na imprensa para discussão pública. O texto final da Constituição foi publicado em suplemento ao Diário do Governo de 22 de Fevereiro de 1933 e objecto de plebiscito em 19 de Março do mesmo ano.
A Constituição entrou em vigor em 11 de Abril de 1933, data da publicação no Diário do Governo da acta de apuramento final dos resultados do plebiscito.»

Foi também durante este seu mandato que convidou Salazar para Ministro das Finanças, na última tentativa de pôr ordem nas contas públicas e a liberdade de actuação que foi obrigado a conceder-lhe viria a condicionar o futuro de Portugal, dali em diante, tendo sido pai e padrinho da nova constituição que vigoraria até à Revolução dos Cravos, em 1974.


Óscar Carmona (1933-1935) - Em 1933, ao abrigo da nova constituição, voltou a ser eleito e permaneceu no cargo até 1935, ano em que houve de novo eleições. Não encontrei explicação para isso, mas desconfio que foi cozinhado por Salazar, figura a que ninguém conseguia opor-se já. Nessas eleições foi mais uma vez eleito, mas por razões de saúde não pôde tomar posse, ficando Salazar a ocupar o cargo, interinamente, durante 15 dias.
Óscar Carmona (1935-1951) - Logo que se sentiu melhor de saúde Carmona reocupou o cargo e daí em diante foi sempre reeleito para mandatos sucessivos (em 1942 e 1949), tendo morrido, em 1951, antes de completar o último mandato. Dizem as más línguas que quem mandava, de facto, no nosso país, era Salazar e o Presidente da República não passava de uma figura decorativa. 

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Sabedoria popular!

Eu sou um adepto fervoroso dos ditados populares. Para cada circunstância há um ditado que se aplica e depois de ver os jogos dos nossos mais directos adversários, este fim de semana, lembrei-me daquele que reza assim:
- Quando vires as barbas do teu vizinho a arder, põe as tuas de molho!
Ao Sporting calhou o Vitória de Setúbal e por pouco não acabaram empatados a zero. Um penalty mal assinalado valeu-lhes um golo que, quase aos 90 minutos de jogo, os salvou do empate que seria uma vergonha para o JJ que continua tão orgulhoso e arrogante como sempre.
Ao Porto calhou o modesto Tondela que resistiu enquanto pôde à avalanche do ataque dos dragões. Um golo de sorte, marcado pelo regressado Buba, mantém o Sérgio Conceição, esforçado treinador que tem que provar, seja lá por que meios for, que é melhor que o Lopetegui e o Nuno do Espírito Santo. O Porto atacou muito e mal, o Tondela defendeu muito e bem e até acabou o jogo por cima do Porto. Se o árbitro tem sido um pouco mais rigoroso e tivesse expulsado o Filipe - fez, pelo menos , 3 faltas para amarelo - talvez o Tondela tivesse conseguido o empate.
Cada um à sua maneira, Sporting e Porto viram-se e desejaram-se para levar para casa os 3 pontinhos e, em conjunto com o Rio Ave, manterem-se na frente da classificação. Veremos se, logo à noite, na transmontana cidade de Chaves, o Benfica consegue fazer outro tanto, ou melhor se possível. Se tivesse alguém que pudesse levar o recado ao Rui Vitória, avisava-o para pôr as barbas de molho.

domingo, 13 de agosto de 2017

Presidentes da República - Dois em um!

A revolução do 28 de Maio pôs fim à 1ª República. Foram 16 anos de experiências, de lutas partidárias, com a I Grande Guerra pelo meio, que deixaram Portugal na ruína. O triumvirato militar que tomou conta do país depois da revolução, Gomes da Costa, Mendes Cabeçadas e Óscar Carmona viram-se e desejaram-se para pôr a coisa nos eixos e não o conseguiram.
José Mendes Cabeçadas, oficial da Marinha de Guerra Portuguesa que tinha capitaneado os revoltosos de Lisboa, aceitou o cargo de presidente, mas não chegou a aquecer o lugar. Ao fim de 15 dias foi substituído por Manuel Gomes da Gosta, o general que tinha vindo de Braga à frente dos militares revoltosos para meter os políticos de Lisboa na ordem.
A situação política e, em especial, a financeira era uma autêntica calamidade e depois de uma apressada reunião entre os revoltosos chegaram à conclusão que ele não seria capaz de controlar a situação e obrigaram-no a renunciar ao cargo.
Manuel Gomes da Costa tomou o seu lugar, mas não teve melhor sorte, o seu mandato durou apenas 10 dias. Óscar Carmona, o terceiro dos revoltosos do 28 de Maio, achou que com este presidente não se iria a lado nenhum, retirou-o do cargo e enviou-o para o exílio, nos Açores. Para não ficar como o mau da fita promoveu-o ao posto máximo do Exército Português, o de marechal.
Cerca de um ano depois, ele regressou à Metrópole e ainda exerceu algumas funções oficiais, mas de pouca importância. Dois anos depois morria em Lisboa, pobre e desligado dos círculos do poder. Triste fim para quem andou pela Índia e por África ao serviço da Pátria. Foi ainda o militar mais graduado a participar na I Guerra Mundial, como comandante da 1ª Brigada do Corpo Expedicionário Português que partiu para a Flandres em 1917.