sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Oremos, irmãos!

Para que Nosso Senhor Jesus Cristo tenha piedade de nós e nos mande o precioso líquido que tanta falta nos faz!
Nas notícias de ontem lá apareceu a referência ao baixo nível das nossas albufeiras - cerca de 40% da sua capacidade total - dando razão ao que venho a dizer desde o mês de Dezembro. É sempre assim quando temos um Outono seco, não chovendo a potes em Outubro nunca mais vemos as albufeiras a encher. Isto faz-me lembrar uma passagem da minha vida que aconteceu no ano em que fiz 10 anos e que passo a relatar.


A igreja que vêem na imagem foi inaugurada no ano de 1954 que foi um ano de grande secura. Não choveu coisa que se visse durante todo o inverno e seguiu-se uma primavera quentinha, bem ao gosto das gentes da cidade. Quando os calores do verão começaram a aquecer a terra e os lavradores ligaram os sistemas de rega para tentar salvar os seus campos de milho que murchavam à míngua de água, pouco durou a que havia nos poços. Sem o milho, base da alimentação das gentes do Minho, naquela altura, seria um ano de fome e de consequências imprevisíveis.
E, bem à moda portuguesa, viramos-nos para os céus pedindo ajuda, quando alguma coisa não corre ao nosso gosto na Terra. O pároco da freguesia, vendo a aflição dos seus paroquianos e aproveitando o momento de festa que era para ele ter uma igreja novinha em folha para servir as gentes daquela terra, organizou uma peregrinação especial para agradecer a Deus a prenda que lhe tinha dado e juntando uma prece para que o Pai do Céu tivesse pena dos seus filhos e não os deixasse morrer à fome. O que pediam era chuva e nada mais. Água que precisavam para que o milho enchesse as maçarocas e tivessem um ano de boas colheitas.
O padre pregava que sem sacrifício as preces não chegariam ao céu. Para o Pai nos conceder a graça havia que fazer grande sacrifício, sentir na pele como as coisas doem e dessa maneira mostrar a Deus quanto estávamos empenhados na nossa oração. Assim, em vez de andar à volta da igreja, rezando o terço e entoando ladaínhas, estudou um percurso longo e cheio de obstáculos para fazer as pessoas sofrerem a sério, durante uma hora e meia.


Bandeira da Irmandade do Corpo de Deus na frente, seguida da criançada que já tinha feito a Primeira Comunhão, com a faixa da Cruzada ao peito, vindo depois o padre com a Custódia na mão e a fechar o cortejo toda a gente daquela freguesia e das que lhe ficavam em redor. Hora e meia num sobe e desce constante por carreiros de cabras que punham à prova as solas dos nossos pés. Sim, dos pés, pois sapatos era luxo que ainda não existia.
Sinceramente, não me recordo se a chuva veio ou não, mas o que posso garantir é que a fé daquela gente não era abalada por causa disso. Se Deus não atendia o seu pedido era porque tinham muitos pecados para expiar e o remédio era continuar a rezar e fazer mais sacrifícios ainda. Não acredito que os padres de hoje fossem capazes de impingir tal teoria aos seus paroquianos.

5 comentários:

  1. Que a fé nos salve! Essa caminhada teria feito bem àquela rapariga de 16 anos, que juntamente com o namorado e outros preparavam as bombas em Paris, para matarem mais inocentes, se Deus existe, que guarde as pessoas que trabalham e vão a passar no sítio errado à hora errada! A chuva até cai demais em lugares com menos necessidade, ASSIM VAI O MUNDO PECADOR.

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  2. Se o sacrifício dessa gente foi recompensado, tudo bem. Se o não foi, penso que Deus nem sempre ouve os mais aflitos? Um indivíduo entrou numa ourivesaria para comprar não sei o que seria. Depois de ter sido atendido pelo dono da mesma, despediu-se dizendo até amanhã se Deus quiser, e se o Diabo deixar, disse o dono da ourivesaria. Acontece que ao sair tropeçou numa pedra, perdeu o equilíbrio foi bater com a cabeça no lancil, morreu. Nem sempre a ajuda de Deus, chega a quem dela está precisando, porque o Diabo não deixa!...

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  3. Na minha opinião de católica mais ou menos praticante, Deus não quer o sacrifício de ninguém. Tenho grande respeito pela invocação do seu nome e não gosto de chalaças acerca disso.
    Quando era criança, o irmão mais novo da minha mãe vivia connosco pois tinha vindo ainda criança para tomar conta da gente, para os meus pais poderem trabalhar.
    Quando nós fomos para a escola, o meu tio arranjou trabalho no Barreiro e do primeiro dinheiro que teve comprou uma motorizada. Quando ele sia para o trabalho (trabalhava de turnos na CUF) sempre dizia. "Até logo"
    E a minha mãe respondia "Vai com Deus" Ele ria-se e não respondia. Mas um dia respondeu. "Vou sozinho que não tenho capacete para o gajo"
    Passado uma hora estava no hospital com várias fraturas, tendo inclusive de levar numa perna, um bocado de metal e parafusos.
    Um abraço e bom fim de semana

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    1. A minha mãe que era praticante fanática costumava dizer:
      - Graças a Deus muitas, graças com Deus poucas!

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  4. Bom, vou começar pelo princípio, sou católico e crente e pouco me importo de opiniões de quem não acredita . Talvez por isso, valorize sentimentos dignos de apreço e atento a injustiças, sejam de que género for . Tenho consciência de que não sou, nunca fui e nem pretendo ser, nenhum santo, longe disso ; todavia, detesto especulações sem sentido e análises simplistas sobre o sério, bem como tudo aquilo que não respeite valores instituídos e consagrados numa sociedade moderna e civilizada . Isto, bem a propósito de se invocar o nome de DEUS para tudo, até por aqueles que, indiferentes ao mal que causam aos outros, também apregoam a mesma crença, bem como a ceita que os rodeia ! Certamente, DEUS não houve estes mal-feitores que, descaradamente e abusando do seu nome, não deixam de praticar toda a espécie de desonestidade, crueldade e desumanidade que, levados por inúmeros interesses, chegam a fanatismo perverso e irracional ; arrastando, cérebros menos esclarecidos e frustrados, para práticas do mais incessível e reprovável que se pode tolerar à face da terra, cujas consequências, dramáticas e desumanas, bem se conhecem ... ! Depois, existem outros que, não se enquadrando nos que devem ser repudiados, só se lembram de DEUS quando o asar lhes bate à porta ; portanto, se DEUS tiver que atender esta gente toda, não deve ter tarefa fácil e, provavelmente, o melhor será ignorar os que não merecem atendimento, visto que, à sua bondade e tolerância, não os submete a castigo . Para finalizar, dizer apenas que, também DEUS, mesmo estando em toda a parte, merecia melhores pregadores acerca do seu mérito, dado que alguns, que se intitulam seus representes, portam-se muito mal ... . Um abraço .

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