segunda-feira, 28 de julho de 2025

Lição de História!

No último exame a que compareci, no Liceu Nacional da Póvoa de Varzim, no longínquo ano de 1960, foram a História e Geografia as disciplinas que suportaram a média que me permitiu que acabasse o Ano Lectivo com aproveitamento. Pelo contrário, o Português em que era um dos melhores alunos da turma presenteou-me com uma negativa que nunca esquecerei. E tudo por culpa do Camões e os seus Lusíadas que tinha sido o mote do exame escrito e que eu nunca encornei muito bem. Aí salvaram-me do desastre o Francês e o Inglês em que eu dava cartas.

Achei por bem, na minha publicação de hoje, trazer aqui os primeiros passos da nossa nacionalidade para que todos possam refrescar a memória e recordar o que aprenderam na famosa e velha 4ª Classe que valia tanto como um doutoramento de hoje.

No ano de 1166, no mês de Junho, na festa de São João Batista, o ilustre Infante D. Afonso, filho do Conde D. Henrique e da Rainha D. Teresa, neto do grande Imperador da Hispânia, D. Afonso, com a ajuda do Senhor e pela misericórdia divina, e também graças ao esforço e persistência, mais do que à vontade e auxílio de parentes, tomou posse com punho forte do reino de Portugal.

De fato, porque o seu pai, o Conde D. Henrique, havia morrido quando ele ainda era uma criança de dois ou três anos, certos indivíduos indignos e estrangeiros pretendiam tomar posse do reino de Portugal; a sua mãe, a Rainha D. Teresa, os favorecia, porque também queria, por orgulho, reinar em lugar do marido, e afastar o filho do governo do reino.

Não querendo de modo algum suportar tão vergonhosa ofensa, pois já era maior de idade e de bom carácter, tendo reunido os seus amigos e os mais nobres de Portugal, que preferiam, de longe, ser governados por ele, do que por sua mãe ou por gente indigna e estrangeira. Travou uma batalha no Campo de São Mamede, perto de Guimarães e, tendo-os derrotado a todos, fugiram diante deles. Foi então que se apropriaram do principado e da monarquia do reino de Portugal

O historiador português José Mattoso, no seu livro "D. Afonso Henriques" afirma que, segundo o relato mais conhecido do início do Reino de Portugal, escrito em 1678 pelo monge (Frey) António Brandão, a vitória da Batalha de São Mamede é atribuída aos nobres e não ao príncipe. Que este dependia da nobreza culta e rica do Condado Portucalense, como Soeiro Mendes, Egas Moniz de Riba Douro (o Aio), e que ao auxiliá-lo nas batalhas e emprestando-lhe vassalagem tinham a sua recompensa (terras, poder administrativo etc. E também a igreja, a grande protagonista e o Arcebispo de Braga, Paio Mendes. São Mamede foi o primeiro acto de movimento irreversível que explica, mais do que qualquer outro acontecimento, as razões da independência do Condado Portucalense como identidade política e que precedeu o reino português.

Com a derrota, Teresa de Leão e Fernão Peres abandonaram o governo condal, que ficou então nas mãos do infante e dos seus partidários, o que desagradou ao Bispo de Santiago de Compostela, Diogo Gelmires, que cobiçava o domínio das terras. Teresa de Leão desistia assim da ambição de ser senhora de Portugal.

A crónicas registam que ficou prisioneira do filho, há rumores, não confirmados, de que ela teria sido aprisionada no Castelo de Lanhoso. Há até quem relate as maldições que Teresa rogou ao seu filho Afonso Henriques.

E pronto, retomo a palavra para vos informar que é verão, está muito calor e ninguém merece ficar fechado em casa a debitar teorias para convencer os seus leitores de que é, ou gostaria de ser, um escritor famoso como o Camões que me estragou a nota do 5º Ano.

Vou apanhar ar na tromba, como se diz em bom português !!!

1 comentário:

  1. Quem passasse o Exame de Admissão tinha 3 opções: o Liceu para os meninos ricos, a Escola Comercial para os remediados e a Industrial para os pobrezinhos... Foi o que este post me fez lembrar! Salazar bem tentou fazer o melhor para livrar os portugueses da desgraçada I Republica.

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