segunda-feira, 8 de julho de 2024

Sempre na 1ª semana de Julho!

 O primeiro fim de semana de Julho é dedicado aos fuzileiros. Bem gostaria de me pôr a caminho, como fizeram tantos outros, mas o físico já não aguenta. Há coisas, desafios, a que o cérebro diz sim, mas o coração diz que não, na vida tudo tem limites. Mas, pensando bem, não devo ter perdido grande coisa, dos 296 fuzos que juraram bandeira, em Julho de 1962, talvez só lá tenham estado 2 (confirmados por um deles que me telefonou enquanto decorria o convívio). Dos camaradas de comissão, em Moçambique, costumam lá aparecer meia dúzia, mas não ouvi nem vi nada que a eles se referisse neste ano.

É a lei da vida, uns morreram já e os que cá ficaram não aguentam o excesso de peso (barriguinhas bem aviadas), não endireitam a coluna e sofrem de artrose em tudo o que é articulação. A cerimónia é sempre a mesma, o discurso também, embora na voz de outra personagem, o almoço não presta e alguns têm que comê-lo em pé, portanto só o encontro com velhos camaradas justifica o sacrifício. E quando penso que vivem, ali ao redor, algumas dúzias de filhos da escola que não se dão ao trabalho de lá ir e rever os amigos, perco a vontade.

Um deles, mora em Alcochete, telefonou-me na hora em que devia estar na escola e quando lhe perguntei onde estava respondeu-me que "em casa é que é bom", que já não tinha pernas nem paciência para mais fuzilaria. Aliás, ele é um dos que começou a guerra em Angola, a continuou na Guiné e quando descobriu que o queriam mandar para lá de novo, após a primeira comissão, meteu os papéis para passar à disponibilidade e pôs-se ao fresco. De guerra já tinha o seu quinhão e riscos já correra os suficientes.

Mas a verdade, regressando todos os anos à Escola que nos formou, ou ficando em casa a assistir ao que os outros fazem, a saudade fica a roer-nos por dentro. Saudade, antes de mais nada, da mocidade que ficou lá para trás perdida no tempo. Saudade dos amigos que nos acompanharam nos bons e maus momentos, a quem guardamos as costas e eles guardaram as nossas, enquanto cansados abandonávamos a arma para descansar um pouco.

Agora, também eu faço parte daquele grupo que só vive de recordações, sentado no cadeirão, com uma manta nos joelhos e uma lágrima no olho. E faço por afastar para longe as más recordações e ficar apenas com aquelas que valeram a pena. E será assim até o último camarada de guerra morrer, ou eu partir antes deles.

Segue-se uma série de fotos que ficarão aqui guardadas para eu revisitar, quando e quantas vezes me der na mioleira!

























Há por aqui muita gente conhecida, principalmente, de encontros anteriores. Fuzos do norte, do Minho, de Guimarães e do Douro Litoral. Caras conhecidas como o Manso, o Vinhas, o Adriano, o Coelho ou o Pessoa, sem esquecer o F. Almeida com quem estive, em Guimarães, há apenas 15 dias.

E, como era hábito dizermos, "Siga a Marinha" !!!


2 comentários:

  1. Embora a minha passagem pelos Fuzileiros fossem apenas de 4 anos e 2 meses faria a visita com muito prazer caso vivesse na Metrópole...

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  2. E não é que no meio de tantas fotos de tanto Fuzileiro, não há uminha só do Tintinaine? Assim, é fado!!

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