quarta-feira, 3 de julho de 2024

Coisas da Poesia!


Se puderes ...
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Versos do M. Torga, quem os não sabe fazer usa os que outrem escreveu!

Poesia não é uma ciência, como alguns querem fazer crer, é um sentimento que só os poetas sentem e conseguem traduzir em palavras. Há gente que é um pouquinho poeta, muito poeta há poucos e a armar em poetas há muitos. E este é um dos mais rimados que conheço.

Acertar rimas e respeitar a métrica dos versos, eu sou capaz de fazer, ensinaram-me isso nas aulas de Português, mas isso não é ser poeta, é mais um certo tipo de Inteligência Artificial que agora está na moda. Eu até tenho um neto que é professor dessa matéria e também tenho uma conta no Insta, onde as mulheres são feitas à medida de cada membro do grupo.

O Miguel Torga, transmontano duro da região de Vila Real, de quem sou fã confesso, escrevia versos sem métrica nenhuma e com pouca rima. Se calhar era por ele ser do contra, isto é, tentar provar que aquilo que muitos dizem não passa de um conceito e só o aplica quem quiser. Eu trouxe aqui o poema que podeis ler, acima, para ilustrar aquilo que digo.

E falando de poetas de ocasião, eu tenho alguns amigos alentejanos que fazem poemas de uma maneira habilidosa usando os verbos no Infinitivo ou Gerúndio que oferecem rimas rápidas e fáceis. E há os poetas populares, como o A. Aleixo, que diz com habilidade as coisas mais simples desta vida.

Já o escravo se convence
A lutar por sua prol
Já sabe que lhe pertence
No mundo um lugar ao sol.

E agora tentem adivinhar quem fez esta quadra!

Ser teu amante eu quero
E trazer-te no coração
Longe de ti, eu desespero
Amar-te, a minha ambição!

5 comentários:

  1. Eu sabia que no final
    De tudo o que aqui foi escrito
    Este poeta, nada banal
    Também quer ser subscrito...

    ...Tem um nome sem igual,
    Mas difícil de rimar
    Na poesia vulgar
    Sem vulgaridade, afinal...

    ...O seu nome? Twenty Nine!
    E está tudo dito!! 😋

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  2. É um grande privilégio encontrar hoje aqui dois poetas, tão diferentes mas que muito aprecio. De quem é a quadra? Será que é sua? A nossa amiga Janita é mestre nelas e por aí andam muitos capazes de as escrever.
    Uma coisa eu lhe garanto, minha não é de certezas que em quadras sou um calhau com olhos.
    Abraço e saúde

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    1. Fui eu o autor. Só para provar à Janita que não sou poeta, mas tenho jeito para as quadras!

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  3. Subscrevo tudo e gostei dos versos. O meu professor de Literatura dizia que "Um poema feito por um poeta deve ser lido de cima para baixo e vice versa, mas lido por dez poderá suscitar emoções muito longe das do auor!
    Beijocas e um bom dia!

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