Ontem seria o dia indicado para esta publicação, mas quis o destino que só hoje visse a luz do dia. Ainda abordei o assunto no Facebook, mas já era tarde e, como estava cheio de dores no esqueleto, não meti o prego a fundo nem sei o impacto que teve, pois desliguei o computador e fui ver a Cristina Ferreira aos gritos na TVI. A paz conjugal obriga-me a esses sacrifícios, de vez em quando.
Fuzileiros ou Infantaria da Marinha ou ainda Terço da Armada têm a sua história ligada à História de Portugal e não vou perder tempo a falar nisso, quem estiver muito interessado pode consultar a internet que não faltam lá referências. Para mim, a história dos fuzileiros que conheci pessoalmente começou em 1961, por causa da Guerra Colonial espoletada pelos ataques perpetrados por terroristas em Angola, em Março de 1961. Era preciso defender as colónias e para isso era preciso aumentar os efectivos das tropas, para além de treinar tropas especiais para actuar nos diferentes teatros de guerra.
Por determinação do governo e ordem do Ministro da Marinha, a Escola de Fuzileiros foi aberta, em Setembro de 1961, em Vale de Zebro. A primeira recruta de fuzileiros, envolvendo cerca de 700 mancebos, entre voluntários e recrutados, deu o corpo ao manifesto durante o Outono e Inverno desse ano e na Primavera de 1962 estavam prontos para serem lançados ás feras. Desse recrutamento saiu a CF1 que seguiu para Angola, enquanto finalizava o Curso de Fuzileiros Especiais um vasto grupo que formaria, pouco tempo depois. o DFE3 que seguiu também para a mesma Província Ultramarina (como o Salazar decidira chamar-lhe).
O segundo recrutamento foi o meu também e quis o destino (e o Tenente Patrício) que fosse parar a Vale de Zebro e seguido o percurso do anterior. Recruta e ITE feitos a correr - ainda e só com a velha Mauser - a que se seguiu a viagem para Moçambique, incorporado na CF2. Parte dos restantes «Filhos da Minha Escola» foram para o Curso de Especiais e seguiram, finalizado este, para Angola, no DFE4.
No Corpo de Marinheiros, onde foi formada a minha Companhia e aguardando a sua vez de tomar lugar no transporte aéreo que foi organizado para o efeito (tal era a pressa), fomos tomando contacto com a G3 e aprendendo a manejá-la. Carreira de tiro só mais tarde, na Machava, depois de devidamente aquartelados nessa zona do sul de Moçambique.
Durante essa comissão, praticamente, não houve terrorismo e a maior parte do pessoal regressou a casa sem ter disparado um tiro a sério. Eu ainda fui até ao Niassa, durante 4 meses, e tive lá o meu baptismo de fogo. A esta seguiu-se uma segunda comissão que já foi um pouco mais puxada, no que ao físico diz respeito, mas sem grandes riscos de vida, pois cabia aos DFE's a parte mais arriscada da missão. Eu pouco mais fiz que protecção nos embarques e desembarques e regressei a casa são e salvo.
Esta é a História dos Fuzileiros que a mim mais interessa, o resto é apenas uma quantidade de páginas amarelecidas pelo tempo e adormecidas nas prateleiras de bibliotecas e museus. Viva a Marinha !!!
VIVAM OS FUZILEIROS ESPECIAIS!
ResponderEliminarE já agora,vivam também os Camaradas da marinha de pau...!
Meu marido era Fuzileiro Especial. Esteve em Vila Franca de Xira e depois em Vale de Zebro.
ResponderEliminarAbraço, saúde e boa semana
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ResponderEliminarEste Mês Bill White o fuzileiro mais velho dos EUA com 105 anos de idade fez anos e lá se fardou a rigor para a foto da praxe... com o andarilho. Qualquer português que tivesse passado pelos Fuzileiros mesmo 'ao de leve' como eu (fui Grumete Voluntário) não pode ficar indiferente a qualquer efeméride da Escola de Fuzileiros. Parabéns!
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