É no Minho que o Compasso (visita pascal) tem maior significado, é quase como uma representação folclórica tradicional. O povinho passa um ano inteiro à espera que chegue aquele momento e depois gasta mais um ano a contar como foi e a planear o próximo.
Não há quinta, casa ou casebre onde o padre e os seus acompanhantes não entrem. À frente vai o rapaz da campainha, alertando os fiéis da chegada de Cristo Ressuscitado, e atrás dele todo o séquito que acompanha a Cruz. Além do padre e do homem (hoje já há mulheres também) que leva a cruz, há mais alguns acompanhantes, entre eles um que leva a caldeira da água benta - para o padre aspergir e benzer cada casa - e outro com a saquinha das esmolas que nesta altura leva apenas notas, nada de moedas.
Durante todo o dia de hoje, por todo o Minho, se ouvem as campainhas e se vêem desfilar os vários compassos. Lembro-me, quando criança de ir esperá-los ainda longe da minha casa e ir depois atrás deles, enquanto mãe ficava em casa, à volta dos tachos, a preparar o almoço que nesse dia era sempre melhorado.
Este é o segundo ano consecutivo em que, por causa do vírus que veio da China (sejam os chineses culpados disso ou não) não haverá compasso. O distanciamento social a isso obriga e, para não correr riscos, mais vale fazer o que manda o António Costa. É a ele que cabe dar as ordens, porque também é ele que paga as contas - e são muitas - da assistência prestada aos que são apanhados pela doença. Como diz o ditado, mais vale prevenir que remediar e haverá muitas mais oportunidades de ver e receber o compasso em nossa casa.
Há, no entanto, quem se socorra das novas tecnologias e faça o compasso de forma virtual, via internet. É o exemplo deste padre de Famalicão que convidou os seus paroquianos a receber a «Visita Pascal» através do ZOOM, a plataforma digital que também serviu para a tele-escola, nos últimos tempos.
Francisco Carreira afirmou que a ideia de uma bênção pascal via Internet, em vez do tradicional Compasso Pascal, que percorria as ruas entrando nas residências e benzendo-as, surgiu face às atuais circunstâncias de confinamento, todavia, realçou que os novos meios tecnológicos “são um complemento e nunca poderão substituir” os ritos religiosos ou a presença e acompanhamento do sacerdote.
Bom dia
ResponderEliminarAqui nas nossas terras mais próximas , já que não sai o compasso , tiveram a ideia de pôr a cruz numa carrinha de caixa aberta a percorrer as ruas da freguesia com um altifalante a anunciar a ressurreição de Cristo.
JR
Precipitadamente, não se abra a porta. Com paciência, sem pressa, saibamos esperar que o bicho se vá embora. Porque só se vive uma vez na vida. Oxalá a pressa de alguns não deite tudo a perder, incluindo a própia vida!
ResponderEliminarO compasso em Touguinha não se viu. Almoço em família como de costume. A tradição já não é o que era.
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