sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Quo Vadis Moçambique!

O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique disse hoje que as Forças de Defesa e Segurança estão a "fazer tudo" para recuperar as áreas afetadas pelas incursões de grupos armados em Cabo Delegado, apelando às comunidades para que permaneçam vigilantes.


Será que estão mesmo? Segundo as últimas notícias que me chegaram de lá, os terroristas ainda ocupam a vila de Mocímboa da Praia e houve dezenas de mortos, na semana passada!
Pergunto-me para que serve o «Lança-granadas-Foguete» que o soldado leva às costas? Que eu saiba os membros da Al Shabah - ou seja lá do que for - não têm helicópteros, nem auto-metralhadoras, nem sequer qualquer tipo de veículo que possa ser travado com uma granada daquelas. A AK47 é uma boa arma para a guerrilha urbana, mas no mato não provou ser muito eficaz, pois a certeza do tiro é pouco maior que a de uma pistola de guerra.
Na minha opinião Moçambique vai ver-se grego para eliminar aquele foco de instabilidade no norte, porque as razões são, sobretudo, políticas. Quem deu o corpo às balas foram os Makondes, Macuas e Nyanjas do norte, durante a guerra de libertação e são os Changanas do sul que estão a repartir o bolo, de todas as riquezas que há em Moçambique, na capital Maputo.
Claro que a rapaziada do norte, sem qualquer perspectiva de vida e futuro, é fácil de aliciar e juntar-se ao grupo de insurgentes, como são chamados e com razão por se insurgirem contra as políticas do governo que em cada presidência que começa vai de mal a pior. Desta vez até elegeram um Makonde, o Nyusi, para tentar equilibrar a balança, mas os seus irmãos de raça consideram-no um traidor.
Claro que as explorações de petróleo e gás, exactamente em Cabo Delgado, só vieram abrir mais a ferida, pois há muitos milhões em jogo e é o governo de Maputo que decide para onde vão. E, claro, muitos desaparecem nos bolsos, ou contas no estrangeiro, dos políticos e seus amigos mais influentes. Ao ver isso, até eu me juntava à Al Shabah se fosse moçambicano!

3 comentários:

  1. E quem sofre é o povo como é costume.
    Espero que esteja a ter um feliz dia de Natal.
    Abraço e saúde

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  2. Os moçambicanos estariam todos unidos contra o colonialismo, na luta pela independência. Mas o fim do colonialismo, não foi para aquele povo o fim da guerra.
    Os portugueses deixaram o bolo em cima da mesa para ser repartido por todos eles por igual. Todavia, não terá sido isso que aconteceu. Caso contrário são se teriam envolvido numa guerra, que ainda hoje dura, sem fim à vista. Passados que são 40 anos após a independência.

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