terça-feira, 11 de junho de 2019

Patriotismo relativo!

Passou o 10 de Junho, dia em que os portugueses só podem dizer bem da sua Pátria e dos portugueses, portanto já posso abrir a boca sem escandalizar ninguém. O facto é que não me sinto lá muito patriótico, pela simples razão que a Pátria também não me tem tratado muito bem.


Como todos os jovens que partiram para África para lutarem da Guerra do Ultramar, também eu me sinto um tanto ou quanto injustiçado. Talvez o problema esteja nos políticos de agora que são jovens demais para se lembrar do que foi aquela guerra. Os mortos e aleijados - no corpo e na mente - não lhes pesam na consciência, dizem que foi o Salazar quem para lá os mandou e atiram com o problema para trás das costas.
A Pátria honrai que a Pátria vos contempla é o lema da Marinha de Guerra Portuguesa. Pois passei lá 6 anos da minha juventude, não me lembro nunca de a ter desonrado e não teve para mim qualquer contemplação. Contemplar quer dizer premiar e o prémio que eu tive foi um chuto no traseiro, quando chegou a hora.
Mas muito pior que isso é o modo como essa "Ditosa Pátria" me tem tratado depois desse dia. A protecção social é uma treta e contempla mais os funcionários públicos - os filhinhos da mamã - que os outros - os filhos da outra senhora - que são votados ao esquecimento. Uma Pátria que tem filhos e enteados não é a minha, não a quero assim.


O nome Pátria faz-me recordar de um paquete que existia na Marinha Mercante Portuguesa, mas na hora de me despacharem para a guerra não tive direito a viajar no Pátria, enfiaram-me no Niassa, um cargueiro que era um autêntico ninho de ratos. Dois mil homens, apinhados como sardinha em lata de conserva, nos porões daquele navio deixaram-me uma triste opinião de como eram tratados os soldados (heróis) portugueses pelos políticos que governavam o país.
Aliás, eu não devia admirar-me, em Portugal foi sempre assim, quem conhecer a história da I Grande Guerra e do «Contingente Português» enviado para combater na Flandres, sabe àquilo que me refiro. A palavra Pátria é um substantivo abstracto, mas o desamor que sinto pela minha é muito concreto.

3 comentários:

  1. A culpa não é da nossa Pátria meu amigo, aí estamos de acordo! Esses que se auto-proclamam patrióticos nem sabem o que é cumprir o serviço militar, são filhos do 25 de abril que apenas sabem ser corruptos, nem fazem ideia o que custou conquistar a liberdade que têm para nos roubar, eu amo o meu país, a liberdade e a minha Pátria, mas sinto um grande desgosto de ter votado em vigaristas que nos governaram, todos sabemos que o país é culturalmente rico, com uma história invejável, com um povo que me orgulho de pertencer, metendo de fora esses lacaios venenosos Portugal seria outro.

    ResponderEliminar
  2. Tantas queixas, será que tem razão,
    tanto são estes como foram os outros
    nunca a todos agradará a governação
    porque, somos governados por loucos?

    Mas, para dizer a verdade,
    tenham muito ou tenham pouco
    e, porque, da vida deste povo
    as reclamações já fazem parte!

    ResponderEliminar
  3. O meu marido também teve a "honra" de viagem no Niassa para a Guiné.
    Abraço

    ResponderEliminar