Bombardeamento!

 

Não queria, mas tem que ser. Somos bombardeados diariamente com números e mais números e, sinto-me triste por dizê-lo, números que não me servem para grande coisa. Há apenas um, o dos óbitos, que não dá origem a qualquer dúvida, partiram, já cá não estão e deixaram vazia a cama que ocupavam no hospital, o que, dentro da tristeza que encerram, é uma boa notícia.

Os novos casos confirmados, sem se saber da gravidade da sua condição, não me dizem nada. Pior ainda são os casos de doentes recuperados, pois não sabemos o que lhes aconteceu, durante o período em que estiveram infectados. Foi grave? Foi ligeiro? Ou foi assim-assim? Doeu muito, doeu pouco ou estiveram sempre assintomáticos? Que medicamentos tomaram para se curar? Ou não tomaram nada, deixaram apenas passar o tempo?

O número dos internados é que eu gostava que fosse publicado com mais detalhes. Sabemos que um certo número desses está nos «Cuidados Intensivos», talvez um quinto do total de internados. E os outros? Que cuidados requerem? Qual o tratamento a que estão sujeitos? Quando o pessoal médicos/enfermairos diz que está estourado, que não aguenta mais, que quer isso dizer exactamente? Que eu saiba eles não andam com os doentes às costas, eles ficam quietinhos deitados nas camas que lhes foram destinadas. E, se calhar, não tomam mais que um comprimido de paracetamol de manhã e outro à noite!

Há aí qualquer coisa que me falha, onde está o grande trabalho de que se fala, para além dos cuidados intensivos? Cerca de 600 doentes espalhados pelos hospitais de um país inteiro serão um problema assim tão grande, ou estaremos a ser enganados? Ou esse pessoal que agora se diz muito cansado estava habituado a não fazer a ponta de um corno e agora estranha a mudança. Talvez se esqueçam que são pagos (talvez mal, mas pagos) para trabalhar que é o que fazem agora.

Estamos todos fechados em casa, sem nada que nos distraia do problema e é natural que estas ideias nos passem pela cabeça!!!