E tu, comes o quê?

Para quem anda em dieta rigorosa, o domingo é o dia do pecado, ou seja, levas 6 dias a penar e ao sétimo desforras-te para ganhar coragem e voltar ao mesmo na segunda-feira. Assim fiz eu, ontem, e ainda por cima tinha um motivo extra que me movia, a comemoração do 51º aniversário do meu casamento. Escolhi um rodízio brasileiro, levei parte da família para me ajudar, reduzi a dose do tinto para meia garrafa (e ainda reservei um golinho para a noiva), enchi um prato grande de saladas e esperei pelo rapaz do espeto que vai passando pelas mesas e distribuindo carne a esmo.

Não sei se foi a reacção à mudança, ou se os meus intestinos se zangaram comigo, mas passaram a tarde toda a roncar, como se andassem lá dentro mil diabos à solta. Não lhe passei cartão e depois do parco jantar a que tive direito, bebi uma infusão de camomila que meteu as tripas na ordem. Eu sou um fervoroso adepto da camomila, ou MACELA, como lhe chamam na terra que me viu nascer. Ainda rapazinho, a minha avó levava-me com ela, no fim do verão, para apanhar macela que durasse para todo o ano. Em caso de indisposição, má digestão, ou até diarreia, é este o remédio indicado. Numa dose máxima serve até de vomitório para limpar o estômago.

Hoje, é outra vez segunda-feira e dia de voltar à velha disciplina alimentar. Ando a comer peixe cozido, aveia, ovos cozidos, estrelados ou mexidos, legumes cozidos e saladas à fartazana. Daqui a um mês, se não tiver emagrecido 10 Kgs, mando o nutricionista à merda e volto aos velhos hábitos. A isto sou obrigado pela diabetes, mas também (e principalmente) pelo excesso de peso que me tem destruído as articulações dos joelhos e pés. O peso máximo que já atingi foi 115 Kgs, ontem, pus-me todo em pelote, saltei para cima da balança e li no mostrador 99,900. Tendo em consideração que pesava 105 em 20 de Outubro, não está nada mal, mas o objectivo é chegar aos 80 Kgs. Não sei quando isso poderá acontecer, mas isto faz-me lembrar a anedota do burro do cigano, quando já estava a dar lucro ... morreu!

Um bacalhau à moda de Braga, uns rojões à moda do Minho, um cozido à portuguesa, uma feijoada à transmontana, umas tripas à moda do Porto, ou até um pernil de porco cozido com hortaliça são sonhos dos velhos tempos que, tal como muitas outras coisas, não voltam mais.

Oh, vida cruel !!!