Nem toda a gente que há, no Porto, um bairro com o nome de Miragaia. E porque se chamará assim, quererão saber esses tais que desconhecem a sua existência. Pois é a coisa mais simples deste mundo, como é um bairro à beira-rio, do outro lado vê-se (mira-se) Gaia.
Pois aquilo que vos vou contar e que li nas crónicas de um senhor jornalista do Porto, passou-se, há muitos anos, ali mesmo, no bairro de Miragaia.
Este bairro passou a ser o mais concorrido do Porto, logo que começou a haver carreiras regulares para a Índia e o Brasil. Ali se construíam naus e caravelas para demandarem essas longínquas possessões portuguesa, ali moraram mestres, armadores capitães e marinheiros. As mercadorias vindas dessas colónias enriqueceram mercadores que por sua vez fizeram de Miragaia um bairro florescente e cheio de gente-bem.
Pois, como todos sabemos, a vida não corre sempre bem a toda a gente. É o caso de um morador deste bairro que se meteu em quanto negócio havia, via os seus pares encherem os bolsos e a ele tudo lhe dava para o torto. Ele magicava, de noite e de dia, no que teria de fazer com aquela má sorte. Numa certa madrugada, em que já perdera o sono, dava voltas na cama e também aos seus miolos à procura de uma ideia salvadora e, de repente, plim-plim, uma ideia que lhe pareceu vinda do céu.
Criar um nova empresa e pôr como sócio Jesus. Não o traidor que saiu do Benfica para ir fazer do seu arqui-inimigo campeão (coisa que não conseguiu e lhe envergonhou a cara), mas Jesus Cristo filho de Deus Nosso Senhor. E não é que a empresa começou a dar lucro e, em pouco tempo, fez dele um dos mais ricos mercadores de Miragaia?
Nisto, uma nova preocupação começou a ensombrar-lhe os dias. Reconhecia o sucesso que a sua empresa tivera, desde o início, e que isso só podia dever-se ao seu sócio, pois sozinho nunca conseguira sair da cepa-torta. E como repartir com ele os lucros do negócio? Jesus era um ser abstracto que não ligava nada aos bens materiais e não aceitaria nada que ele quisesse dar-lhe, nem tão pouco saberia onde lho entregar.
Então teve uma nova ideia, tomar sob sua protecção a igreja do seu bairro e dotá-la de tudo aquilo que lhe fizesse falta. Obras de beneficiação, pinturas e dourados, novas alfaias em ouro e prata, assim como novos e luxuosos paramentos para o celebrante dessa igreja. Nada faltou naquela igreja, enquanto ele foi vivo.
E assim, ambos os sócios ficaram felizes e contentes com a repartição dos lucros da sua sociedade, cujos negócios continuavam de vento em popa!
Que história interessante.
ResponderEliminarObrigada por partilhá-la.
Um abraço e bom fim-de-semana
A propósito já imaginou um estádio repleto de muçulmanos a gritarem. Jesus! Jesus!
Vai ser muito giro!
Acho que ele vai mudar o nome para Jorge Al-Lusitani
EliminarEstá muito bem contado,
ResponderEliminarse terá sido assim ou não
depois de ter encontrado
Jesus, o sócio da salvação?
Para qualquer negócio correr bem é preciso saber escolher o sócio! E para Jesus vai correr bem o negócio das arábias, ou vem corrido, ou corre bem.
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