Por acaso, até há, mas vou evitar falar nisso para desintoxicar um pouco o ambiente. Já nos basta o Bruno de Carvalho e o Jaime Marta Soares que tomaram de assalto todos os canais de notícias deste país. Mas mesmo evitando falar nisso, sempre vos digo que, hoje, jogam a Alemanha e o Brasil, dois putativos candidatos a levar o troféu que o Casillas nos apresentou, há dias. Não um contra o outro, mas sim com adversários diferentes.
A Mota & C.ia foi a minha primeira experiência negativa nos negócios da Bolsa de Valores de Lisboa. Antes do "nosso amigo Cavaco" mandar aquela boca foleira, em Outubro de 1987, que fez descambar as cotações e provocar prejuízos irrecuperáveis a muita gente, de que na Bolsa se vendia gato por lebre, um grupo de investidores, todos colegas de trabalho da empresa onde eu trabalhei quase toda a minha vida, comprou 20 acções da Mota & C.ia a 25 contos cada uma. Um investimento de 500 contos, o maior que o grupo fez, em toda a sua curta e mal sucedida história.
Anos depois, com o capital do grupo reduzido a cerca de 1.000 contos - tinha sido lançado com 3.000, repartidos por 12 sócios - algumas propostas de extinção e ninguém a querer gerir a desgraça, calhou-me a mim a fava. Geri o melhor que pude e soube, paguei a indemnização devida a quem quis sair, e tomei uma das mais polémicas decisões que a maioria aprovou, mas alguns nunca me perdoaram, vender as acções da Mota. O melhor preço que consegui foram 5.500$00 por cada uma, ou seja, cerca de um quinto do preço de compra.
Depois disso, os sócios descontentes quiseram abandonar o grupo e dos restantes só havia um que me apoiava ainda. Vi que assim não podia continuar e fiz-lhes uma proposta, ou abandonava a gestão do grupo e teriam que nomear outro para o fazer, ou ... comprava todas as suas partes e ficava dono da carteira. Os habituais descontentes não gostaram nada da ideia, dizendo que me estava a aproveitar da situação, mas ninguém aceitou tomar o meu lugar. Resultado, acabaram por me deixar sozinho, recebendo menos de um terço daquilo que tinham investido. E assim acabei por me tornar um investidor na Bolsa de Valores.
Segundo a notícia que podem ler abaixo, a neta do fundador da empresa (que me lançou na Bolsa e custou uma mão cheia de contos) vai meter-se nos negócios do Vinho Verde, uma vez que a Construção Civil anda pelas ruas da amargura e já tem outros parentes que se preocupam com isso. Embora haja inúmeras campanhas que se propõem acabar com o consumo do álcool, eu acredito que nunca o conseguirão. E depois, um Verde fresquinho vai bem com peixes ou mariscos, durante o verão com qualquer refeição, ou a qualquer hora e em qualquer canto do mundo, fora das refeições para combater o tédio. Até há amantes que não dispensam um copo dessa riqueza, antes de partir para o beija-baija, lambe-lambe, pois deixa as papilas gustativas em total alvoroço. Querem melhor? Experimentem!
“Foi a terceira geração que percebeu o potencial que estava aqui, entre as vinhas, as quintas e a Casa da Calçada”, conta Inês Mota, filha de António Mota, o chairman da Mota-Engil.
A verdade é que tudo começou lá atrás, quando Manuel António da Mota, o avô de Inês, sonhava com comprar a Casa da Calçada, construída durante o século XVI para ser um dos principais palácios do Conde de Redondo. O edifício de estilo barroco, onde durante as invasões francesas se instalaram os comandos aliados (ingleses e portugueses) viria no século XX a tornar-se ponto de encontro para políticos e intelectuais liderados pelo proprietário de então, António do Lago Cerqueira, um dos mais importantes líderes políticos da Primeira República.