domingo, 10 de setembro de 2017

Domingo, 10 de Setembro!

Toda a gente sabe que hoje é domingo, assim como também sabe que é o décimo dia deste mês de Setembro. O que ninguém sabe é o que ele significa para mim, é uma espécie de "day after" (o dia seguinte).
Ontem, fui até Mirandela para encontrar-me com o Manuel Filipe, camarada fuzileiro que não via desde o dia 2 de Outubro de 1962. Claro que a desculpa era abastecer a minha despensa de produtos da região transmontana, tais como vinho, azeite, linguiça e alheiras, mas aquilo que motivou a viagem foi rever um camarada que não via há 20.066 dias. Passaram-se, exactamente, 54 anos e mais 342 dias, daqui a 23 dias seriam 55 anos. É obra!
Ninguém quer saber disso, mas destes quase 55 anos que, entretanto, decorreram, 14 deles foram bissextos. Muitas coisas aconteceram, durante todo esse tempo, na vida do Filipe, assim como na minha. Ele fez duas comissões, em Angola e uma, em Moçambique, tendo abandonado a Marinha depois disso. Esteve em Metangula e no Cobué, como eu estive também, mas em tempos diferentes.
Na sua vida civil, depois da Marinha e da Guerra Colonial, foi emigrante. Andou pelo Médio Oriente e depois foi parar a Paris. Trabalhou nas obras até encontrar o seu caminho definitivo. Em Paris recomeçou os estudos que tinha interrompido quando se alistou, antes ainda de fazer 17 anos, na Marinha de Guerra Portuguesa, e conseguiu terminar o Curso de Contabilidade. Depois disso, com o "canudo" na mão, arranjou um emprego, onde havia alcatifa e ar condicionado, livrando-se do frio, neve e chuva que fustigam Paris durante boa parte do ano.


Ele, agora, está reformado e vive mais tempo em Portugal, na terra que o viu nascer, no concelho de Olhão. E tem mais tempo para dar umas voltas e esquecer a vida de trabalhos que levou até agora. Foi isso que o trouxe, ontem, de Olhão a Mirandela e fez com que o nosso reencontro fosse possível.


Não é qualquer amigo que merece uma deslocação de 176 Kms, mas para o NMA 16491 que partilhou comigo aquelas sessões de «Ordem Unida», sob o comando do sargento Bicho, durante 6 meses, tudo é justificado. Tempos inesquecíveis que, ontem, durante cerca de três horas, tivemos oportunidade de recordar. A buzinadela do autocarro que pretendia prosseguir a viagem pôs fim ao nosso encontro.


No regresso, aproveitei para fazer um desvio e passar pela barragem da Foz do Tua, cuja construção acompanhei desde o primeiro dia. E assim, para regressar a casa tive que meter mais uns 229 Kms na minha carrinha Ford Mondeo que, a bem da verdade, estava já cansada de ficar aqui ao lado, a ganhar teias de aranha e acumular pó em cima do tejadilho.

6 comentários:

  1. bom dia.
    É sempre um grande prazer fazer uma viagem que corra bem e ainda encontrar um velho amigo .
    bom domingo. vamos aguardar melhor exibição na terça feira.
    JAFR

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  2. São esses encontros que nos fazem voltar aos nossos 20 anos, mas deixa que te diga uma coisa, que o Filipe não vai ver, ele parece mais velho do que tu 5 anos será? Ou foram efeitos da neve francesa!

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  3. Então! Foste lá para Trás-Os-Motes,
    que ficam lá do outro lado do Minho
    não passaste por Vila Nova de Milfontes
    mas, bebeste do bom vinho Alvarinho!

    Bem sei que gosta dela,
    passaste a ribeira
    para em Mirandela
    comeres a boa alheira!

    Encontraste o Filipe,
    Ah! Moce marafade
    vocês na Marinha comiam bife,
    eu no Exército feijão frade!

    De que não é mebtira,
    disso tu bem sabes
    já passaste em Odemia
    e Oliveira de Frades!

    Boa viagem fizeste,
    isso é que é preciso
    lá onde estiveste
    encontaste o teu amigpo.

    É esse o Filipe do ar condicionado,
    que se sentia bem à sua vontade
    num gabinete encarcerado
    para se livrar da tempesdade?

    Amigos! Desejo para vocês, um bom dia de domingo!

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  4. É sempre bom rever um amigo, tantos anos depois.
    Abraço

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  5. Mais de meio-século é obra. (Valdemar Alves)

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