Que têm estas duas obras em comum?
A resposta é simples, água. Só que no Tejo, mais concretamente em Lisboa, é um obstáculo, enquanto que no Alqueva é uma dádiva de Deus.
Eu sou do tempo em que para ir de carro de Lisboa para Almada só havia duas soluções, de cacilheiro ou por Vila Franca de Xira. E qualquer delas era chata à brava. Razão pela qual todos os lisboetas sonhavam com uma ponte que lhes resolvesse esse problema.
No Alentejo havia falta de água e vê-la escoar-se pelos rios em direcção ao mar era coisa que afligia qualquer um. Era preciso retê-la, fazer uso dela em benefício das gentes alentejanas. Isso toda a gente compreendia e não faltava quem quisesse meter as mãos à obra, mas faltava o mais importante, o pilim.
Pois, o pilim acabou por aparecer e ambas as obras foram levadas a cabo. Num país rico de recursos o assunto acabaria aí, esfregavam-se as mãos dizendo "está feito" e partia-se para outra. Mas aqui as coisas não funcionam assim, é tudo feito a crédito e no fim é preciso desencantar o dinheiro em qualquer lado para pagar as contas, os juros e algumas alcavalas que aparecem sempre ninguém sabe de onde.
Assim aconteceu com a ponte Salazar (a que trocaram o nome por ódio ao ditador) e acontece também com o Alqueva. No caso da ponte pagam os que passam por cima dela todos os dias. Já não recordo qual era o preço da passagem de um carro no cacilheiro, ou o gasto de gasolina para ir dar a volta por Vila Franca, mas é provável que não fique mais caro atravessar a ponte. Mas quem paga as portagens não pensa nisso, queriam uma ponte e pronto.
No Alqueva pagam os utilizadores da água e refilam porque um bem que é de todos e dado por Deus (sem cobrar nada em troca) não entendem que seja vendido em benefício sabe-se lá de quem. Para custear as obras da construção da barragem, pode dizer-se. Porque não paga a EDP essa conta, uma vez que é o mais beneficiado pelo uso da água e considerando ainda que a maior fatia do investimento foi para construir a central de produção de energia eléctrica?
Vem isto a propósito da notícia que li hoje num dos jornais, sobre a redução de 33% no preço da água para os agricultores. Eles prefeririam não pagar nada, mas manda quem pode e há sempre a desculpa da manutenção e da construção de novos canais de rega. Até pode ser, mas custa pagar por uma coisa que cai do céu. Um pouco diferente é o caso da ponte de Lisboa, na qual há que fazer manutenção, senão ela enferruja e cai para o lado.
Conclusão, sem pagar não temos nada. É a política do utilizador pagador. Temos que viver com isso e cara alegre!
Pagamos por um bem que nos é indispensável, mas subir os custos todos os anos mais que uma vez a seu belo prazer, eu já discordo.
ResponderEliminarCircular nas Pontes Salazar e Vasco da Gama, devia ser de borla. A circulação nas auto estradas devia estar isenta de portagens. Da água e da energia que consumimos em nossas casas deveríamos estar isentos de qualquer pagamento. A água não cai do céu. A água das nuvens que a carregam. A electricidade produzido pela água ou pelo vento. A maioria dos portugueses diz que o custo para os consumidores é exorbitante. Todavia, nunca ouvi ninguém dizer de que um bilhete para assistir a um jogo de futebol é caro. Não é obrigatório circular nas pontes nem nas auto estradas. Quem de Lisboa quiser ir para Almada, para não pagar nas pontes nem nas auto estradas, que o faço pela Estrada Nacional número 10. Via Vila Franca de Xira, ponte Marechal Carmona, a qual já isenta de portagens!
ResponderEliminarNão sou contra o pagamento de pontes, auto-estradas e outras coisas mais. Mas que há coisas que eu não compreendo, isso há. Um exemplo. Na fatura da água paga-se uma boa maquia para saneamento. Porque é que algumas câmaras fornecem contentores e sacos para o lixo e outras não?
ResponderEliminarEm Lagos a CM, forneceu um contentor individual para o lixo à população. Além disso quem for pagar água aos serviços recebe um rolo de sacos pretos para o lixo. Porque é que outras câmaras não fazem o mesmo?
Um abraço
Sem dúvida, duas obras de enorme grandeza e que pertencem ao melhor que se fez em Portugal, as quais proporcionaram progresso e bem estar, altamente assinaláveis . A Ponte Salazar, embora construída com dinheiro que resultou de muitos sacrifícios impostos ao " Zé Povinho ", tornou-se numa mais valia, comodidade e facilidade para quantos tinham que atravessar o rio Tejo pelos mais diversos motivos ; mesmo assim, houve quem pensasse não dever fazer parte da nossa História, uma vez que uns quantos " salvadores " se dignaram, com prepotência e arbitrariedade " refazê-la " de um dia para outro e baptizá-la como Ponte 25 de Abril ! O que é verdade, é que ali não ocorreu algo que justificassem tal alteração e, por isso, tentar que se ignore o historial do seu povo é cobardia e não ter coragem para reconhecer valores que não se podem esconder ou camuflar . Provavelmente, os que se dignaram ao que se mencionou, foram os mesmos que ajudaram a destruir muito do que, infelizmente, aconteceu ... ! Não sou apreciador da politica de Salazar e nem dos métodos que utilizou ; contudo, não posso deixar de reconhecer que, à sua maneira, sempre quis ser patriota e viveu sem qualquer espécie de opulência, morreu pobre e não consta que tivesse sido ladrão, bem ao contrário de muitos que o contestam e se arvoram em grandes democratas, mas capazes de todo o tipo de falcatruas e roubalheira interminável, talvez uma das razões para haver quem quisesse enterrar o passado que não lhes convinha ! Salazar era um homem inteligente, preconceituoso, com mentalidade retrograda e pensamento único e que, a partir de determinada altura, devido ao avanço da sua idade, perdeu a noção da realidade e do progresso, colocando o País numa estagnação e ditadura, intoleráveis ; deixando-se levar por muitos em quem acreditava, mas que eram piores do que ele e capazes de barbaridades sem fim . No que respeita à barragem do Alqueva, concretizou-se um sonho alentejano e proporcionou-se a água que tanto se desejava . Agora, segundo consta, parece que são outros, especialmente espanhóis, quem se dedica a investimento e aposta no futuro, enquanto que portugueses, supostamente a serem os primeiros, parece não estarem muito entusiasmados, possivelmente a pensar nos subsídios do costume ! Se assim é, lá tenho que dar razão aos ingleses, quando dizem : " em Portugal anda metade a vender cautelas e outra metade a ver se lhe sai a sorte grande " ! Espero bem que assim não seja e que aqueles que tanto reclamaram por água não a deixem seguir para o mar . Um abraço .
ResponderEliminar