quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Os dois melhores em Manchester!

Segundo li, hoje, na comunicação social, o Mourinho vai mesmo treinar o United de Manchester. Como o Guardiola já tinha assinado, na passada semana, como treinador do City, vamos ter na cidade de Manchester os dois melhores treinadores do mundo (segundo se diz por aí).
A leitura dessa notícia levou-me de volta aos primeiros anos da minha vida profissional pós-Marinha, na indústria têxtil e de confecções. Manchester é, como toda a gente sabe, a capital dos têxteis em Inglaterra, a cidade onde começou a revolução industrial. E foi a primeira cidade que tive o prazer de conhecer no Reino Unido.
No ano de 1964, andava eu aos tiros, em Moçambique, envolvido na Guerra Colonial, enquanto o Zé Mourinho andava ainda de fraldas, na cidade de Setúbal, onde nasceu. Dez anos depois, aterrava eu em Manchester tentando fazer andar o negócio do patrão holandês que me pagava o salário. Salário esse que nessa altura se considerava milionário, 35.00€, e me faz rir, hoje, quando penso nesse valor em contos de reis.


O escritório da empresa ficava nas traseiras da prisão de Manchester e os altos muros que a vedavam era tudo o que eu via quando me sentava á secretária, ao pé de uma janela, para pôr em dia o meu "paperwork", que é como quem diz, ler a correspondência chegada dos clientes e da fábrica e transmitir as ordens que tinha recebido.

Do lado direito vê-se uma pontinha do prédio onde ficava o escritório.

No tempo em que se amealhava cada tostão ganho e não havia dinheiro para luxos, usávamos um escritório de uma velha fábrica abandonada, cedido a troco de umas libras pelo judeu que a alugara para lhe servir de armazém. O que por lá mais havia eram teias de aranha, electricidade só a estritamente necessária para alumiar os pontos mais escuros. Por isso me sentava àquela janela, virada a poente, onde se conseguia ler a papelada sem grande problema.
Na década de 90, quando já o patrão era português e se gastava mais do que se ganhava, mudamos para um escritório moderno, na zona de Salford, junto ao canal, onde havia sempre um café e um uísquezinho depois de almoço e aí as coisas começaram a andar para trás até ao descalabro total. Mas isso já sou eu a desviar-me do assunto que os negócios não são para aqui chamados.
Dois egos tão grandes como os de Mourinho e Guardiola dificilmente caberão numa cidade como Manchester, mas cá estaremos para ver. Felizmente os dois estádios ficam bastante distantes um do outro, o do City a nordeste e o do United a sudoeste do centro da cidade e assim haverá menos encontros desagradáveis entre os adeptos de um e outro clube.
A nossa vida é como um filme, de vez em quando põe-se a cassete a andar e revê-se aquilo que está lá gravado. Tenham um bom dia (que já está quase no fim) e lembrem-se que faltam apenas 24 horas para começar a tremedeira. Se o jogo de amanhã correr de feição ao Benfica, podemos dizer que temos um dos candidatos apeado e meio título no bolso!

4 comentários:

  1. Eu gosto de ouvir contar histórias desse tempo, não me lembro se já te disse, mas eu era um dos clientes da Maconde aqui na Figueira, daí a minha contribuição para te ajudar a pagar esses 35,00€, tu certamente estiveste aqui bem perto, sem me pagares uma cervejinha! Fuzileiros afastados pela lei da vida! Estou contente pelo Mourinho ter encontrado emprego, se não encontrasse nem imagino como iria viver o resto dos seus dias.

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  2. Curiosidade de gato escaldado: 35 euros, no dinheiro de hoje, seria isso à hora, ao dia, à semana ou ao mês!? Porra que não percebo mesmo nada de nada; ou estarei alheio aos procedimentos europeus(...)? Acontece que sempro fui pago semanalmente desde que sou imigrado (1966), por isso essa coisa de receber ao mês deixarme-ia a tremelicar com mêdo! Herois da finaça é o que vocês são! Parabéns!

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  3. Estive a ler com atenção,
    saúde para o Mourinho e Guadiola
    7.000$00 nesse tempo era um ordenadão
    35.00€ para quase nada dão agora!

    A Maconde, não se aguentou nas canetas e rebentou pelas costuras. Enquanto existiu em Portugal, sempre lá comprei a roupa para vestir. Até parecia
    que tinha sido feita mesmo à minha medida!

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  4. Evoluções do tempo.
    Também comprei muita roupa na Maconde.
    Pena que tenha falido.
    Um abraço

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