Isto é que vai pr'aqui uma açorda!

 Hoje, encerra-se mais uma campanha para a conquista das autarquias do país. A grande novidade é o partido CHEGA que chegou agora e também quer uma fatia do bolo que sempre foi dividido entre socialistas e PSD's com umas migalhas apanhadas pelos comunistas ou do CDS.

Aqui, no meu burgo, começou um padre (do CDS) a ganhar tudo e quando lhe cheirou que ia perder a cadeira mudou-se para o PSD, porque sabia que essa era a ideologia reinante no concelho. E no mandato seguinte emigrou para sul, deixando o pelouro aos seus seguidores e, até hoje, tem sido sempre o PSD a mandar nesta terra.

Quando saiu a lei da limitação de mandatos, o que estava na cadeira preparou o seu vice para lhe suceder e assim aconteceu com o seguinte também. Só que neste último mandato o mandante esqueceu-se de eleger um seguidor e ensinar-lhe os segredos da profissão, o que deu confusão na hora de fazer a lista dos concorrentes do PSD à autarquia. Como solução de recurso pegaram na secretária do presidente e puseram-na como cabeça de lista.

A coisa não foi muito bem aceite pelo "povo", em especial o do género feminino que não grama a "gaja" nem com molho de tomate. Vai daí, começaram a arengar que a melhor solução seria votar no CHEGA, uma espécie de voto de protesto. E o André Ventura apareceu aqui na cidade montado num enorme camião TIR, ao jeito do Emmanuel mais a Luciana Abreu nas tardes de domingo da SIC, fazendo acreditar que isso era já o prenúncio de uma vitória.

Eu acredito que as famílias numerosas e fiéis ao PSD vão dominar a votação e as senhoras poveiras lá terão que "engolir" a Andrea (Ândria dizem elas) como nova presidente da Câmara. E penso que a pandilha que a acompanha já faz planos para os próximos 12 anos. Mas estou curioso quanto à quantidade de votos o novo partido que quer acabar com a corrupção e o compadrio e é liderado pelo André (versão masculina de Andrea) conseguirá aqui nesta terra que já foi de pescadores e agora é muito mais de "estufadores".

Talvez estranhem o termo "estufadores, mas não sei que outro nome posso dar àqueles que cobriram as suas terras de cultivo com estufas a perder de vista e ali cultivam tudo que é vegetal na nossa alimentação. Começam com as alfaces, o tomate, o pimento e o pepino ou feijão verde, mas há outras modernices já adoptadas como a courgette, a couve-flor e os brócolos que ajudam a regularizar a facturação. Para além das flores, claro, que, hoje, são um negócio de peso. As pencas da Póvoa e as cebolas continuam. à moda antiga, a ser cultivadas ao sol.

Houve um escritor, não recordo o nome, que afirmou que as "terras baixas entre os rios Cávado e Ave são as mais férteis de Portugal" e o povo trabalhador acreditou nisso e não deixa um centímetro quadrado dessa terra sem algum tipo de cultura. E, aderindo à modernidade, começou a cobrir os terrenos com estufas para não ficar sujeito aos humores do clima que, não raramente, teimavam em lhe estragar as colheitas.

As freguesias de Averomar, Aguçadoura, Nabais e Estela, além de uma pequena parte da Amorim e Terroso vivem dessa "Indústria do Legume" e são, por tradição, afetctas aos Sociais-democratas. Ninguém sabe porquê, mas eu diria que é por se considerarem a Classe Média cá da terra e acharem que só estarão bem num partido das direitas. Os mais amigos de frequentar a igreja votam no CDS, mas cada vez são em menor número, a exemplo do que se passa no mundo com o descrédito da "padralhada".

Quem ficou com o problema nas mãos fui eu que não sei em quem votar. Antigamente eu seguia um raciocínio, descobria para onde a sondagem apontava e votava nesse partido ou no seu opositor, conforme me agradava mais ou menos a cara do seu líder. Como também sou um dos que não gosta da Andrea será que estou condenado a votar no André?

Imagens para vos dar uma ideia do negócio