Ia começar a minha crónica de hoje falando-vos do novo aeroporto - que espero se venha a chamar Gago Coutinho, em honra do maior aviador português, é preciso coragem para se meter numa geringonça voadora e atrever-se a atravessar o Atlântico - mas marcha-atrás e vou falar da COP28, uma reunião de gente poluidora que está a estudar o grande problema do aquecimento global. Não sei se foi Deus quem assim quis, talvez nem haja Deus, mas é um facto que os grandes reservatórios de petróleo estão escondidos debaixo das areias do deserto, desde a Líbia ao Irão, passando pela Arábia Saudita e países vizinhos.
Toda a gente dessas regiões viveu (alguns ainda vivem) viveu na pobreza, desde que o mundo é mundo. A terra não dava nada e viviam dos rebanhos que conseguiam criar, cabras, ovelhas e camelos. Bebiam o seu leite, comiam a sua carne e vestiam as suas peles, uma triste vida apoiada em pouco mais de nada. Foi assim, durante séculos, mas tudo mudou com a descoberta do petróleo, não vai assim há muitos anos.
O "vapor" que tinha sido o suporte da revolução industrial do Século XVIII, foi posto de lado e os novos carburantes começaram a regular o mundo. A regular e a cavar a sepultura do Planeta, segundo dizem os entendidos. Afirmam alguns que, a continuar por este caminho, não chegaremos ao século XXII. A camada de ozono continua a aumentar e a abafar a Terra e outros gases, como o metano também dão a sua ajuda. Se a Mac Donalds deixar de vender hamburgers e todos nós desistirmos de comer o bife, a costeleta e a picanha, abolirmos a churrascada de todo o tipo de carnes, talvez isso ajude e nos garanta mais um século com os pés na Terra.
Reduzir as viagens aéreas a um mínimo aceitável, aumentar as linhas ferroviárias por todo o lado onde os turistas queiram ir de visita, arrumar com todos os automóveis e camiões com motor de combustão, tudo isso ajudaria, mas é quase menos que impossível de alcançar. Os decisores a quem cabe implementar essas medidas não encontram uma solução para as economias dos seus países, fora do sistema actual. Indo por esse caminho, deixaria de haver emprego para os milhões de trabalhadores que vivem do dinheiro que provém dessas indústrias e desses serviços e morreriam à fome.
E com isto estou quase a chegar ao aeroporto e ao problema que os governantes enfrentam. Num tempo em que se discute como parar os aviões, para reduzir a emissão de gases, Portugal vai construir um aeroporto que será, segundo afirmam vaidosos os nossos governantes, um dos maiores do mundo. Seria mais sensato juntar os países numa grande associação que construísse uma linha férrea de alta velocidade a ligar Lisboa a Frankfurt, daí até Moscovo e depois, através das estepes russas até ao Alasca, atravessando todo o continente americano, de norte para sul, atingindo a Terra do Fogo. Em qualquer ponto da Rússia seria possível fazer um desvio até à Turquia e dái até ao Egipto, fazendo daí a ligação ao continente africano.
Todo o pessoal que, hoje, trabalha nas fábricas de automóveis e aviões passaria a fabricar carris e locomotivas e tenho a certeza que já deve haver algum engenheiro a pensar em como tirar energia das rodas de tantos comboios a circular pelo mundo. As rodas não param de girar e em grande velocidade, o que é ideal para mover uma geringonça qualquer que produza electricidade. Todos os automóveis têm um gerador que carrega a bateria do carro, o princípio é o mesmo, não se trata de inventar a roda outra vez.
E entretanto, no meio de toda a urgência com que se pede para salvar o mundo, os políticos portugueses rejubilam com a hipótese de um governo que nascerá no próximo mês de Março, ponha em marcha o projecto do novo aeroporto que será gigantesco, com 4 pistas e 136 operações de levantar/aterrar por hora. Aeroporto que enfrenta já um grande problema, antes de nascer, já não haverá aviões no céu, quando ele ficar pronto.
A COP28, a decorrer no Dubai está, precisamente, a estudar a maneira de reduzir a prospecção e utilização dos carburantes fósseis - leia-se petróleo - e ou o conseguem ou estaremos todos fritos, pelo aumento da temperatura e falta de água, antes que este século termine. Ao próximo governo de Portugal, seja ele liderado pelo André Ventura, pelo Luís Montenegro, pelo Zé Luis Carneiro ou ainda pelo Pedro Nuno Santos, desejo que tenham a máxima clarividência para decidir quais são as prioridades do povo português e não nos enterrem numa dívida monumental para construir uma coisa que não nos fará falta.
Digam adeus ao avião e dêem as boas vindas ao comboio, o transporte do futuro!
Somos nos que estamos em risco , o planeta resta e nos partimos !
ResponderEliminar