Em primeiro lugar, quero recordar uma data que foi importante na vida de minha mãe. No dia 8 de Agosto de 1967, já lá vão 56 anos, nasceu o primeiro neto, filho da minha irmã Silvina. Parabéns para o filho e para a mãe que a avó já não é deste mundo.
E vamos ao que interessa, só hoje recebi a Revista da Armada referente a Julho, quando devia ser o número de Agosto a chegar nesta data. Abri-a e fui direito à pagina das notícias pessoais, ver se tinha falecido algum camarada amigo ou filho da escola. Arregalei os olhos de espanto, só constavam nomes de oficiais e mesmo esses só os superiores. Oficiais subalternos, sargentos e praças ficaram no limbo do esquecimento colectivo.
Já na revista anterior foram esquecidos os registos pessoais em prol do Dia da Marinha que ocupou todo o tempo e espaço da Revista que saiu com um mês e tal de atraso. Não gostei e não me vou calar, na vida somos todos diferentes, mas na morte somos todos iguais e vamos deitados e com os pés para a frente.
Depois, ao folheara a revista, encontrei uma notícia que me diz muito, pois passou-se no tempo em que lá estive e fui testemunha de muitos desses passos que foram uma autêntica epopeia e vão ficar na História de Portugal e na da Marinha de Guerra Portuguesa, o transporte das lanchas de fiscalização e também das de desembarque, do mar para o Lago Niassa. Cerca de mil quilómetros pela savana africana, primeiro de comboio e depois de camião, quando se acabaram os carris do Caminho de Ferro.
Só quem viveu essa aventura sabe o que custou e quanta habilidade foi precisa para ultrapassar os obstáculos pelo caminho. Os viadutos da linha férrea que obrigaram a levantar as lanchas cerca de dois metros acima do nível dos carris para passar por cima dos parapeitos laterais. As pontes da estrada que não estavam preparadas para suportar o peso dos camiões e foi preciso atravessar o rio a vau. As subidas íngremes que obrigaram a engatar dois camiões, um a ajudar o outro, para arrastar a carga até ao cimo. Eu tenho algumas fotos que ilustram essas dificuldades, mas já as publiquei tantas vezes que admito já todos as viram.
Para terminar, a lancha Saturno que foi a minha base, no cais das lanchas, em Metangula, foi muito recentemente recuperada e rebatizada com o nome de Meponda e posta a navegar ao serviço do governo de Moçambique.
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