quarta-feira, 19 de julho de 2023

Nós, quem?

 


A vida está uma desgraça, a inflação dá-nos cabo da carteira, o preço das casas ou o seu aluguer estão para lá de inacessíveis e ouço dizer que nós somos os culpados. Culpados de não pôr um travão nas compras, sempre que não concordamos com os preços que nos pedem. Logo que os compradores desapareçam do mercado os preços baixarão. Os ingleses usam a expressão "Buyer's market" e "Seller's Market" para definir a evolução dos preços. No primeiro caso são os compradores que estabelecem o preço, obrigando quem vende a ter tento no que faz. No segundo caso tudo se vende, seja qual for o preço pedido, e é, portanto, o vendedor que domina a situação.

Actualmente, em Portugal, vivemos um seller's market. Tudo aquilo que é posto à venda encontra sempre um comprador, não importa o preço. Pedir meio milhão de euros por uma "casita" para pobre morar devia envergonhar quem pede e fazer fugir quem ouve. Alugar um quarto, em Lisboa, por mais de 600€/mês já não assusta ninguém, tornou-se uma coisa normal. E a culpa de quem é? Do turismo, claro!

Portugal, com ou sem razão, escolheu o caminho do turismo para fazer de motor da economia do país. Em palavras simples, decidiu vender o país aos estrangeiros que têm dinheiro para o comprar. Os portugueses que não têm dinheiro para competir com quem nos procura, seja pelo clima, pela comida, pela nossa amabilidade ou pelos preços baixos que são praticados. Assim, passámos de um preço de 300€ para 600€ por um quarto, porque os senhorios encontraram no «Alojamento Local» uma mina, onde podem pedir o que quiserem que há sempre quem pague. O turista paga 1.000€ por uma semana e tu achas 600€ por mês muito caro? Vai-te embora miserável, vai dormir para debaixo da ponte que é de graça.

Nas casas é assim, mas também nos preços de tudo que se vende no mercado se sente a mesma pressão. Seja na carne, no peixe ou nas frutas e legumes tudo subiu, por excesso de procura, o leite e o arroz subiram 50%, mas coisas houve que dobraram o seu valor. Os muitos turistas e muitos imigrantes que andam por aí são os culpados desta situação e não nós que somos obrigados a morar aqui, onde nascemos, quer queiramos ou não. A juventude bate as asas e parte à procura de melhor, os velhos ficam para viver na miséria que mesmo sendo o que sabemos, é um paraíso na terra para aqueles que nada têm, os africanos e asiáticos.

O nosso governo deixou as coisas entrarem por um caminho de onde vai ser muito difícil sair. Os pobres vão ficar cada vez mais encostados às cordas, metade dos reformados recebe menos de 500€ por mês que não são suficientes para pagar a alimentação e os medicamentos que os mantêm vivos. Onde ir buscar o que falta para uma casa, para uma doença, para uma urgência que sempre aparece? Receber uma esmola do governo, de vez em quando, não é solução, o Costa tem que procurar outro caminho para levar o rebanho ao redil.

A primeira coisa a fazer, penso eu, é fazer a guerra aos especuladores. Aumentar as taxas e passar multas pesadas a quem vive a explorar os desgraçados. Os grandes distribuidores de alimentação, de combustíveis e os bancos ganharam rios de dinheiro, no ano passado, com a subida dos preços. Falou-se em apurar o que ganharam indevidamente e taxar esses ganhos de modo a ressarcir as pessoas pelo que pagaram a mais. A culpa é da guerra, diziam eles, a farinha subiu para o dobro, temos que duplicar o preço do pão. Grandes trafulhas! Mas o governo nada fez, achou que não conseguiria ganhar a guerra contra os poderosos. E ao mesmo tempo, vai esfregando as mãos de contente, pois quanto mais inflação mais impostos entram para a gaveta do Estado. Até o banco do Estado, a CGD, fez lucros de envergonhar qualquer socialista e o Costa, ao leme da embarcação, esboça um sorrisinho de circunstância e deixa correr o negócio. Ele nunca imaginou ter tanto dinheiro na caixa das esmolas. Somos todos nós, os turistas e os de Bruxelas a atirar dinheiro lá para dentro, a cada dia que passa.

Como vamos sair desta? Acho que não vamos, o melhor é fazer como os peixinhos que há milhões de anos foram obrigados a respirar fora de água e se habituaram. A metamorfose é um processo evolutivo que dá sempre resultado, demore o empo que demorar e morra quem morrer pelo caminho!

1 comentário:

  1. Nous , ceux que se font entuber par le singe maraja ,
    Pobre povo , naçao de covardes mortais .
    Venham todos para a rua : mais vale morrer a protestar , que de fome acabar !

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