Schreiben ist ganz einfach, dizem os alemães (escrever é fácil), mas eu não estou de acordo com essa afirmação. Havia um colega no meu escritório que me perguntava:
- Silva, tu falas alemão?
- Falo, respondia eu!
- Falar alemão não custa nada, basta a gente terminar as palavras em "en". Por exemplo, essen, trinken, volkswagen, vaselinen, etc., dizia ele e punha toda a gente a rir no escritório.
Quando a gente tem tempo de sobra, deve aproveitar para ler um bom livro - por falar nisso, ando a pensar em fazer uma recolha das minhas melhores publicações e fazer uma espécie de livro a que chamaria «Crónicas da Saudade» - ou, em alternativa passar uma hora a escrever que vai dar ao mesmo.
O acto de escrever não se cinge apenas a pegar numa folha de papel e numa esferográfica e desatar a encher a dita folha de palavras. Escrever obriga a uma certa capacidade de organizar as palavras em frases que façam sentido, que exprimam uma ideia, que transmitam a mensagem que o escrito pretende que chegue ao leitor. Antes de começar a teclar - neste caso, pois papel e esferográfica é passado - já há uma frase completa, com sujeito, predicado e os complementos, organizada num único período ou vários, gravada no nosso cérebro. Teclada a primeira letra o cérebro despeja o conteúdo que já tem alinhado, tal e qual como se fosse um "copy&paste" ou, dito em português, copiar & Colar.
Era aqui que eu queria chegar para vos contar uma dificuldade que, ultimamente, venho sentindo na minha escrita. Como o nosso cérebro vai à nossa frente, organizando as palavras em sílabas, acontece-me avançar uma sílaba completa e teclar a primeira letra da sílaba seguinte. Claro que estou sempre a voltar atrás para introduzir a sílaba em falta e isso torna a coisa mais lenta. Outra coisa que me acontece com frequência é teclar a letra que está à esquerda ou à direita daquela que devia ser teclada. Outras vezes acerto na tecla de lado e saem duas letras pegadas. Depois das combinações ch, lh ou nh é raro não me aparecer um J. E o T que é uma das letras mais usadas em português, muitas vezes é seguido por um Y, por exemplo, "muityo.
Será por causa dos meus olhos que já tiveram melhores dias ou será da idade? Quando o nosso cérebro começar a perder as suas capacidades - há quem afirme que o cérebro só melhora com a idade e nunca o contrário - poderá acontecer isso? Não ser capaz de engendrar uma frase completa, memorizá-la e depois despejá-la no teclado? Parece-me raro, mas não sei explicar o que me acontece, cada vez levo mais tempo a escrever, estou sempre a voltar atrás, conferir, corrigir as falhas, apagar as letras que apareceram sem a minha autorização e por aí fora. Para escrever uma publicação de 4 ecrans do portátil gasto 1 hora inteirinha. Não é um grande problema, pois como não tenho nada que fazer a seguir até devia ficar grato.
Por falar nos 4 ecrans de tamanho da publicação, lembro de um camarada marinheiro que mergulhou a fundo no mundo dos blogs, mas não tinha jeito nenhum para escrever. Começou por publicar todas as fotografias que coleccionou ao longo da carreira na Marinha com uma legenda explicativa, mas com o tempo começou a atrever-se a uns textos mais alargados. Como a sua escrita era muito atabalhoada eu recomendei-lhe que escrevesse mensagens curtas, um ecran completo e nada mais. Dizia-lhe eu, se te alongas muito as pessoas cansam-se não lêem o que tu escreves, a mensagem deve ser curta e concisa. Agora, vejo-me a encher 4 ecrans e fico a pensar no que dirão os meus leitores. Que chatice, isto é só palha para dar ao burro!
Daqui a pouco, desligo o computador, vou até ao fundo do quintal dar de comer às galinhas - to feed the chikens, como diz o inglês - colher alguns tomates e umas vagens de feijão verde para fazer uma sopinha primaveril, e já deixo de vos moer a paciência. Ser chato e repetitivo atá a mim enjoa!
P.S. - Acabei de escrever e fui verificar o tamanho, hoje ficou-se pelos 3 ecrans de escrita!
Bom dia amigo Silvensen .
ResponderEliminarJR
Esqueci-me de dizer que a grande incidência de palavras terminadas em "EN" se deve ao facto de os verbos no infinitivo terem essa terminação, assim como a maioria dos substantivos no plural.
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