Quando viajei de Moçambique até Lisboa, no melhor paquete da nossa frota comercial, gostava de me sentar à proa e ver o caminho por onde íamos, não fosse o homem do leme errar o rumo. Para meu azar não havia pontos de referência, nem de dia nem de noite, era como se estivesse sempre às escuras. Com 20 anos de idade o homem tem a cabeça cheia de histórias e o meu grupinho de amigos mais chegados contava-as e revivia-as, ali na proa do Infante, e passávamos a ser actores dentro do mesmo filme. Bons tempos esses!
Ontem era o dia em que receberia a esmola que o Costa decidiu dar aos reformados. Pensei que poderia tirar umas férias no estrangeiro, mas nem para a viagem de ida chegava o dinheiro do aumento. Com o próximo aumento, espero atingir o valor da reforma original, aquele que me foi atribuido em Setembro de 2022 e que levou uma tremenda facada com a vinda da Troika.
Resultado, vou ficar por aqui, também já não sou amigo de grandes viagens e divirto-me mais na vossa companhia. A minha cara-metade adora aquele ditado que afirma: - boa romaria faz quem em sua casa fica em paz - portanto com ela também não posso contar. Eu só vou onde as minhas pernas me levarem, diz ele que tem horror de navios e aviões. O seu raio de acção tem como limite os 500 metros, o que só lhe permite ir à missa e ao mercado. De carros gosta pouco, de autoestradas não gosta nada, por conseguinte, o nosso destino é ficar em casa. Nem que o Costa me desse um aumento de mil euros isso viria alterar esta situação.
Estou à espera que o Benfica entre em grande na nova época, a equipa está em Inglaterra a estagiar e isso deve servir mais para mostrar os craques aos jornalistas lá da terra do que melhorar o físico dos nossos atletas. Mas isso pouco me interessa, sou apenas o treinador de bancada e só as bolas que entram na baliza contam para mim. Desde que na nossa baliza entrem menos do que na do adversário ... estamos bem. Vamos disputar uma série de jogos, antes de enfrentar o FCP para ver quem leva a Taça Cândido de Oliveira. Esse é o primeiro troféu da época e que já não vemos, há anos. Espero que Mister (em alemão diz-se Herrn) Schmitz consiga dar um novo rumo à História e levar a taça para o nosso museu..
Lá fora, brilha o sol, não está frio nem calor e nem corre uma pontinha de vento, coisa pouco comum na Póvoa, em Julho, quando as nortadas azedam as férias dos banhistas que nos procuram para passar as férias. Por isso eles preferem ir para o Algarve, mas aquilo está cheio de alforrecas e mais vale ficar por aqui para evitar umas queimaduras nas pernas que aquilo pica que se farta. Se me restasse um pouco de energia, ia até à beira-mar ver o espectáculo do costume, os biquinis pequeninos às bolinhas amarelas, como cantava aquela miúda moçambicana que era filha de um sargento da Marinha.
Mas não, vou ficar em casa a romper a televisão ou os olhos, veremos qual arreia primeiro,. O meu raio de acção está bem mais curto que o da minha parceira, da cozinha até à sala são apenas 10 metros e eu ando de cá para lá o dia todo, de segunda feira até domingo e a seguir vira o disco e toca o mesmo!
Não está nada mal, não senhora! Eu não faria melhor um auto-retrato!!! Vou espreitar no meu Youtube a ver se encontro, pelo menos, a versão sul africana.
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