O que eu devia fazer era livrar-me do carro e ficar-me a rir dos problemas que o «Costa da bomba» cria ao resto dos portugueses. É claro que ainda tenho os filhos e netos que ficam a penar, mas pelo menos eu saltava fora da equação. Actualmente, o carro dá-me mais dores de cabeça que vantagens. Ele fica, ali no parque, dias a fio, e para pouco mais serve que para ir às compras - duas vezes por mês - e dar uma volta ao domingo, de vez em quando. E as despesas são sempre certinhas, a começar no seguro, no IUC, na inspecção periódica, nas mudanças de óleo, se não surgir mais alguma coisa extra. É que os pneus também se rompem e a bateria tem uma duração limitada.
Esta coisa do petróleo começar a subir, de repente, assim como noutras vezes desceu até preços que ninguém acreditaria possíveis, não tem outra explicação a não ser a ganância de quem o vende e revende. Não foi há muitos anos que ele desceu até perto dos 20 dólares por barril, com muitos produtores a queixarem-se que o custo de exploração rondava os 40 dólares e estavam a perder dinheiro. Agora, já ultrapassou os 120 e não ouvi ninguém reclamar que estava a ganhar demais.
É tal e qual como a história do leite, aqui em Portugal, quem o produz recebe sempre o mesmo, entre 20 e 25 cêntimos por litro. Depois vem a embalagem, a distribuição e os lucros que se querem gordos para quem domina o mercado. Na minha zona acabou a agricultura em geral, cortaram-se as vinhas e só se semeia milho para forragens. O negócio é ter uma vacaria com duas dúzias de cabeças, tirar-lhe o leite, de manhã e à noite, e esperar que cada vaca dê os 40 litros diários. Com o que ganham pagam as rações, feno e palha (se não produzirem em casa o suficiente) e quem fica com os lucros são as grandes superfícies comerciais que mantêm o leite em promoções o ano todo.
O petróleo funciona da mesma maneira, quem o tira do poço pouco ganha, mas os intermediários vão inflacionando os preços, ao longo do caminho, entre o poço de onde sai e a bomba onde vamos atestar o depósito. E depois há os galifões, como o Costa e o seu Ministro das Finanças, que acrescentam uns "pozinhos" para tentar endireitar as contas públicas, para as quais não há dinheiro que chegue. Os impostos sobre os combustíveis, sobre o tabaco e as bebidas alcoólicas, para além da caça à multa nas estradas de todo o país, são um verdadeiro poço de petróleo que os nossos governantes descobriram.
Mas eu tenho a faca e o queijo na minha mão, basta-me vender o carrito e já me chulam mais. Ofereço uma gorjeta aos netos, de vez em quando, e peço-lhes para me levarem a passear. Fica muito mais barato!
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